Evento
A partir desta segunda, Pelotas passa a viver o Festival Internacional de Música
Em sua 11ª edição, evento promovido pelo Sesc, um dos mais aguardados do calendário do Município, começa a oferecer apresentações gratuitas até o próximo dia 27 em diferentes locais.
Eduardo Rocha - Música barroca está na raiz do chamamé
O 11º Festival Internacional Sesc de Música começa nesta segunda-feira (16) em Pelotas. Ao longo do 12 dias, além de fomentar o intercâmbio artístico/musical por meio dos cursos, vai proporcionar à comunidade mais 60 espetáculos gratuitos realizados em diferentes ambientes e pontos da cidade. A partida será dada no final da tarde, às 18h, quando ocorrerá o cortejo musical. À noite, marcada para as 20h30min, no Theatro Guarany, ocorrerá a apresentação do primeiro concerto da temporada, (L)Este, com o acordeonista argentino Alejandro Brittes, acompanhado por orquestra de câmara barroca.
O cortejo musical já virou tradição, Para quem não lembra, é aquele momento em que músicos do evento saem pelas ruas do Centro Histórico se revezando na interpretação, em geral, de canções populares, dando conhecimento à comunidade que o Festival Internacional Sesc de Música começou. A ação, que é ainda um convite ao público para que prestigie as apresentações, tem saída do Largo do Mercado Central. O evento se encerrará no dia 27 deste mês.
A origem do Chamamé
Pela primeira vez no Festival, o acordeonista, compositor, pesquisador e intérprete de música do litoral Argentino Alejandro Brittes apresenta em Pelotas (L)Este. O concerto foi criado a partir do álbum homônimo lançado pelo músico no final do ano passado. Na obra o músico promove um encontro entre o chamamé e uma das suas raízes, a música barroca. "É um projeto em que faço a minha música com a incorporação de uma orquestra de música barroca ", diz.
Brittes conta que há 12 anos vem pesquisando a origem do chamamé, um estilo musical muito tradicional na Argentina e apreciado também no Rio Grande do Sul. Essa expressão musical traz consigo ainda elementos das culturas indígena guarani e afro. "Eu encontrava as semelhanças, os giros melódicos, rítmicos que eu percebia desde o verso no chamamé e me encontrei familiarizado com essas giras musicais quando passei a estudar música erudita em Buenos Aires."
O instrumentista conta que a música barroca foi trazida pelos jesuítas. "Esse encontro se deu nessa macrorregião: as Missões, na Argentina, Paraguai. Esse encontro com o guarani que é um povo extremamente musical , que o cotidiano tem a ver com a música, o seu entendimento do mundo em si, tudo tem a ver com música. Era um povo extremamente musical que rapidamente acolheu a música barroca por diferentes motivos", conta.
Findado o projeto missionário dos jesuítas toda essa informação cultural foi absorvida e transformada em folclore local. "O nosso povo originário aprendeu a fazer instrumentos, a tocar, cantar em corais, aprendeu as danças pré-coloniais e coloniais, informações que foram passadas oralmente de geração em geração e foram se transformando em nossos gêneros musicais, como o chamamé, como lá polca paraguaia", comenta.
Foram essas descobertas que instigaram o músico a fazer música regional com arranjos e essas nuances da música barroca. Para o álbum Brittes compôs as músicas, algumas com os parceiros, como Odair Teixeira. Depois buscou alguém que pudesse fazer arranjos para a música Barroca, tarefa que ficou para o cravista Fernando Cordella. "Cordella é um cravista e uma das jovens referências na América Latina em música barroca", fala Brittes.
As gravações ocorreram em maio do ano passado e o lançamento foi realizado em dezembro do ano passado. "Esse é o nosso segundo concerto, o primeiro foi em Nova Prata, estou realmente feliz de poder apresentar esse trabalho na 11ª edição do Festival e no Theatro Guarany, que é um palco maravilhoso que podemos compartilhar a nossa música, não só para a cidade de Pelotas, mas também para músicos de todo o mundo, que chegam para o Festival", comenta o acordeonista.
Palco
O concerto, (L)Este é pura sinergia, experiência, pesquisa e conexão com a história musical do sul da América Latina. O espetáculo possui uma orquestração primorosa entre instrumentos típicos em diálogo com os instrumentos barrocos composto por, Fernando Cordella (cravo), Giovani dos Santos e Márcio Cecconello (violinos), Javi Balbinder (oboé), Diego Schuck Biasibetti (violoncelo e viola da gamba), Ricardo Arenhaldt (percussão), André Ely (violão de sete cordas), Carlos de Césaro (contrabaixo) e Alejandro Brittes (acordeón).
Brittes conta que os instrumentos são de réplicas do período Barroco. O músico destaca, por exemplo as cordas do violoncelo e da viola da gamba são feitas de tripa pelo próprio Diego Biasibetti. "É toda uma sonoridade que remete ao século 17 e a nossa sonoridade habitual chamamecera, que podemos escutar num galpão de campanha, aqui no Brasil, como na Argentina ou no Paraguai", explica o músico.
Para prestigiar o evento é necessário ter ingresso, que foi previamente distribuído na semana passada. Quem ainda quiser tentar uma cadeira neste concerto precisa ir até o Theatro Guarany, uma hora antes do evento, quando haverá um número limitado de ingressos. Sugere-se a doação de um quilo de alimento não perecível por pessoa para o programa Mesa Brasil Sesc.
Serviço
O quê: 11º Festival Internacional Sesc de Música
Quando: de segunda-feira (16) a 27 deste mês, em Pelotas
Ingressos: entrada gratuita para todos os espetáculos, mas para as apresentações no Theatro Guarany e no Teatro Sicredi, é necessária a retirada antecipada de ingressos na rua Lobo da Costa, 849, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h30 às 18h30min
Sugere-se a doação de um quilo de alimento não perecível por pessoa para o programa Mesa Brasil Sesc.
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