Saúde

O maior aliado das mulheres contra o câncer de mama

Veículo está disponível, mas ainda faltam R$ 140 mil para a compra de um digitalizador para revelação das mamografias

Paulo Rossi -

Em uma ação conjunta, o Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel) e o Instituto de Promoção à Saúde da Mulher, da ONG Buquê de Amor, lançaram nesta segunda-feira (10) o Mama Móvel.

Devido ainda à falta do equipamento para revelação das mamografias, ele ficará estacionado junto ao hospital até que os R$ 140 mil necessários para a compra de um digitalizador sejam levantados, através de doações e também da venda do Calendário Mulheres Guerreiras 2017.

O Mama Móvel atenderá em outubro as pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) de Pelotas e depois passará pelas cidades da região, diminuindo a demanda e auxiliando na detecção precoce do câncer de mama, doença que entra cada vez mais cedo na vida das brasileiras.

Apesar da mamografia ser indicada entre os 50 e os 69 anos, 7% dos casos são registrados em mulheres com menos idade. No entanto, esse protocolo não é seguido à risca no Rio Grande do Sul, conta o médico Felipe Zerwes, já que 30% dos casos de câncer de mama do Estado acontecem em mulheres que não se encontram no foco das campanhas. Por isso, grande parte dos profissionais recomenda a mamografia já aos 40 anos, e em casos de risco, definido pelo histórico familiar ou genética, iniciar o rastreamento dez anos antes.

O aumento dos casos entre mulheres jovens tem preocupado a comunidade médica. De acordo com uma pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), de 2013, a grande vulnerabilidade das jovens ao diagnóstico se justifica pela falta de exames e dificuldade em analisar a mamografia, causada pela densidade da mama, que é maior em comparação à da mulheres acima dos 50 anos. Logo, a identificação do câncer geralmente é feita quando a paciente já apresenta sintomas e a doença se encontra em estado avançado.

Outro fator que dificulta o tratamento é a falsa percepção de que jovens não possuem risco de desenvolver câncer. Para que a descoberta dos nódulos não aconteça tardiamente, é imprescindível que mulheres entre 20 e 50 anos realizem o autoexame das mamas e procurem um ginecologista anualmente, enfatiza Zerwes. “As mulheres precisam conhecer a mama.” Os três exames utilizados para o diagnóstico são: clínico, mamografia e ultrassonografia. Em situações especiais, podem ser utilizadas ressonância magnética e cintilografia mamária. Um exame genético também pode ser solicitado, e se o resultado for positivo, ele deve ser custeado pelos planos de saúde.

Pelotas
No HE, dos mil casos de câncer tratados em setembro, 400 foram de mama, relata a oncologista Cristiane Petrarca. Os episódios entre pacientes jovens são rotineiros e descobertos, em sua maioria, através do toque e em exames de rotina. Caso surjam suspeitas, as mulheres são orientadas a realizar a mamografia e, se for confirmado, procurar um mastologista. O especialista fará a biopsia do tumor e decidirá se ela deve passar por cirurgia ou ir para tratamento oncológico. Por isso, todas as mulheres devem estar atentas e ir ao médico anualmente, a fim de que a doença seja descoberta cedo, o que eleva as chances de cura para 95%.

A superintendente do HE, Julieta Fripp, salienta que o Mama Móvel poderá realizar até 200 atendimentos por mês - média de dez por dia -, e será muito importante para que mulheres que vivem em localidades afastadas possam fazer o exame. Após conseguir a peça que falta para o funcionamento independente do caminhão, ele terá uma agenda organizada pelas secretarias de Saúde da região e atenderá exclusivamente pacientes em espera pelo SUS. A partir do serviço do Mama Móvel, o HE poderá acompanhar o impacto nos diagnósticos ao longo dos anos.

