Polêmica

Projeto de aterro preocupa a zona rural da cidade

Vizinhos da iniciativa privada, prevista em área no Cerrito Alegre, temem suposto impacto ambiental da usina para resíduos sólidos

Jô Folha -

A instalação de um aterro sanitário particular em Cerrito Alegre - 3º distrito de Pelotas, numa área de 198 hectares, voltou a ser pauta em audiência na Câmara de Vereadores, onde dúvidas quanto à segurança do empreendimento foram levantadas. Moradores da região, pesquisadores e a Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), responsável pelo projeto, participaram do debate, que não conseguiu tranquilizar o público.

O assunto foi abordado pela vereadora Zilda Bürkle dia 24 de fevereiro e voltou a ser discutido na última quarta-feira (1º), devido ao receio dos moradores da região. Zilda informou que entrará em contato com pesquisadores das universidades para tentar encontrar soluções ao impasse. “Não queremos danos futuros”, disse ela.

A pecuarista Isabel Martins, 37, será vizinha do aterro e tem medo da contaminação de água e solo, e das doenças que o lixo pode trazer. “Usamos poço artesiano para tudo. Além disso, uma sanga que deságua no arroio Pelotas também passa por ali”, contou ela, que só ficou sabendo das intenções da CRVR na reunião promovida pela Fepam, em 1º de dezembro do ano passado. A partir desse encontro ela se mobilizou e criou um abaixo-assinado com a ajuda dos demais moradores, que contataram também o Ministério Público.

Os agricultores João e Gladis Gonzalez, cuja propriedade faz divisa com o aterro, foram procurados pela CRVR com o pedido de que secassem um açude, a fim de evitar contaminações. “Nossa terra é mais baixa. Se vazar, o lixo vai descer”, disse Gonzalez. A esposa se preocupa com o que acontecerá quando as chuvas chegarem, pois a região costuma sofrer com alagamentos.

A CRVR informou que os empreendimentos passam por Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação, emitidas pela Fepam após análise técnica e do impacto ambiental. “É feito um estudo aprofundado”, afirmou o presidente Leomyr Girondi. O trabalho analisa o meio físico, biótico e as comunidades do entorno, apontando o real impacto da atividade ao meio ambiente. Quanto ao solo, a companhia informou que é protegido por dupla camada de impermeabilização e poços de monitoramento para análise constante. Há tratamento do chorume e o gás gerado produz energia elétrica. “A tecnologia torna seguro”, acrescentou o assessor José Barrionuevo. Em Pelotas o projeto define 32 anos de operação e mais 20 anos de monitoramento ambiental, com capacidade para o recebimento de 700 toneladas/dia de resíduos, vindos de 22 municípios.

O professor em Ciências Ambientais, Érico Correa, é mais cauteloso. Para ele, um estudo de impacto, mesmo que bem feito, não minimiza os riscos. “As mantas impermeáveis, por exemplo, têm garantia de 50 anos. Depois os resíduos podem ir pro meio ambiente”, explicou ele. Correa também lembrou do aumento do tráfego de caminhões em Cerrito, e que a área dificilmente será recuperada, tendo seu uso restringido. No futuro, poderá ser muito parecido com o aterro central usado durante anos por Pelotas, finalizou ele.

Poder Público
O diretor-presidente do Sanep, Alexandre Garcia, esclareceu que não há relação do aterro com a autarquia. “É fruto da iniciativa privada”, reiterou. O Sanep não é um agente fiscalizador e não concede liberações para esse tipo de projeto. Quando houver a nova licitação para o destino dos resíduos sólidos, a CRVR poderá participar se tiver a documentação exigida, mas só será contratada se oferecer a melhor proposta.

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