Debate

O autismo no foco do debate

Atividades iniciaram segunda-feira e se estendem até sábado; abertura foi na Câmara de Vereadores, onde discussão reuniu familiares, parlamentares e amigos de autistas

Jô Folha -

Pelotas realizada até sábado (8) a 4ª Semana Municipal de Conscientização sobre o Autismo, que engloba uma série de atividades. A grande novidade este ano é a realização do 1º Congresso Luso-brasileiro sobre Transtorno do Espectro do Autismo e Educação Inclusiva (Conlubra), uma parceria entre Universidade Federal (UFPel) e Universidade do Minho, de Portugal.

As atividades iniciaram nesta segunda-feira, quando ocorreu na Câmara de Vereadores audiência pública para tratar sobre o tema. Proposta pelos vereadores Ivan Duarte (PT), Daiane Dias (PSB) e Cristina Oliveira (PDT), contou com a participação de familiares e amigos de autistas, que compartilharam suas experiências e ressaltaram a importância da conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A principal demanda apresentada foi a criação de um centro de convivência para adultos, que hoje não possuem atendimento específico, sendo acolhidos pelo Centro de Atendimento ao Autista Doutor Danilo Rolim de Moura (CAA), que completou três anos no último domingo. O CAA, projetado inicialmente para atender até cem alunos, hoje recebe 289, com uma lista de espera de outros 150. No centro é oferecido atendimento pedagógico, de fonoaudiologia e psicológico, informou a coordenadora Débora Jacks. “É adaptado às características específicas de cada aluno”, acrescentou ela. Além do CAA, a rede de apoio também conta com cuidadores e professores auxiliares, que atuam na inclusão dos autistas no ensino municipal, e o Centro de Neurodesenvolvimento da UFPel.

Uma das mães que estiveram presentes na audiência e usufruem da rede de apoio é a professora Eliane Bitencourt, cujo filho Márcio, 12, foi diagnosticado com autismo há oito anos. Quando ela e o marido decidiram adotar o menino sabiam que ele possuía alguma deficiência, mas os sintomas marcantes do transtorno surgiram tardiamente. Desde então se engajou na luta pela inclusão, e se emociona com a evolução diária. “Ver o avanço é extraordinário”, contou ela, que a partir da própria experiência, combinada com a profissão, criou um projeto em que visita escolas e conversa com os educadores sobre o autismo, levando mais informação. Para a mãe, é preciso “trabalhar com as potencialidades, e não com a deficiência”.

1º Conlubra
O Congresso, voltado para demais Necessidades Educativas Especiais, abordará eixos políticos, disse a coordenadora do evento Rita Cóssio. “As políticas públicas que amparam as pessoas e seus direitos” acrescenta, pois, segundo a ONU, uma em cada 68 crianças nascidas nasce com algum tipo de autismo.
As pesquisas na área, que estão em avanço tanto nos critérios diagnósticos, quanto nos tratamentos e intervenções, também estão inclusas no congresso. No entanto, Rita destaca que a principal questão é a intervenção precoce. “Quanto antes construirmos uma rede de apoio e atendimento a criança e sua família, melhor será o seu desenvolvimento”, afirmou.

Em Portugal, país parceiro no Conlubra, existe uma legislação específica para intervenção precoce, com critérios de avaliação, planejamento e acompanhamento, apoiando principalmente as famílias. A experiência está sendo adaptada ao contexto brasileiro no CAA.

O Transtorno do Espectro Autista
O TEA abrange diferentes síndromes, caracterizadas por perturbações do desenvolvimento neurológico. É um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante ou logo após o nascimento. Os principais sintomas são deficiências sociais e de comunicação, e interesses restritos, fixos e intensos e comportamentos repetitivos, que começam a se manifestar ainda na infância, e devem ser percebidos antes dos três anos.

Programação da 4ª Semana Municipal de Conscientização sobre o Autismo
Terça-feira: atividades conscientizando sobre o autismo serão feitas na rede municipal
Quarta-feira: 18h30min - Abertura do 1º Congresso Luso-brasileiro - Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Educação Inclusiva (Conlubra), no Campus Capão do Leão da UFPel.
19h - Conferência de abertura. Palestra Inclusão: percursos, avanços e desafios.
Quinta-feira: 8h às 10h - Mesa-redonda 1: Políticas, legislações e direitos das pessoas com necessidades educativas especiais
10h às 12h - Mesa redonda 2: Pesquisas e avanços nos estudos sobre TEA: diferentes olhares
14h às 17h - Comunicações orais
17h - Sessão de Pôsteres
18h - Minicursos
Sexta-feira: 8h às 10h - Mesa redonda 3: Diagnósticos, tratamentos e intervenções para pessoas que apresentam TEA: caminhos possíveis
10h às 12h - Mesa redonda 4: Intervenção precoce com crianças que apresentam TEA
4h às 17h - Comunicações orais
19 - Conferência de Encerramento. Palestra: Educação Inclusiva e TEA: realidade e perspectivas
Sábado: 10h - Caminhada Azul, saindo do Calçadão da rua Andrade Neves, esquina com rua Voluntários da Pátria.

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