O Centro de Radioterapia e Oncologia da Santa Casa de Misericórdia (Ceron) informa que dez mulheres com menos de 40 anos fazem o tratamento contra o câncer de mama na instituição. De acordo com o último levantamento, realizado em agosto, o total das que enfrentam a doença era de 393, sendo 59 em quimioterapia e 334 em hormonioterapia, que dura até cinco anos. Porém, o Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) informou que a instituição não tem oferecido a mamografia há quase dois meses.

Mulheres Guerreiras
Aos 29 anos, Claudinéia Ferreira não esperava descobrir a doença. Tendo um filho pequeno, a perda do seio e a queda do cabelo não importavam - sobreviver ao câncer era o objetivo. Hoje, aos 45 anos e sem sinal da doença, ela luta para que todas as mulheres possam ter acesso à mamografia e incentiva o autoexame, pois através do toque descobriu o nódulo.

O toque também foi a salvação de Daniela Feijó, que sentiu um caroço no seio aos 33 anos e vem enfrentado essa batalha há três. Por não se encaixar no grupo de risco, ela não conseguiu a mamografia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e precisou fazer pela rede particular, por isso se engajou na campanha do grupo Buquê de Amor, que busca reativar o Mama Móvel. Para ela, a família é o alicerce durante o tratamento, agora na fase hormonal. Ao contrário de Claudinéia, a queda do cabelo afetou muito Daniela, que conta só ter começado a perceber as mulheres que não o têm após descobrir o câncer.

O medo do diagnóstico atrasou o tratamento de Rosane Pereira, que descobriu um nódulo aos 38 anos, mas só após quatro meses fez o exame. Antes da descoberta ela nunca tinha feito uma mamografia. No último mês, aos 40, e após passar por um ano e meio de tratamento, acreditou estar curada, porém, uma tomografia mostrou um novo caroço, dessa vez no fígado. “Não vou perder a esperança”, conta ela, que inicia mais uma vez o combate à doença.

Claudinéia, Daniela e Rosane pedem para que todas as mulheres fiquem atentas ao próprio corpo e realizem o autoexame. “Devemos nos amar e não ter medo”, afirma Claudinéia, que enfatiza a importância de procurar um profissional anualmente. Daniela lembra que a inibição não deve existir, pois o conhecimento do próprio corpo é a melhor arma para detecção precoce do câncer.

Para ajudar na prevenção
Alimentar-se de forma saudável e praticar atividade física
Evitar a obesidade, o consumo de bebidas alcoólicas e cigarros
Amamentar por no mínimo seis meses, pois o ato estimula a produção das glândulas mamárias
Tomar sol por dez minutos, pois a exposição aumenta a produção de vitamina D
A terapia de reposição hormonal (TRH) deve ser feita sob controle médico e pelo mínimo de tempo necessário
Fazer o autoexame da mama e realizar a mamografia
Caso percebam alguma modificação nas mamas, procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima

Programação
Dia 14 - 13h30min - Na UBS Vila Municipal uma educadora física fará atividades com as mulheres e haverá um desfile de moda
Dia 15 - 17h - A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) promovem aula de zumba no Colégio Pelotense
Dia 16 - 10h - Buquê de Amor promove caminhada no Laranjal
Dia 19 - A Oncologia do HE promove a Sala de Espera, em que os residentes do curso de Enfermagem esclarecerão dúvidas quanto a prevenção, cuidados e tratamento
Dia 26 - No HE haverá tarde de confraternização e encerramento das atividades do Outubro Rosa na instituição
Dia 28 - 13h30min - A Aapecan comemora seu aniversário e encerra as comemorações do mês, em parceria com a SMS, na farmácia São João do Recanto de Portugal
Dia 29 - 9h - A Associação Médica de Pelotas (AMP) promove em seu auditório as palestras Painel Genético Tumoral: o que é e como é utilizo no dia a dia, com Felipe Zerwes, e Tumores hereditários em mulheres: genética, risco e manejo, com Patrícia Ashton-Prolla
(*) Durante todo o mês as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) realizarão atendimentos focados para a saúde da mulher

 

 

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