Feira do livro

Último final de semana para aproveitar a festa da literatura

Na praça Coronel Pedro Osório, 48ª edição da Feira do Livro de Pelotas oferecerá ao público cerca de 20 ações culturais gratuitas

Foto: Carlos Queiroz - DP - Leitores têm até a próxima terça-feira para visitar a feira

Por Ana Cláudia Dias
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Quem ama está lamentando, mas não tem jeito, este é o último final de semana da 48ª Feira do Livro de Pelotas, momentos finais para quem quer comprar aquele título desejado por um preço especial, passar horas entre um estande e outro decidindo as melhores opções de leitura, encontrar amigos em um entretenimento cultural ou aproveitar algumas das quase 20 ações que ocorrerão somente entre esse sábado e domingo. Basta se programar, as atividades na praça Coronel Pedro Osório ocorrem das 13h às 20h, além das oficinas no bistrô da Secretaria de Cultura, no Casarão 2 da praça.

A Feira, que ficou dois anos ausente em função da pandemia, será encerrada na terça-feira, feriado do 15 de novembro, Dia da Proclamação da República. Ao longo dessas duas semanas e meia, desde que começou dia 28 de outubro, terá disponibilizado mais de 120 atividades, entre oficinas, apresentações artísticas, contação de histórias e encontro com os autores, entre outros eventos, sem contar as sessões de autógrafos, que contabilizaram cerca de 90 lançamentos.

A presidente da 48ª edição, a empresária Elisabete Lovatel, da Câmara Pelotense do Livro, entidade realizadora do evento, em parceria com a prefeitura de Pelotas, percebe que o público aprovou o novo formato com uma programação que colocou escritores não apenas para autografar suas obras, mas também para conversar com o público, dentro e fora da praça. Sim, porque alguns dos convidados, tiveram encontros com alunos de escolas públicas e privadas, nos seus ambientes de estudos, como o que aconteceu com o autor paulista Igor Pires, de Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente e Textos para tocar cicatrizes, lançamento da editora Globo, na semana que passou.

 “Tivemos várias conversas que foram muito bacanas, digo em termos de profundidade do que foi conversando, proporcionando que as pessoas ficassem com vontade de ler aquela obra. O que era o nosso objetivo. Os autores também gostaram de receber as pessoas na tenda de ter esse bate-papo, isso funcionou superbem”, avalia Elisabete. Apenas o horário, às 20h, deve ser reavaliado para próxima edição, isto porque os organizadores perceberam uma retração do público a partir das 19h30min, provavelmente em função do clima, visto que este ano a Feira foi acompanhada por mais dias frios, especialmente à noite.

As sessões de autógrafos que também ganharam uma fala do autor sobre a sua obra e agradaram os visitantes. “Isso faz com que a venda do livro também melhore, foram situações bem positivas que aconteceram.” Outra percepção foi de que o público foi despertando para o evento com ele acontecendo, para a presidente da Câmara se a organização tivesse tido mais tempo para divulgar o evento, o resultado seria melhor. “Nesse sentido começamos a preparar a Feira do ano que vem, vamos fazer um projeto para a LIC”, comenta.

Sobre as vendas, Bete Lovatel avalia como boas, mas não excepcionais. “Dentro do contexto que temos vivido, a gente consegue perceber que as pessoas ainda estão um pouco inseguras.”

Com o tema Uma cidade, muitas histórias e focada no estímulo ao hábito de ler, o evento ofereceu muitos espetáculos com temas de livros infantis, como o Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry, e O gato malhado e andorinha Sinhá, de Jorge Amado, que caíram no gosto do público alvo. “Essas coisas são bacanas, vincular outras formas de as histórias chegarem ao público”, diz.

Segundo a livreira ainda ocorrerão muitas atividades na praça e vale a pena aproveitar o feriado em família. “A gente ainda percebe que várias pessoas não foram, seria bacana que as pessoas se organizassem pra ir, porque dia 15 é o último dia. Para que a pessoa não diga que ficou dois anos sem e já terminou. Foram 19 dias na praça, não deixe passar a Feira do Livro, o nosso convite é esse.”

A falta de tempo é o tema
Neste sábado a programação do evento terá, entre outras atividades duas edições do Conversa com Escritores, uma às 17h e outra às 20h. O primeiro encontro é com a autora Izabella Camargo, jornalista, apresentadora e palestrante, autora do best-seller Dá um tempo! (editora Globo Livros), promotora de autocuidado, produtividade sustentável e prevenção da síndrome de burnout, que vai abordar o tema Dá um tempo - Como encontrar limites em um mundo sem limites.

