Violência
Mulher é morta e tem o corpo queimado em Pelotas
Feminicídio é registrado um dia depois que Gitep e Nosotras lançam análise dos índices de violência contra a mulher na região
Divulgação - Polícia Civil, a través da Deam, está investigando a participação de mais pessoas no crime
Uma mulher de 25 anos foi morta nesta terça (22) com um tiro e depois teve o corpo queimado pelo companheiro, de 27 anos, que está preso. O terceiro feminicídio de Pelotas foi registrado no 4º Distrito (Colônia Triunfo) e aconteceu um dia depois da divulgação do boletim informativo do Observatório Nosotras, com dados de práticas que envolvem a violência contra a mulher. O documento traça uma comparação entre amostras referentes ao ano de 2022 e ao primeiro semestre de 2023, produzindo um recorte com foco central nos 22 municípios abarcados pelo Conselho Regional de Desenvolvimento da Região Sul (Corede-Sul).
Realizado por membros do Grupo Interdisciplinar de Trabalho e Estudos Criminais e Penitenciários da Universidade Católica de Pelotas (Gitep/UCPel), o relatório analisou os dados gerais que abrangem a incidência dos cinco tipos penais monitorados e sistematizados pelo Observatório da Violência Contra a Mulher da SSP/RS: ameaça, lesão corporal, estupro, tentativa de feminicídio e feminicídio consumado.
De acordo com o documento, a interpretação dos dados envolvendo estes crimes permite, além da análise comparativa, a identificação de dimensões sensíveis que poderão orientar intervenções efetivas por parte das instituições públicas e organizações da sociedade civil para o enfrentamento deste fenômeno social da violência contra a mulher. Como no caso da vítima Leandra Vitória Franco Rossales da Silva, morta com requintes de crueldade. De acordo com a titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), Márcia Chiviacowsky, o relacionamento do casal era recente e não havia boletim de ocorrência em relação aos dois. “No entanto, o autor tem passagem por tráfico de droga e de violência doméstica, mas não a essa vítima”.
Alerta
A violência contra as mulheres é um problema alarmante constatado em todos os municípios do Corede Sul, segundo o boletim. O aumento das ocorrências na região também provoca preocupação - o primeiro semestre de 2023 já registra 59,3% do total de casos de lesão corporal e 62% dos casos de ameaças do ano passado. “O alto número destes dois indicadores criminais chamam muita atenção porque, muitas vezes, são ações que irão evoluir para casos mais graves”, analisa a docente da UCPel e também editora do boletim, Christiane Freire.
O número de feminicídios e de estupros se mostram igualmente preocupantes - somente em Pelotas, já aconteceram, em 2023, três feminicídios e 36 casos de estupro. A cidade encabeça a lista dos municípios mais violentos da região quando as vítimas são mulheres, principalmente em relação à violência sexual. Nesta modalidade de crime, são 45,5% dos casos da região até agora, um pouco acima do percentual regional que o município representou em todo o ano anterior (43,7%).
Objetivo
A divulgação desses números se faz necessária para que setores públicos, a sociedade civil, movimentos sociais e o setor da educação comecem a pensar em um enfrentamento preventivo. “Porque a maioria das políticas que nós temos atacam a conseqüência da violência”, destaca a coordenadora do Observatório, Vini Rabassa da Silva. A prevenção também é mencionada por Marina e Christiane, ambas acreditam que uma integração dos municípios da zona sul pode ser importante para a redução da violência, principalmente se houver um foco na prevenção.
Corede Sul 22 municípios
Tipo de delito 2022 2023/1 comparativo %
Feminicídio tentado 12 6 50%
Feminicídio consumado 7 4 57,14%
Estupro 153 79 51,63%
Ameaça 1984 1224 61,69%
Lesões corporais 1393 826 59,30%
Fonte: Nosotras/SSP
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