Orgânicos

Fresco, saudável e direto do campo

Leis de incentivo à agricultura familiar têm feito com que a produção chegue à cidade já com destino certo e os produtores permaneçam no campo

Carlos Queiroz -

Inclusão social, desenvolvimento rural sustentável e dinamização local da economia são propósitos das leis de compra institucional. Criadas recentemente, elas garantem mercado para frutas, legumes e hortaliças oriundos da agricultura familiar, que em Pelotas alimentam jovens e adultos, além de incentivar a permanência das famílias no interior.

Dentro da Universidade Federal (UFPel), a compra institucional através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, beneficia quase 800 famílias da Zona Sul, que fornecem seus produtos para os Restaurantes-Escola localizados no Centro e no campus Capão do Leão, conforme informação da Unidade de Cooperativismo (UCP) da Emater. A parceria ocorre há quatro anos, e quase todos os alimentos são orgânicos. Além de garantir a qualidade na alimentação dos universitários que fazem suas refeições nos restaurantes diariamente, as compras da agricultura familiar costumam ser 30% mais baratas.

A alimentação saudável, com menor custo, também chamou atenção das unidades do Exército na região, que licitaram uma compra inicial de R$ 300 mil, valor que deve crescer já em 2017. Além disso, existe o decreto 8.473/2015, o qual diz que as instituições federais devem comprar um terço de seus alimentos desses produtores. Na região, o comando da 8ª Brigada de Infantaria Motorizada de Pelotas foi o primeiro a realizar a compra, já o 9° Batalhão de Infantaria Motorizado esteve com chamada pública de aquisição de alimentos aberta até o dia 28 de novembro e o 12º Regimento de Cavalaria Mecanizado de Jaguarão está construindo sua chamada.

As famílias do campo também alimentam as crianças da cidade. A lei 11.947/2009 do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) garante que no mínimo 30% do que é consumido nas escolas municipais venha da agricultura familiar, tudo com verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). No ano passado, 42% dos alimentos foram produzidos por três cooperativas, segundo o Conselho de Alimentação Escolar. São beneficiadas pelo programa 108 escolas, 88 municipais e outras 20 conveniadas.

Do tabaco para os orgânicos
O trabalho com a terra sempre fez parte da rotina do agricultor Carlos Gilvani Müller Benemann, mas há sete anos ele passou a se dedicar inteiramente às frutas e hortaliças orgânicas, e não se arrepende da escolha. Deixou de lado a vida de fumicultor - consequentemente os agrotóxicos pesados - para investir em irrigadores e estufas que, somados a muito trabalho, são responsáveis pela produtividade dos dois hectares da família. O espaço pode parecer pequeno, mas a produtividade impressiona. Nele são colhidas alfaces, brócolis, tomates, pimentões, morangos, entre outros vegetais.

A saúde e o bolso melhoraram, especialmente com as vendas para a UFPel e a Secretaria Municipal de Educação, intermediadas pela cooperativa Sul Ecológica, da qual é associado desde 2001. “É muito bom ter destino certo para a produção”, afirma o agricultor, que já pensa em expandir. Benemann também ressalta a importância das cooperativas, que proporcionam mais contato entre os produtores, troca de ideias e incentivo à produção uns dos outros. Ele, que é auxiliado pela mãe, esposa, filho e um empregado, não quer deixar o campo.

O agricultor também destaca a comunicação entre produtores e compradores como item essencial para a composição dos cardápios, que são feitos respeitando a sazonalidade. As famílias fazem um planejamento semestral do que plantarão, e as instituições entregam os cardápios com uma semana de antecedência. Assim, nas coletas diárias dos produtos, cada agricultor sabe o que entregar e os compradores o que vão receber. Para o futuro a Sul Ecológica sonha com um caminhão refrigerado e uma central de processamento de alimentos, a fim de evitar desperdícios e garantir a qualidade do que chega à mesa dos pelotenses.

Montante
Valores comercializados pela Cooperativa Agropecuária de Arroio do Padre (Coopap), a Cooperativa dos Produtores Agrícolas de Monte Bonito (Coopamb), a Cooperativa dos Apicultores e Fruticultores da Zona Sul (Cafsul) e a Cooperativa União e Sul Ecológica com a UFPel:

2013 - R$ 84.476,37
2014 - R$ 896.914,16
2015 - R$ 1.379.162,15
2016 - R$ 1.468.141,10 (até outubro)

*As cinco cooperativas juntas possuem 793 associados, mas nem todas as propriedades comercializam para o PAA ou o Pnae

Os números
Na região, 18 cooperativas são atendidas pela UCP/Emater, que promove o acesso às políticas públicas, principalmente de comercialização e crédito, a retomada da credibilidade do cooperativismo e o aprimoramento da gestão.

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