Leitura

As opções para quem quer se perder no mundo dos livros, em Pelotas

Na cidade, bibliotecas, sebos e grupos de troca estimulam o hábito da leitura, que passa através de gerações

Carlos Queiroz -

Em Pelotas só não lê quem não quer. A cidade apresenta inúmeras opções àqueles que encontram prazer ao se aventurar pelo mundo da leitura: bibliotecas, sebos e grupos de troca são apenas alguns dos exemplos de inciativas que buscam aproximar a população dos livros.

Porém, a quarta edição da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Ibope e divulgada recentemente, mostra que apenas 56% da população brasileira é leitora. Comparado aos últimos dados, de 2011, há um crescimento de 6%, mas o percentual ainda é baixo.

Quanto mais cedo o incentivo a leitura começar, melhor é o desenvolvimento cerebral e de atividades sociais, apontam os estudos da professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal (UFPel), Cristina Rosa. Ler melhora a linguagem oral, expande o conhecimento vocabular, antecipa o amadurecimento cerebral das crianças e amplia a capacidade de concentração. Para a professora, a família tem papel fundamental em estimular esse hábito, o que foi comprovado pela pesquisa do Ibope, já que 67% da população não leitora nunca teve uma figura que os incentivasse; dos 33% que tiveram, a mãe foi a principal responsável.

O índice de leitura apresentado na pesquisa indica que os brasileiros leem menos de cinco títulos por ano, e só chegam ao final de metade das obras, mostrando que a familiaridade com o objeto é pequena. Isso não acontece na casa da tecnóloga ambiental Maria Alice Caldas, 37. Ela e as filhas Isabella e Laura, de sete e dois anos, têm a hora do livro instituída, quando se desligam de toda a tecnologia e aproveitam o momento de troca de conhecimento.

O mesmo acontece com a família do corretor imobiliário Rafael Osório, 34, que, junto com a esposa Flávia Nascimento, 33, já estimulam o contato do filho Luiz, de dez meses, com as obras. Eles possuem um acervo com mais de 400 títulos, entre livros técnicos, de literatura e infantis, e são clientes regulares dos sebos de Pelotas. Para o corretor, ler é encantador e a maior fonte de cultura a qual as pessoas têm acesso.

Biblioteca:
Com 140 anos, a Bibliotheca Pública Pelotense (BPP), localizada no coração da cidade, possui um acervo com mais de 200 mil obras, sendo a mais antiga do século 17 e a mais recente de julho de 2016. Mensalmente a entidade adquire novos títulos, que são, em sua maioria, indicados pelos visitantes, através de uma caixa de sugestões.

A principal preocupação da biblioteca é apresentar uma diversidade de obras, para que toda a população possa ser atendida. Livros em Braile, audiolivros, títulos com temática LGBT, e espirituais, fazem parte dessa proposta, afirma um dos responsáveis pelo acervo, Daniel Barbier.

Além disso, também estão sendo feitos investimentos em eventos semanais para atrair a comunidade. Eles integram música, teatro, dança e literatura, saraus poéticos, conversa com autores da região e a hora do faz de conta, dedicada aos jovens leitores, de três e quatro anos. E claro, wi-fi gratuito, para auxiliar em pesquisas.

Para se tornar associado à BPP:
- Preencher uma ficha cadastral.
- Apresentar os seguintes documentos: Carteira de Identidade, CPF, comprovante de residência e uma foto 3X4.
- Estudantes: podem retirar até dois livros, por 15 dias cada. A mensalidade é R$ 8,00.
- Os demais podem retirar até quatro livros para empréstimo, por trinta dias cada. A mensalidade é R$ 12,00.

Os livros mais procurados:
1 - Como eu era antes de você, Jojo Moyes
2 - Saga Harry Potter, J.K. Rowling
3 - O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares, Ramson Riggs
4 - Os O'hurley, Nora Roberts
5 - A sombra do vento, Carlos Ruiz Zafón
6 - As crônicas do gelo e fogo, George R. R. Martin
7 - Morte no Nilo, Agatha Christie
8 - Caixa de pássaros, Josh Malerman
9 - Uma carta de amor, Nicolas Sparks
10 - O exército de um homem só, Moacyr Scliar

Sebo
Para quem gosta de comprar livros, os sebos são uma boa alternativa, pois apresentam um preço mais em conta e uma grande diversidade. Os acervos contêm tanto obras recentes, como livros de séculos passados, afirma Alexandre Sá Brito, dono de um desses estabelecimentos. Atualmente o livro mais antigo que possui é do século 19.

O comerciante afirma que os livros são 60% mais baratos em sebos, e que esse valor pode ser ainda menor. As trocas de títulos também são bem-vindas. Dependendo da conservação dos exemplares, os leitores podem chegar com uma obra e sair com duas, ou até três.
Brito conta que o mais interessante dos sebos é o fato de apresentarem livros únicos e em poucas cópias, fazendo com que a experiência de procurar entre títulos diversos se torne mais fascinante do que simplesmente comprar um livro específico.

Troca
A Feira do Escambo Literário, uma ação social promovida pelas estudantes Drieli Santos e Marília Timm, em parceria com a Secretaria de Cultura e a loja Imperatriz Doces Finos, também surgiu para incentivar o hábito da leitura, e democratizar o acesso às obras.

A feira funciona através da doação de títulos. Qualquer pessoa pode depositar os livros em pontos de arrecadação e após, todo o material é exposto para uma dinâmica de troca, na qual a população poderá retirar um livro ao doar outro. As estudantes contam que na primeira edição, que aconteceu no início de julho, todo o acervo de mais de 200 obras foi renovado, e o retorno que tiveram da população foi muito bom. Elas pretendem criar uma seção infantil, pois se surpreenderam pelo número de famílias com crianças que compareceu ao evento.

Pontos de arrecadação - Mercado Central, banca 39, na Imperatriz Doces Finos, e Casa Las Vulvas, localizada na Rua Padre Anchieta, 949.
Contato - facebook.com/Feira-de-Escambo-Literário

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