Nova gestão

Cem dias de trabalho na UFPel

Aposta da gestão é simples: escutar a opinião de estudantes, professores e servidores, a fim de construir coletivamente

Paulo Rossi -

O início de uma gestão é sempre importante e na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) não poderia ser diferente. Os cem primeiros dias de administração do reitor Pedro Curi Hallal e do vice-reitor Luís Amaral foram marcados por decisões que envolvem políticas afirmativas, infraestrutura, transporte e formação acadêmica, baseadas nas necessidades da comunidade acadêmica.

Ainda que a palavra da vez seja contingenciamento, com a diminuição do repasse de recursos federais, a procura por alternativas e o remanejo das verbas recebidas têm garantido a continuidade dos serviços prestados pela UFPel. Para que isso possa acontecer, a aposta da gestão é simples: escutar a opinião de estudantes, professores e servidores, a fim de construir coletivamente.

Hallal destaca que ouvir a comunidade se tornará permanente nos próximos quatro anos e que a conversa deve ser mantida quando há concordâncias, mas, principalmente, durante as diferenças. “Não é porque existem posições divergentes que cessaremos o diálogo”, diz. Mensalmente têm sido organizadas reuniões com as representações das categorias.

O diálogo e o fácil acesso são motivos de elogio tanto da Associação dos Servidores (Asufpel), quanto da Associação dos Docentes (Adufpel). Para a coordenadora da Asufpel, Maria Tereza Fuji, a parceria tem sido boa e as conversas produtivas, com acolhimento das demandas dos servidores. No entanto, pontos como a eleição para superintendência do Hospital-Escola e as cotas na pós-graduação para os técnicos-administrativos, promessa de campanha, poderiam ter recebido um pouco mais de atenção. Já a presidente da Adufpel, Celeste Pereira, teme que com os cortes de gastos anunciados pelo governo federal algumas das grandes promessas de campanha, que para ela foram subdimensionadas - como moradia estudantil, transportes e bolsas - não possam ser cumpridas em sua totalidade. “Não vai ser fácil” afirma, mas reitera que o sindicato está atento e é parceiro na construção de uma universidade melhor.

A maior conquista
O marco do início da gestão, conforme o próprio reitor, foi conquistado na última quarta-feira, com a aprovação no Conselho Universitário de uma resolução que determina aos mestrados e doutorados reservarem no mínimo 25% das vagas para negros, quilombolas, indígenas e portadores de deficiência. “Foi uma vitória emocionante”, afirma Hallal. Com a abertura de cerca de 200 vagas anuais, a UFPel espera diversificar também seu quadro de professores.

“Dos mais de 1,3 mil docentes, estimamos que 20 sejam negros”, explica o coordenador de pós-graduação, Rafael Castro, um dos responsáveis pela redação da resolução. As cotas aumentam a representatividade nas salas de aula e dão a oportunidade de continuação da formação profissional, acrescenta Castro. A UFPel é a primeira universidade do Rio Grande do Sul a adotar a medida, que já havia sido exigida em normativa do Ministério da Educação em maio de 2016, até então sem cumprimento.

Hospital-Escola
Uma demanda da Asufpel é o respeito ao mandato da superintendente do Hospital-Escola, Julieta Fripp, que se encerra na metade do ano. Os servidores são contrários a indicações por parte da Reitoria e defendem a realização de novas eleições. O reitor argumenta que como gestor eleito tem a liberdade de escolher quem ocupa as funções administrativas, mas a fim de evitar o desgaste propôs a criação de um regimento interno do Hospital, que deve ser entregue até junho e decidirá o procedimento a ser seguido.

Moradia estudantil
O condomínio projetado em 2013, no valor de R$ 80 milhões, precisará esperar mais um pouco. Por enquanto, a medida paliativa será o aluguel de um novo prédio, com maior capacidade do que as 86 vagas disponíveis na Casa do Estudante, localizada na rua Andrade Neves. Das cinco alternativas iniciais, duas agora estão em análise mais profunda. Uma com 300 vagas e outras com 178. “Talvez aluguemos os dois, depende da viabilidade”, informa Hallal.

Transporte
A universidade obteve autorização para levar os alunos ao Campus Capão do Leão com frota própria. Uma linha experimental foi implementada para auxiliar o estudo e a criação da logística que será aplicada. A intenção é de que até o fim da gestão, a UFPel tenha adquirido de 15 a 20 ônibus, que circulariam também nas linhas que vão ao Porto, Faculdade de Medicina e Escola Superior de Educação Física. Os veículos adquiridos poderão ser usados, o que reduz o valor de até R$ 400 mil para cerca de R$ 80 mil por veículo, mais R$ 20 mil de manutenção mensal e aumento do número de motoristas terceirizados. Outra opção para expandir a frota é o recebimento de veículos apreendidos pela Receita Federal em áreas de fronteira.

Alimentação
Em 20 dias a Pró-reitoria de Planejamento apresentará um novo projeto para o Restaurante Universitário do Anglo, pois o antigo, no valor de R$ 8 milhões, foi considerado inviável. A expectativa é de que ele seja construído em duas etapas. A primeira, um refeitório a exemplo das unidades da rua 15 de Novembro e da Casa do Estudante, pode estar em funcionamento até o início de 2018, para garantir a distribuição das refeições. Já a parte da cozinha seria construída mais à frente.

Ensino, pesquisa e extensão
Os repasses para atividades-fim diminuíram em 50%, mas houve a liberação de uma verba de R$ 3 milhões, aprovada no ano passado. O sistema para conseguir as bolsas também foi modificado. Agora a prioridade é para estudantes em vulnerabilidade, “quem realmente precisa”, destaca o reitor. A desconcentração foi outro enfoque, pois agora cada professor terá direito a, no máximo, duas bolsas.

Outros pontos
Recuperação da participação no Corede e na Azonasul - com a apresentação dos projetos da Escola de Hotelaria, Hospital-Escola Regional no Fragata, Espaço Multicultural no antigo prédio da Cervejaria Brahma e a viabilização de Campus em Pinheiro Machado.

Parceria com prefeituras - o Hospital Veterinário atenderá os animais encontrados na estrada para o Capão do Leão, com apoio da prefeitura do município. Em Pelotas a UFPel implantará o ensino integral na Escola Deogar Soares, no Bairro Dunas, e participa do pacto pela segurança pública, disponibilizando as imagens de suas câmeras de segurança e propondo a implantação da Guarda Municipal também no Porto.

Lançamento em maio do Portal de Dados Abertos da UFPel.

Criação de um Núcleo para Fiscalização de Contratos.

Redução, em cem dias, da conta telefônica da universidade, que diminuiu 50%.

Criação da Coordenação de Inclusão e Diversidade, que atua na acessibilidade, em ações afirmativas e equidade de gênero, tendo como parceiro o Núcleo de Gênero e Diversidade.

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