Oriunda do Rio de Janeiro, Izabella trabalhou como apresentadora e repórter na TV Globo, Band e SBT e já viveu situações tão estafantes a ponto de acreditar que as 24 horas do dia, ao menos para ela, eram insuficientes e, pior, a jornalista passou a questionar se o dia não estava mesmo diminuindo. “Quando eu trabalhava na TV Globo, em 2017, eu fui em busca dessa resposta, se o tempo estava passando mais rápido ou se nós estamos passando mais rápido pelo tempo”, conta a escritora.

A autora reflete sobre o tema no livro Dá um tempo!. Segundo Izabella o conteúdo se divide em muitas partes, porque para falar sobre as percepções do tempo deve-se olhar por diferentes vieses, porque nem todo mundo sente que o tempo está passando rápido. “Pessoas que estão doentes, que estão numa fila esperando um transplante, mas para quem está em movimento trabalhando o tempo pode parecer estar mais rápido”, diz.

Na sua pesquisa a autora conversou com físicos e astrônomos, para saber se existia alguma alteração temporal. Entretanto teve a confirmação que o tempo da natureza continua igual. “Uma hora ou outra vem uma teoria, como a ressonância Schumann, mas não há evidências. Mas daí tu vais me dizer que ouviu outro dia que o ano passado terminou com alguns milésimos a menos, mas não é isso que faz a gente sentir que o tempo está passando mais rápido”, argumenta.

Também não poderiam faltar as avaliações de psicólogos, psicanalistas e psiquiatras para entender porque os seres estão fazendo mais coisas dentro das mesmas 24 horas. O que a levou para uma outra linha de pesquisa, a tecnológica. “A tecnologia mudou os transportes e a comunicação e como isso influencia a nossa percepção.”

Todas essas conclusões estão no livro, porém mais do que provocar reflexões a autora quer também ver ações. “Não adianta a gente brigar com o tempo, achar que a natureza está contra nós. Não, não tem ninguém contra nós.” De acordo com Izabella um dos cuidados que se deve ter é quanto a medição do tempo, que a jornalista alerta ser artificial. “Quanto mais precisos ficamos na medição do tempo mais sob pressão nos sentimos.

Mas o que faz com que uma pessoa sinta o voar das horas é o que ela faz com o próprio tempo, adverte. “A evolução da tecnologia nos permite fazer mais coisas dentro do mesmo período. “As 24 horas de hoje são as mesmas do século passado, mas a percepção desse período vai mudar de acordo com o que estamos fazemos ou na cidade onde vivemos.” No livro a autora chama o leitor à auto responsabilidade sobre a gestão do tempo. “A gente que tem a ilusão de querer fazer mais coisas e achar que isso não tem consequências”, fala.

Para ela, a chave do problema é colocar limites, especialmente em ambientes profissionais. “As pessoas podem pedir para nós as coisas mais indecentes, mas cabe a você colocar limites.” E a autora dá o exemplo do WhatsApp, que é uma ferramenta muito utilizada para trabalho, para ela é urgente se colocar horário de funcionamento ou alguma orientação a respeito. “Na minha opinião o que a pessoa mais vai aprender no livro é sobre os contratos de tempo.” Para isso ela entrevistou 150 pessoas que contam como eles foram construindo um respeito pelo próprio tempo.

Outros destaques
Ainda no sábado, às 19h, a programação segue intensa com autores conversando com o público, autografando e levando música para a Feira do Livro, tudo isso na Tenda Cultural. Um destes escritores é o pelotense Rodrigo dMart, que apresenta suas recentes publicações. dMart é autor da graphic novel Um outro pastoreio (2010-2020), com o ilustrador Índio San, escolhido entre as 100 mais relevantes publicações do gênero, pelo Ministério das Relações Exteriores e Bienal de Quadrinhos de Curitiba, do livro ilustrado poético O último homem na lua (2012), com Antônio Augusto Bueno, vencedor do Fumproarte, em 2011; e o infanto-juvenil Zeca Bum - Chaminé não é vulcão (2019), editado pelo Procultura de Pelotas e vencedor do Prêmio Minuano em melhor ilustração e finalista do Prêmio ARL, da Associação Rio-grandense de Letras.

A escritora pelotense Luciana Konradt, após participar, na última quarta-feira, da Feira do Livro de Porto Alegre, estará em Pelotas, às 19h, para sessão de autógrafos de seu último livro, Boiada de elefantes e outras histórias curtas. A obra, que saiu pela editora Cinco Gatas, foi lançado em setembro e está à venda na Livraria Vanguarda.

