Patrimônio

Piano de concerto está de volta ao palco do Sete de Abril

Essenfelder de 1947 foi levado para o Theatro pelo próprio restaurador e pianista Rogério Resende

- Essenfelder de 1947 foi conduzido pelo restaurador

O piano de concerto Essenfelder do Sete de Abril é a primeira grande atração do palco do centenário teatro pelotense. Depois de passar por um restauro completo, ele foi entregue na manhã desta segunda-feira (16) pelo pianista, afinador e restaurador Rogério Resende, da Casa do Piano. O instrumento construído no Brasil em 1947 levou 15 meses para retornar a sua plena forma e chega como um presente no dia em que o Theatro abre as portas para os ensaios dos músicos do 11º Festival Internacional Sesc de Música.

Mesmo pesando cerca de 600 quilos distribuídos entre os 2,75 metros de comprimento, o piano de cauda inteira não deu trabalho para Resende, que sozinho trouxe o instrumento de Brasília. A facilidade é graças a utilização de um equipamento que move e levanta pianos de diferentes formatos. A entrega contou com a presença da prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), do diretor do Sete, Giorgio Ronna, e do secretário de Cultura (Secult), Paulo Pedrozzo, entre outros.

Resende é pelotense radicado em Brasília há quase 50 anos e, apesar da distância física, segue com o coração em Pelotas. Feliz com o trabalho desenvolvido com a ajuda de mais três pessoas, a filha e dois funcionários, o restaurador diz que esta é a restauração mais importante da vida dele, porque foi feita para um patrimônio da sua cidade natal. A Casa do Piano é referência neste tipo de trabalho, tanto no Brasil, quanto fora do país. 

Para realizar a obra, Resende teve de importar peças na Alemanha, de onde vieram as originais, e até mesmo construir algumas fabricadas por ele mesmo, como as cordas. O restaurador ainda vai ficar em Pelotas, por cerca de 10 dias. O objetivo é dividir esse tempo entre a família que mora no município e o piano, que ainda precisa dele. Resende quer quer acompanhar a ambientação do Essenfelder ao clima pelotense novamente. “Tem toda uma acomodação climática, ele sai de Brasília que tem um clima muito seco e aqui extremamente úmido. Ele precisa de uma aclimatação que eu vou acompanhar. Preciso dar um tempo para que eu faço uma checagem geral.”


Emoção na entrega

Bem embalado para a viagem de van, a beleza do piano foi sendo desvendada lentamente. As camadas de cobertores e plásticos foram sendo removidas tanto por Resende quanto pela prefeita. “Meu coração tá acelerado”, confessou o restaurador. Depois de desembalado e pronto para emitir as primeiras notas, o instrumento arrancou aplausos da pequena plateia que se formou no Theatro para acompanhar o processo.

Resende fez questão de tocar o Essenfelder pela primeira vez depois de voltar ao palco do Sete. A composição escolhida, Emoções, dos cantores e compositores Roberto Carlos e Erasmo Carlos, traduzia os sentimentos do restaurador naquele momento, confessou.

Paula Mascarenhas disse que ficou muito emocionada de ver o piano voltando para casa. “Tô muito feliz de ver o piano voltando pra casa nas melhores condições e nesse espaço maravilhoso, que tem uma acústica espetacular. A gente fica feliz de ver o Sete de Abril voltando em toda a sua potência, sua beleza e alcance. A gente vai ter o nosso teatro como potencializador de todos os nossas capacidades artísticas, uma política cultural que vai se organizar a partir desse espaço que é de todos os pelotenses.”


Uso apropriado

O professor do Centro de Artes da UFPel Germano Gastal Mayer foi o segundo a ter o privilégio de tocar o antigo Essenfelder no Sete. “É um misto de emoção, curiosidade e satisfação. A gente poder tocar nesse teatro depois de tanto tempo fechado e com a perspectiva de abertura nos próximos meses”, disse o pianista. 

Mayer conta que já tinha tocada este mesmo piano, há mais de 15 anos. “Tenho uma memória bem viva de como esse piano estava, agora vendo como ele está agora é muito bom saber. O Rogério fez um trabalho maravilhoso. É um piano construído no Brasil, nós pianistas conhecemos bem os Essenfelder, sabemos das suas qualidades e limitações, eu percebo bem que ele está em excelente estado de manutenção, fora a beleza do acabamento, em termos estéticos é um piano novo”, comenta.

Para o professor é obrigação dos pianistas fazerem uso apropriado deste piano em todas as formas e estilos de música. Mayer não quis adiantar, mas comentou que tem um projeto envolvendo os alunos da UFPel e espera poder colocar em prática o mais breve possível. “Esse teatro é maravilhoso, pode sentir a acústica dele, tô muito feliz.”

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