Em quatro rodas

Um fusca e muitas histórias

Depois de percorrer sete países, os fotógrafos Nauro Júnior e Daniel Marenco retornam a Pelotas

O amanhecer no deserto mais seco do mundo, o Atacama, e o anoitecer na Cordilheira dos Andes, passando pela beleza natural do lago Titicaca e a exuberância de Machu Picchu. Essas e outras paisagens da América do Sul foram desbravadas pelos fotógrafos Nauro Júnior e Daniel Marenco, numa viagem de 38 dias a bordo de um Fusca 1968, o "Segundinho".

No projeto Sete Pátrias em um Fusca, os fotógrafos percorreram mais de 15 mil quilômetros, entre Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru e Paraguai, na aventura que começou em 8 de janeiro e terminou na última terça-feira, com o retorno ao ponto de partida, a Princesa do Sul. Nauro e Marenco não tinham convivido de perto antes da expedição, mas tinham uma admiração mútua que contribuiu para a relação na estrada e os uniu na aventura.

Cruzar diferentes países, conhecendo novas culturas e, principalmente, pessoas. Esse sempre foi um sonho de Nauro Júnior - compartilhado também por Marenco - que quando viaja pelas "fronteiras imaginárias", como ele mesmo chama as divisas entre as sete pátrias, percebe cada vez mais as semelhanças entre os povos. Com a Expedição Fuscamérica, ideia iniciada há cinco anos, ele quer estimular que mais gente viaje. "Fazendo isso, conhecemos cultura, culinária, folclore. Pisamos o mundo", afirmou Nauro.
A saudade de amigos e família é grande, principalmente porque a comunicação é difícil, com pouco acesso à internet e quase sempre sem sinal de telefone, e o tempo transcorre de uma forma diferente para quem está na estrada. "Mas os viajantes que ficaram para trás, acompanhando as aventuras de longe, foram essenciais para que tudo acontecesse", destaca Nauro. Esses viajantes a distância acompanharam cada etapa do trajeto pelas sete pátrias. A mais marcante para os dois aventureiros foi a passagem pela imensidão do Salar de Uyuni, na Bolívia, descrita pelo fotógrafo Daniel Marenco como:

"O Salar de Uyuni, na Bolívia, com sua imensidão branca, é a maior planície de sal do mundo e tem um pôr de sol dos mais fantásticos que já vi. É impressionante a grandeza do lugar e a força da natureza. Nessa época do ano o salar está com água e ela vai se movimentando conforme a direção do vento. No fim do dia paramos para esperar o cair da noite numa área seca e em uma hora estávamos com os pés molhados. O chão branco possui pequenas fendas ou furos, dali nosso guia sacou um pedaço de sal cristalizado para nos mostrar. Confesso que me disse o nome, mas me olvidei."

Próxima aventura
Sete Pátrias em um Fusca é a mais recente etapa da Expedição Fuscamérica, que nasceu em 2012 por iniciativa do pelotense Nauro Júnior, e desde então contou com outras cinco aventuras: A Maior Praia do Mundo, Vibrando com a Celeste, Um Fusca na Cidade Maravilhosa, Do Atlântico ao Pacífico e Operação Antártica. Em cada nova etapa, um copiloto que se encaixasse no perfil do desafio foi convidado a participar. Todas as experiências serão reunidas em livro e documentário - que terá uma parte narrada pelo ex-presidente uruguaio José Mujica - a serem lançados ainda este ano, pois a próxima viagem já está marcada, adianta Júnior. "Quero ir com três fuscas para Europa e Copa do Mundo da Rússia, em 2018", disse ele, que tem pouco mais de um ano e dois meses para organizar a empreitada.

Por que um Fusca?
O Fusca gera uma empatia muito grande, afirma Nauro. Além de ser um veículo resistente, ele proporciona aos viajantes apreciar as paisagens por onde passam, pois a velocidade não ultrapassa os 80km/h. Pela simplicidade, o modelo não possui ar-condicionado, o que trouxe para dentro do "Segundinho" o clima de cada local visitado. Alguns problemas mecânicos surgiram no caminho, mas graças às ferramentas levadas em um reboque - criado pelo fotógrafo a partir de outro Fusca - e da generosidade e curiosidade das pessoas que conheceram no caminho, Júnior e Marenco puderam seguir a expedição. "Inegável o sofrimento físico depois de tanto tempo dentro dele, mas continuo simpático a sua existência", comentou Marenco.

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