A historiadora e professora aposentada Helena Heloísa Manjourany Silva também autografa na Feira. A cronista apresenta o livro As brumas de Pelotas (170 páginas, Pragmatha), lançado de forma virtual no início deste ano. A obra de estreia da pelotense no universo literário traz mais de 50 contos e crônicas ficcionais inspiradas em fatos, prédios e monumentos históricos da terra natal.

Sarau das facas
O artista plástico, escritor e editor Alfredo Aquino, da Edições Ardotempo, capitaneia o Sarau das Facas, atração do Conversa com Escritores, às 20h. O evento vai levar ao público da 48ª edição lançamentos, sessão de autógrafos e música com a presença de sete autores da Zona Sul do Estado. Destaque para o livro F.A.C.A.S - Contos escolhidos (Ardotempo), que leva ao leitor sete autoras e sete autores, além de incluir um ensaio imagético de Ellis Vasconcellos, a oitava autora, que estará na praça.

A programação inclui ainda outros lançamentos da Ardotempo, Soterrados (64 páginas) poesia e arte, com pinturas e desenhos de Alfredo Aquino e Um país além dos mapas (224 páginas), ambos de Martim César. Também serão autografados A forja do Salus, romance de 160 páginas, de João Félix Soares Neto, além de A história de Abel (144 páginas) e A taça do mundo eh nossa!, de Luiz Carlos Vaz, Andar térreo (224 páginas), de Paulo Rosa, Não abrir os olhos, de Alfredo Aquino e duas obras de Cleonice Bourscheid, Ave Tekoha e Curumim. O sarau será acompanhado pelo músico Maurício Barcellos.

Imersão no autoconhecimento
A Conversa com Escritores deste domingo será às 19h, na Tenda Cultural, e levará à praça a escritora Cristina Biscaia, que lança O poder do autoamor - Para mulheres que estão exaustas de priorizar os outros (editora Gente). Além de autografar a obra, a autora ainda fala ao público sobre a temática levantada pela publicação: a importância de uma imersão profunda no autoconhecimento, como uma forma de desatar os nós de traumas que a impedem de atrair relações saudáveis e de encontrar a felicidade dentro de si mesma.

A poeta, escritora e roteirista, nascida no Rio de Janeiro, começou a escrever poesias na adolescência, por influência familiar. Cursou direito e é Mestre em Direito da Propriedade Intelectual - pela Munich Intellectual Property Law Center - Alemanha. Em 2011, lançou o livro Peregrina, pela editora Íbis Libris, Em 2013, lançou seu segundo livro Amor depois do amor.

Programação
Sábado
14h/16h - A Oficina de Simões - com Flávio Dornelles (Público alvo: a partir de 10 anos), na Secult/Bistrô /Pátio
14h - Associação de Pais de Down (Apadpel) faz exposição e comercialização de trabalhos, Tenda de Atividades
14h - Hora do Conto, com o Movimento Artístico Literário de Valorização (Malv), na Tenda Cultural
15h - Fatec, Hora do conto - com Merlin o Mago, na Tenda Cultural
15h/16h - Jogos teatrais e contação de histórias, com Charlie Rayné, do Studio Atores de Pelotas (Público alvo: crianças
a partir de 7 anos), na Secult/Bistrô /Pátio
16h - Do livro ao palco, com Aline Maciel, processo de adaptação do livro O gato malhado e a andorinha Sinhá, de Jorge Amado, na Tenda Cultural
16h/17h - Jogos teatrais e leituras dramatizadas, com Charlie Rayné (Público alvo: a partir de 16 anos), na Secult/Bistrô /Pátio
17h/18h - Conversa com Escritores, com Izabella Camargo, na Tenda Cultural
19h - Sessão de Autógrafos Obras e Autores, na Tenda Cultural
20h - Conversa com Escritores - Sarau das facas, na Tenda Cultural

Domingo
14h - Malv apresenta peça educativa (trânsito) A revolta do sinalzinho vermelho, na Tenda Cultural
16h - Studio Atores de Pelotas apresenta Dudu contra a Gordurosa, na Tenda Cultural
17h - Academia Pelotense de Letras apresenta De frente com autores, na Tenda Cultural
18h - Atividades Literárias Coletivo Autores de Pelotas (CAP) e convidados fazem leituras dramatizadas, na Tenda Cultural
19h - Conversa com Escritores com Cristina Biscaia fala sobre O poder do Autoamor _ para mulheres que estão cansadas de priorizar os outros, na Tenda Cultural


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