Resgate

Conservação e Restauração da UFPel auxilia a salvar acervos molhados pelas enchentes

Professores e alunos da graduação criaram diferentes frentes de trabalho para ajudar entidades e cidadãos

Divulgação PET-CR - Especial DP - O foco do trabalho é no salvamento de obras de arte em papel

Uma corrida contra o tempo. É assim que os professores do curso de graduação em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis
da Universidade Federal de Pelotas definem o trabalho de recuperação de acervos molhados pelas enchentes no Estado. A urgência é contra patologias como mofos, que podem danificar permanentemente um documento ou uma obra de arte. Atentos a essa problemática, os conservadores restauradores da UFPel criaram diferentes iniciativas, que estão auxiliando tanto museus, quanto cidadãos que residem nas comunidades mais atingidas pelos eventos climáticos do último mês.

Uma das ações está sendo desenvolvida, desde segunda-feira (3), por uma equipe de seis alunos do Programa de Educação Tutorial (PET), do curso, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), sediado em Porto Alegre. O trabalho, a convite da Secretaria de Estado da Cultura, vai salvaguardar cerca de três mil obras de arte em papel.

O primeiro contato com a coordenação do curso ocorreu há cerca de duas semanas, quando as águas do lago Guaíba começaram a baixar, conta a professora Andréa Bachettini, coordenadora do PET-CR. Infelizmente, todo o primeiro andar do Museu foi atingido com as águas, que chegaram a uma altura de 2,20 metros. Na última quarta-feira (29), representantes do curso foram ao local e firmaram o convênio.

Neste primeiro momento o trabalho está focado na higienização e secagem das obras. Posteriormente, será possível fazer outro tipo de intervenção, como um restauro. "A ideia é dar continuidade a alguns convênios que a gente tem e que, pelo menos, uma parte desse acervo venha ser tratado aqui", explica a professora de Conservação e Restauração de Papel Silvana Bojanoski. O trabalho está sendo desenvolvido pelos alunos do PT-CR, juntamente com a equipe do Museu.

Para otimizar o resgate desse material, a coordenação do curso conseguiu, através da Otroporto Indústria Criativa, uma doação da Sagres de 10 toneladas de placas de celulose, que vão ajudar na secagem dos papéis que foram encharcados. "Na sexta-feira, vamos mandar uma carga desse material para lá", conta Andréa Bachettini.


Grupo no WhatsApp

Mas nestas últimas semanas, a coordenação do curso recebeu outros pedidos de ajuda ou parcerias para recuperação de diferentes materiais atingidos pelas enchentes. Para auxiliar com informações pertinentes ao público em geral, foi criada a ação SOS Acervos UFPel. A iniciativa é da professora Silvana em parceria com a Associação de Conservadores Restauradores do Rio Grande do Sul (Acorrs), por meio da presidente da entidade, a conservadora restauradora Andréa Gonçalves.

A ação foi desenvolvida no momento em que as águas ainda estavam altas e os conservadores restauradores não podiam agir no resgate dos acervos. "A gente só pode atuar quando as águas baixam e não tem nenhum risco para as pessoas e as autoridades autorizam a entrada nos espaços. Apesar do risco ser relativo, porque ainda se tem o risco de contaminação", explica a professora.

Nesse momento foi criado um grupo no WhatsApp, até para colocar as pessoas em comunicação, saber quem estava com seus acervos inundados e precisava de ajuda. A iniciativa está com mais de 400 profissionais da área de conservação e restauração, vinculadas a acervos ou não e voluntários, como pesquisadores, do Brasil inteiro. "Reunimos um grupo de pessoas que conseguimos acionar rapidamente. A partir do grupo a gente pode compartilhar informações, mantendo as pessoas conectadas e aproximando quem precisa de quem pode ajudar", comenta Silvana.


Para todo cidadão

Um outro braço do SOS Acervos da Universidade atende os cidadãos comuns. Apreensivos com algumas orientações que chegavam ao público, que aconselhavam o descarte de todo o acervo das famílias que estivesse encharcado, os profissionais resolveram ajudar estas pessoas também. "De fato a contaminação é uma preocupação muito grande, porque é um material que pode conter bactérias, fungos, vírus."

Para auxiliar as comunidades o PET-CR começou a produzir vídeos com orientações básicas de para quem vai cuidar desse material. Estes audiovisuais podem ser acessados pelo @petconservacaoerestauro. O roteiro é feito com a supervisão dos professores e os vídeos, até agora foram produzidos dois, também terão a presença de um professor e um aluno. "A ideia é produzir esses vídeos para as pessoas que voltam para casa e vão encontrar seus livros, fotografias, revistas e documentos molhados. E o nosso primeiro alerta é que a pessoa se proteja, não manuseie esse material sem luvas, por exemplo."

O básico

A orientação básica é manusear esse material com luvas e lavá-lo suavemente em água corrente. Já a secagem é a mais simples possível: em um ambiente seco e ventilado (ventilação indireta). Nunca colocar ao sol ou usar o secador de cabelos.

Junto com esses vídeos o grupo está divulgando o e-mail [email protected]. De acordo com a professora, pessoas de diferentes partes do Estado estão buscando informações através desse contato. "Já chegou um pedido de um artista que estava com com quadros molhados. Ou a gente responde o e-mail ou marca uma reunião on-line para dar essa orientação básica", explica a professora.

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