Programa

Brasil Sorridente traz boas expectativas para atendimentos odontológicos

Expectativa é que programa, agora integrado ao SUS, fortaleça atendimento em saúde bucal em Pelotas

Foto: Carlos Queiroz - DP - Em 2022, Pelotas realizou 113 mil procedimentos


Na última segunda-feira (8), foi sancionada lei federal que inclui o programa Brasil Sorridente na Lei Orgânica da Saúde, política que fortalece a oferta de atendimentos odontológicos via SUS e torna o serviço um direito assegurado que não pode ser colocado em segundo plano por gestores federais, estaduais e municipais. Em Pelotas, esse atendimento começa nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) que, em 2022, realizaram mais de 113 mil procedimentos odontológicos.

Conforme explica a coordenadora de saúde bucal do Município, Letycia Gonçalves, as UBSs são a porta de entrada para os atendimentos odontológicos. "As Unidades Básicas fazem procedimentos mais simples, como extrações, restaurações e limpeza. Dependendo das necessidades do paciente, ele é encaminhado para outros serviços mais complexos", explica. Ao todo, 47 dentistas estão vinculados à rede municipal de saúde, sendo 42 deles atuantes em UBSs e cinco no Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) Sorrir, vinculado à Prefeitura.

Na avaliação de Letycia, o fortalecimento do programa Brasil Sorridente traz boas expectativas para os atendimentos em Pelotas. "O programa sempre existiu, só não era uma política de governo. Entrando para a Lei Orgânica da Saúde, ele fica assegurado. A gente espera que, com esse fortalecimento, se tenha mais investimentos, porque a saúde bucal é extremamente subfinanciada. Tendo esse movimento no Ministério da Saúde, de garantir isso, esperamos que melhorem os recursos para que os municípios possam implementar mais ações", avalia a coordenadora.

Parceria com universidades
Das Unidades Básicas, os pacientes também podem ser encaminhados para os serviços oferecidos pelas universidades Federal e Católica de Pelotas. O diretor da Faculdade de Odontologia da UFPel, Fábio Lima, explica que no CEO Jequitibá, vinculado ao curso, é realizado o serviço de atenção básica (o mesmo das UBSs) e, também, atendimentos de média complexidade, como tratamentos de canal, extração de sisos, raspagens e outros. "[O serviço] também faz parte da formação. Grande parte dos procedimentos de média complexidade realizados conosco são feitos dentro de estágios, com estudantes, preceptores e professores, assim como alguns projetos de extensão", comenta Lima.

Nas clínicas odontológicas da UCPel, a professora Luísa de Oliveira destaca que são realizados procedimentos de endodontia, periodontia, e cirurgias, além das clínicas infantis e outras especialidades. "Nós recebemos encaminhamentos das UBSs e de outros serviços de saúde também, como os ambulatórios da Católica. Além disso, as pessoas também podem procurar a clínica e entrar numa lista de espera. A pessoa diz o que precisa, entra numa fila, e, sempre que possível, nós vamos chamando, mas essa fila está bem grande ultimamente", explica.

Demandas e desafios no município
Enquanto o atendimento odontológico pelotense consegue atender uma grande parcela da população, um dos principais desafios ainda é a demanda reprimida de pacientes. Para tratamento de canal, por exemplo, mais de mil pessoas aguardam na lista de espera. "Os dentistas têm um volume alto de atendimentos, tanto nas unidades quanto nos centros, mas temos bastante demanda reprimida. O tratamento de canal é um procedimento mais demorado, então não se consegue atender muitos pacientes em um turno de trabalho", comenta Letycia. Entre as demandas do setor, destaca-se a necessidade de mais profissionais e uma maior valorização salarial.

Outra questão enfrentada é relativa às próteses dentárias. Atualmente, o serviço não é oferecido gratuitamente. Na UFPel, por exemplo, todo o atendimento é feito, mas o custo da parte laboratorial da prótese é do paciente. No Município, o serviço precisa ser terceirizado. A Prefeitura tem, inclusive, edital permanentemente aberto  para que empresas interessadas se candidatem. A estimativa é que também haja mil pacientes aguardando pelo procedimento. "É um desafio muito grande. Imagina não ter nenhum dente na boca? A pessoa come mal, ingere alimentos quase inteiros, causando problemas digestivos e má nutrição, tudo porque não tem a prótese", diz Letycia.

Para os usuários…
Quem utiliza o serviço, entende a importância do atendimento. O aposentado Jorge Luis, 71, já é atendido na Faculdade de Odontologia da UFPel há muito tempo. Esta semana, esteve no serviço para fazer uma prótese unitária definitiva. "Vou ter que arrumar esse dente para botar uma 'dentadura fixa'. Sempre fui bem atendido aqui, não tenho queixa nenhuma", comenta. "O negócio da saúde está cada vez mais difícil. Dentista eu sempre venho aqui, já faz anos. Consegui a vaga e não vou em outro lugar", finaliza.

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