Decisão fatal

Para além da desesperança

Suicídios e tentativas têm aumentado em Pelotas, principalmente entre adolescentes

Infocenter -

Apesar do estigma e o tabu virem diminuindo, o suicídio ainda é assunto pouco comentado, mesmo com o crescimento dos casos e das tentativas, especialmente entre jovens. No entanto, falar é a melhor maneira de combater o problema social e ajudar aqueles que veem em dar fim à própria vida como a única forma de superar suas angústias, no auge da desesperança.

Conforme dados da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em 2016 foram registradas 39 mortes por suicídio em Pelotas. Em 27 a causa da morte foi alguma forma de sufocamento. Neste ano, de janeiro até a primeira quinzena de maio, 14 pessoas tiraram a própria vida - um caso a cada 9,6 dias -, porém, esse número pode ser ainda maior, pois, devido à vergonha, as famílias acabam não reportando os históricos. Como se a situação em si já não fosse preocupante, profissionais das redes pública e privada têm atendido cada vez mais jovens com pensamentos suicidas, conta a psicóloga e coordenadora do Setor de Saúde Mental da SMS, Cynthia Yurgel. 

“A quantidade assusta”, admite ela, e essa tendência não é exclusiva de Pelotas. O suicídio é a terceira causa de morte entre pessoas com idade de 15 a 29 anos, segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Elas o cometem comumente através de automutilação e overdose de medicamentos. Alguns não têm a total noção de que com essa ação estarão acabando com a própria vida, e o fazem como forma de chamar atenção de quem está ao seu redor para algum problema, mas não se pode subestimar os sinais, alerta Cynthia.

Isolamento, desamparo, conversas que demonstram a falta de interesse pela vida, conflitos de gênero e o diagnóstico de transtornos mentais podem indicar que algo está errado. Experiências traumáticas como assaltos violentos, abusos, mortes na família e a proximidade com alguém que se matou também são influências conhecidas para essa decisão. “Procurar ajuda é essencial. Temos que prevenir para evitar”, destaca a psicóloga.

O Brasil está entre os 28 países, de uma lista de mais de 160 analisados pela OMS, que possuem estratégia de prevenção ao suicídio, trabalhando em quatro frentes: identificar, avaliar, manejar e encaminhar. Na cidade as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) fazem o primeiro atendimento e encaminham os pacientes ao serviço especializado; os Centros de Apoio Psicossocial (Caps) oferecem atenção psicológica e psiquiátrica.

A medicação e o cuidado familiar também fazem parte desse plano terapêutico. Na residência recomenda-se não deixar a pessoa sozinha e afastar os objetos que tragam risco, aumentando a proteção. Fazer mais companhia e conversar sobre o assunto ajudam na recuperação e podem prevenir uma fatalidade que abala famílias e que ainda é pouco compreendida.

Serviço telefônico
Em março foi firmado um acordo de Cooperação Técnica entre o Ministério da Saúde (MS) e o Centro de Valorização da Vida (CVV), que vai permitir o acesso gratuito ao serviço telefônico oferecido pela instituição em todo o país até 2020. Pessoas que sofrem de ansiedade, depressão e aquelas com risco de suicídio poderão conversar com os voluntários por meio do novo telefone, 188. Atualmente quem precisa do serviço tem que pagar pela ligação para o 141. O CVV é um serviço de apoio emocional que atende 24 horas por dia pelo telefone, por e-mail, Skype e chat através do site www.cvv.org.br.


No Brasil, em 2014, foram registradas 10.653 mortes por suicídio - média de 5,2 por 100 mil habitantes
Entre os brasileiros a faixa etária com maior incidência é a de 30 a 39 anos
No país é mais comum entre o sexo masculino
(Fonte: MS)

O problema em números
No Brasil, em 2014, foram registradas 10.653 mortes por suicídio - média de 5,2 por 100 mil habitantes
Entre os brasileiros a faixa etária com maior incidência é a de 30 a 39 anos
No país é mais comum entre o sexo masculino
(Fonte: MS)

De cada 100 habitantes
17 pensam
5 planejam
3 tentam
1 é atendido no Pronto-Socorro
(Fonte: Cartilha do CFM e ABP)1

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