Sustento

Expectativa é de mais uma safra do camarão frustrada

Em Rio Grande as condições estão um pouco melhores, mas ainda não é o ideal

Paulo Rossi -

A dez dias da abertura da safra do camarão, a incerteza se espalha pela Colônia Z-3, em Pelotas. A expectativa positiva de dezembro agora é outra. Os pescadores contam com mais uma safra de frustrações, em função do excesso de água doce na Lagoa dos Patos e da pesca predatória que atrapalha a cultura. Em Rio Grande as condições estão um pouco melhores, mas ainda não é o ideal.

No dia 1º de fevereiro se encerra o período de defeso e pelos quatro meses seguintes a captura do crustáceo será liberada. Contudo, o centro da lagoa não apresenta salinidade suficiente para a procriação dos animais, afirma o vice-presidente do Sindicato dos Pescadores da Colônia Z-3, Eduardo Stanislau. “Para que fosse uma safra boa, em novembro já deveria ter salgado”, diz ele, que ainda aponta a falta de outras condições para o desenvolvimento dos camarões: as algas verdes e as mães d’água, que servem de alimento. A chuva da última segunda-feira fez subir ainda mais o nível da lagoa, e o momento é de apreensão, segundo o presidente do Sindicato, Nilmar da Conceição.

Stanislau critica a pesca predatória em alto mar, que promove arrastões e faz uso de traineiras, interferindo na entrada do pescado na lagoa. Ele gostaria que houvesse fiscalizações e punições mais severas nessas situações, além de políticas públicas para ajudar os artesanais. “O incentivo à cultura em tanques já ajudaria na criação de outra fonte de renda”.

Entre os pescadores, a desesperança predomina. Altemar Corrêa Donini lembra que o sustento está vindo da pesca da tainha e da corvina, mas logo a retirada dessas espécies será proibida e o sustento precisará vir de outra cultura.

Quem está em atividade há mais de 50 anos lembra que já existiu a escassez. “Essas crises acontecem”, recorda Osmar Bernardes, que mesmo assim não tem esperanças de ver os camarões nessa safra. Com a experiência, ele aprendeu que os crustáceos se concentram mais em lagoinhas próximas a Rio Grande.

Essa observação é confirmada pelo Sindicato dos Pescadores da Colônia Z-1. Os camarões já foram avistados no Saco da Mangueira e na Ilha dos Marinheiros, mas o presidente Nilton Mendes Machado é cauteloso ao informar que não será uma supersafra. Mesmo assim, as condições para o desenvolvimento dos animais se mostram melhores do que nos últimos três anos, com menor quantidade de água doce em comparação. “A salinidade ainda não é ideal, mas teremos camarão”, garante Machado.

Tempo
De acordo com o boletim climático do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas, os meses de fevereiro e março devem ser de dias secos e temperaturas diurnas elevadas.

O volume de chuvas deve estar pouco abaixo das médias históricas, especialmente em fevereiro, quando são esperados 150 milímetros.

As temperaturas devem variar entre 20°C e 29°C em fevereiro, e 19°C e 29°C em março. Os ventos devem vir do Norte, o que não é favorável ao cultivo do camarão.

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