Desalojados

Em meio à água, escola Dr. Edmar Fetter se torna o refúgio de moradores do Laranjal

Com o avanço das cheias, procura por abrigo no bairro aumentou; mães com filhos pequenos e idosos são a maioria dos acolhidos

Foto: Volmer Perez - DP - A maioria dos desalojados são famílias com crianças, que têm no abrigo a única opção de refúgio após a água invadir as suas residências

Sem uma casa de familiares ou amigos fora da área de risco para se alojarem, moradores do Laranjal contam com o acolhimento do abrigo montado na Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Edmar Fetter. A maioria dos desalojados são famílias com crianças, que têm no local a única opção de refúgio após a água invadir as suas residências. Com o aumento das cheias no bairro, o número de 117 abrigados, no início do dia, subiu para 141 na tarde desta sexta-feira (10). Além disso, os animais de estimação também são recebidos.

Graças a solidariedade da população, no abrigo havia alimentos o suficiente para o preparo de almoços, jantares e lanches da tarde. Ao chegar na escola, os abrigados recebem um kit de higiene pessoal, que inclui toalhas de banho e roupas secas, já que muitos chegam lá molhados após atravessar alagamentos. As famílias são acomodadas em um mesmo quarto e homens sozinhos em ambientes separados. Com o avanço das águas, na quinta-feira novos espaços foram abertos na escola, até o final da tarde desta sexta-feira, havia somente 15 vagas sobrando.

Foto: Volmer Perez


O retrato dos atingidos

Mães com filhos pequenos e idosos desacompanhados, essas eram a maioria dos rostos que se via dentro do abrigo. Uma dessas pessoas era a Ketlyn da Silva, 27 anos. Moradora da rua Nova Prata, um dos pontos mais críticos do Laranjal, ela saiu com os três filhos de casa na terça-feira, quando a água já estava na altura dos joelhos. “Perdi tudo. Há menos de um ano eu perdi na Barra [Pontal da Barra], aí fui para ali e acabei perdendo tudo de novo.” Apesar do ótimo acolhimento, Ketlyn declara que o único desejo é voltar para seu lar para limpar e reconstruir tudo de novo.

Outra mãe, também residente da rua Nova Prata, Andressa Lacerda, 26 anos, foi para o abrigo motivada pelos filhos, um menino de dois meses e uma menina de dez anos. “É horrível deixar todas as tuas coisas para trás, ver as coisas boiando. Eu entrei na minha casa ontem e tinha panela dentro do banheiro, o botijão boiando, eu só salvei as roupas das crianças”, conta.

O acolhimento

No total eram 29 crianças no local. Um espaço separado na escola foi destinado ao lazer dos pequenos, ali tatames foram colocados para os treinos de jiu-jitsu, que são ministradas todos os dias por professores voluntários. “Para que eles não fiquem na bolha do que está acontecendo e para que os pais tenham mais tempo para os pais conseguirem resolver suas pendências”, diz o voluntário Yuri Camargo, ao explicar que a ideia surgiu quando ele soube que parte de seus alunos tinham sido abrigados. “Eu consigo manter eles três horas em cima do tatame e isso é difícil de fazer em uma sala de aula convencional. Amanhã (sábado) vai ter ginástica artística também e aulas de alemão”.

Foto: Volmer Perez - DP


Os animais também não ficam para trás, na escola o cavalo de um acolhido estava acomodado no pátio, os gatos ficavam nos quartos improvisados e os cachorros nos canis que estavam sendo construídos por uma família de voluntários que arrecadaram pallets.

Foto: Volmer Perez - DP


Vagas de acolhimento

O secretário de Assistência Social, Tiago Bündchen, afirma que diante da demanda estão sendo abertas novas vagas em todos os abrigos, à exceção do ginásio da antiga AABB, que já está com capacidade de alojamento completa. Nos demais, sempre são mantidas vagas em aberto. Para isso, a estrutura é ampliada 24 horas por dia. O secretário observa que há mais um espaço reservado na cidade caso seja necessário abrir mais vagas. "Hoje ainda dispomos de cerca de 250 vagas nos abrigos geridos pelo Município", conclui.

Abrigados: 632 pessoas

Z-3 - 60 famílias - 158 pessoas
Laranjal - 30 famílias - 141 pessoas
AABB - 42 famílias - 127 pessoas
ESEF - 51 famílias - 132 pessoas
CAVG - 11 famílias - 23 pessoas
Terezinha FC - Cinco famílias - 21 pessoas
Cenáculo - Dez famílias - 30 pessoas

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