Patrimônio

Acervo restaurado volta à sede do governo do Estado

Pinturas de cavalete do século 20 retornam ao Palácio Piratini para serem apresentadas ao público

Carlos Queiroz - DP - Autoridades participaram do ato de entrega das obras ao governador

A direção do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo e do curso de Conservação e Restauro de Bens Culturais, da Universidade Federal de Pelotas, oficializaram a entrega das 17 pinturas de cavalete do Palácio Piratini, agora restauradas, ao Governo do Estado. A cerimônia, que contou com a presença do governador, Eduardo Leite (PSDB), e da vice-reitora da Universidade, professora Úrsula Rosa, entre outras autoridades municipais e do Estado, ocorreu no final da manhã de sábado.

As obras oriundas do acervo do Estado estiveram nos últimos dois anos sendo restauradas por um grupo de alunos coordenados pela professora/doutora Andréa Lacerda Bachettini. Desde março as pinturas, datadas do início até a metade do século 20,  estavam em exposição no Malg/UFPel e agora retornam ao Palácio Piratini, onde serão expostas ao público. 

Posteriormente, retornarão às paredes onde estavam. A exemplo de uma das protagonistas da mostra, obra do patrono do Museu, Leopoldo Gotuzzo, que voltará ao gabinete do governador, na ala residencial, onde ela estava.

O projeto surgiu em 2020 para as comemorações do centenário do Palácio Piratini. Com a pandemia não foi possível planejar as ações presenciais e a proposta de parceria precisou ser adiada. Em 2021 os gestores retomaram as tratativas e, em 2022, as pinturas foram trazidas para Pelotas. “Isso tudo só aconteceu porque as pessoas envolvidas quiseram que acontecesse, não foi fácil assumir um trabalho dessa magnitude e responsabilidade”, disse a professora Andréa. 

Participaram do trabalho de restauro, que envolveu Extensão, Pesquisa e Ensino, 25 alunos. Dessa experiência resultaram seis Trabalhos de Conclusão de Curso. Três destes TCCs conquistaram prêmios de ciência no congresso que reúne toda a produção científica da Universidade. A maioria das obras são de importantes artistas gaúchos, como Leopoldo Gotuzzo, Benette Casareto Motta, Guido Mondin e Libindo Ferraz, além de pintores de fora do Brasil, como Wagami e Ângelo Guido. 

Antes da visita do governador à exposição, a professora Andréa Bachettini lembrou, ao público, que as primeiras parcerias entre o curso, que este ano completa o 15º aniversário, e a gestão pública começaram em 2012, com o restauro de peças do Museu da Baronesa, e posteriormente em 2013, foram restauradas 12 pinturas do Paço Municipal, ainda na gestão de Leite como prefeito de Pelotas. A proposta foi conduzida pela Secretaria de Cultura, na época conduzida por Beatriz Araujo, atual secretária de Estado da Cultura. 

“Hoje foi o ponto máximo de um projeto que se encerra com esta exposição e de uma parceria que deu muito certo”, falou o diretor executivo de Conservação e Memória do Palácio Piratini, Mateus Gomes. Para Gomes, as duas instituições ganharam com o projeto. “Com o Estado recebendo o acervo qualificado para que ele possa atravessar mais gerações e a Universidade através da produção científica. A partir de hoje (sábado) estamos programando mais ações junto com a Universidade, justamente pela sinergia tão prazerosa que foi este trabalho.” A exposição em Pelotas se encerrou neste final de semana.

Acréscimo à história da arte no RS

Presente no evento, a vice-reitora, professora Úrsula Rosa, falou sobre a importância da vivência que os alunos tiveram com essa experiência. A professora ainda comentou a sobre a relevância das obras que foram restauradas. “Não são meras pinturas”, disse a também pesquisadora, que apresentou tese de doutorado sobre a crítica de arte no Rio Grande do Sul. “O primeiro crítico de arte do RS foi Ângelo Guido, aqui tem duas paisagens dele. De certa forma ele é o responsável por essa seleção”, falou a vice-reitora.

Ângelo Guido escreveu sobre arte, entre os anos de 1928 e 1963, no Diário de Notícias, relembrou a professora. “Ele ditava para as autoridades públicas, da prefeitura e do governo, as obras que seriam melhor apresentadas como aquisição pública. Esse olhar e essa seleção, de alguma forma, foram feitas por Ângelo Guido”, falou. 

Para Úrsula essa restauração não tem só um significado importante em termos de preservação do patrimônio, ela ainda é muito valiosa para a história da arte no Rio Grande do Sul. “Todos esses trabalhos de pesquisa feitos aproveitando esse patrimônio vão trazer cada vez mais evidências da nossa história da arte. E isso, para nós é um orgulho que a Universidade Federal de Pelotas tenha promovido.”


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