Agroindústria

Composto de erva-mate com folhas de oliveira chega em breve aos consumidores

Doutoranda da área de alimentos desenvolveu o produto utilizando a folha residual do processamento da azeitona

Foto: Divulgação - DP - Ao secar e moer as folhas, Alice notou a semelhança com a erva-mate

Um novo produto deve estar disponível aos consumidores em breve. Trata-se de composto de erva-mate com folhas de oliveiras, fruto de trabalho da doutoranda Alice Pereira Lourenson, de 26 anos, do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFPel. O produto está pronto para o mercado, com a patente devidamente depositada e no aguardo da liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A expectativa é de que o lançamento ocorra nos próximos meses e seja realizado em Pelotas.

A liberação pela Anvisa ainda não ocorreu porque a folha de oliveira não consta como alimento na lista da Agência, explica. “Acredito que não haverá problemas com a liberação já que não se trata de um produto tóxico, comprovado por testes de fitotoxicidade”, diz. Além disso, há estudos que comprovam os benefícios da folha da oliveira para a saúde, entre eles, de ser antioxidante, antiinflamatório, reduz os níveis de colesterol, auxilia na perda de peso e é cardioprotetor, ressalta.

Segundo ela, trata-se também de produto bom sensorialmente pois foram feitas análises sensoriais com consumidores e que tiveram índices de aceitabilidade acima do esperado. Já existe um lote pronto, que é analisado mensalmente em relação a antioxidantes e carga microbiana a fim de oferecer um produto seguro. “Foi escolhida a embalagem à vácuo por apresentar dois anos de validade. “O que se espera é que com um ano e dez meses de prateleira, o produto ainda tenha os benefícios de quando foi produzido”, ressalta.

Uma das fases mais dificeis segundo a doutoranda foi chegar à proporção correta de folhas e depois redigir e fazer as análises para a patente.”Era preciso conhecer o que estava acontecendo na folha para poder registrar e proteger a patente”, diz

O início

Formada em Gestão Ambiental, tudo começou no último ano da graduação, quando foi contemplada com uma bolsa de inovação tecnológica e começou a trabalhar com olivicultura. “A minha orientadora sugeriu o desenvolvimento de um produto com o bagaço da azeitona, outro resíduo agroindustrial da olivicultura”, explica a doutoranda. Mas em uma das suas idas à fábrica, a grande quantidade de folhas descartadas no processo lhe chamou a atenção. “Perguntei o que faziam com tantas folhas e me responderam que eram devolvidas ao olival como cobertura verde, único destino até então encontrado para os resíduos”, explica. Segundo ela, em apenas um dia conseguiu juntar 800 quilos de folhas somente na indústria. Sem contar o volume retirado do pomar por ocasião da poda do olival.

Ao levar um pouco das folhas para o laboratório para análise, após secar e moer achou muito parecido com erva-mate. “Após a graduação fui incentivada a entrar no mestrado como já estava trabalhando com o setor agroindustrial me inscrevi para o mestrado em desenvolvimento territorial de sistemas agroindustriais”, explica. Segundo ela, nessa altura ela tinha convicção do que pretendia: desenvolver um produto, um composto de erva-mate com folhas de oliveira.

“Estava muito claro na minha mente: queria algo que eu pudesse ver daqui a alguns anos e que trouxesse retorno às pessoas, afinal a universidade é pública é subsidiada pela população, através dos impostos, diz. Ao mesmo tempo, seria dado um destino aos resíduos da indústria, o que foi ao encontro da sua profissão de gestora ambiental. “Eu só não tinha muita prática na área de alimentos, pois até então o mestrado não era nesta área”, diz.

O comitê de orientação é formado pela orientadora Márcia Arocha Gularte e pelos co-orientadores Fernanda Medeiros Gonçalves e Mário Duarte Canever. Para desenvolver o projeto foi realizado acordo de cooperação com a empresa Azeites Batalha, de Pinheiro Machado, que fornece a folha da oliveira, através do Programa de Mestrado e Doutorado Acadêmico para Inovação (MAI/DAI) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Outra parceira é a empresa Barão Erva-Mate e Chás de Barão de Cotegipe, localizada no extremo norte do Estado será a responsável pela produção do composto de erva-mate. “Estes parceiros foram incansáveis em disponibilizar todos os recursos necessários ao desenvolvimento do meu trabalho, fui muito feliz nas minhas escolhas tanto dos orientadores quanto das empresas”, ressalta.

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