Incerteza

Alunos de escola municipal estão há dez dias sem aulas

Devido à falta de estrutura do prédio, estudantes da Vila Castilho não têm previsão de retorno às salas de aulas

Foto: Carlos Queiroz - DP - Pais e alunos vivem incerteza quanto ao retorno das aulas

Há aproximadamente três semanas sem aulas, mães da comunidade da Vila Castilho buscam respostas sobre o fechamento, sem qualquer aviso prévio, da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Nossa Senhora de Carmo. Com problemas estruturais, em março uma sala do local havia sido interditada. Já recentemente, um dia antes do retorno do período letivo após as férias de inverno, pais e alunos souberam que as atividades na escola estavam suspensas. A preocupação agora se volta à incerteza sobre o futuro da instituição e ao aprendizado dos cerca de 80 alunos.

O cartaz colado no portão de entrada do educandário avisa que, devido à falta de estrutura, as aulas estariam paralisadas até o dia 4 de agosto. Seis dias depois da data que deveria ter sido de retorno à rotina escolar, os estudantes ainda estão em casa e os pais não têm nenhuma informação sobre quando a situação deverá ser normalizada ou acerca de alguma possível solução imediata. "Agora faz três semanas sem aulas e ninguém fala nada. Gostaríamos de saber o que vai acontecer com as nossas crianças", cobra Natália Silveira, mãe de uma aluna do 3º ano.

Outra mãe, Vanessa Cavalheiro, destaca ainda que a Nossa Senhora de Carmo abrange até o 5º ano do Ensino Fundamental, período que em breve chegará para a filha. Neste sentido, a preocupação é com a falta de aprendizagem adequada e o despreparo da menina ao chegar em outra escola. "A minha preocupação maior é a questão pedagógica, como ela vai ter essas aulas de volta depois?", questiona. Além disso, a indignação das mães se dá em razão de uma suposta promessa da equipe diretiva de que as crianças teriam aulas de forma remota. "A direção avisou que a escola estava interditada, mas que as crianças teriam aula online e alugariam outro prédio", relata Natália.

Já uma funcionária que pediu para não ser identificada diz que o prédio apresentava problemas de estrutura há algum tempo e que o motivo da interdição não seria os danos causados especificamente pelo ciclone de julho. "Disseram que foi por causa do ciclone, mas ele não fez nada na escola. Eram problemas estruturais de antes."

A importância para a comunidade
Ao saber que a reportagem do Diário Popular estava em frente à Nossa Senhora do Carmo na tarde desta segunda (14), rapidamente dezenas de crianças e seus responsáveis se aproximaram para reforçar as reclamações sobre o problema e a busca por respostas. Um retrato da importância da instituição tem para a comunidade. Por se tratar de uma região da cidade com muitos moradores de baixa renda, a preocupação com a transferência das aulas para locais mais distantes é grande. "A maioria não tem mobilidade para ir para outro lugar. Muitas mães não têm como pagar vale-transporte", diz Vanessa Cavalheiro.

A cuidadora de idosos argumenta ainda que o sistema pedagógico da escola é "muito bom" e que a transformação da vida de muitas pessoas da Castilho depende de uma educação de qualidade, em um educandário acessível. "É uma boa escola, tem um suporte muito bom de aprendizagem, por isso é imprescindível que não feche."

Protesto e pedido de explicações
Até então sem respostas ou solução para o retorno das crianças às aulas, os moradores prometem um protesto em frente à escola amanhã. Além disso, uma reclamação foi feita à Câmara através do vereador Michel Promove (PP), que pretende convocar a secretária de Educação e Desporto (Smed), Adriane Silveira, para prestar informações ao Legislativo.

Problemas de realocação
Conforme a Smed, após receber o laudo da engenharia, a Secretaria acolheu a suspensão das aulas para identificação do problema e garantir segurança dos alunos, funcionários e professores. Por se tratar de prédio alugado, a pasta alega que a responsabilidade pelas melhorias será do proprietário. A Smed, no entanto, diz ter entrado em contato com diferentes imobiliárias em busca de espaços para locação que pudessem abrigar emergencialmente as aulas. Também foi feita solicitação à 5º Coordenadoria Regional de Educação (CRE) no intuito de obter cedência de salas de aula das escolas do Estado, para funcionamento provisório, em regime de anexo temporário. "A Smed aguarda no decorrer desta semana o retorno das solicitações", diz Adriane.

A secretária diz ainda que, como proposta de manutenção de vínculos, a equipe do Centro de Intervenção e Mediação Escolar entrará em contato com as famílias para estudar a situação de cada aluno e fará a entrega de kits de merenda para os alunos a partir de amanhã.

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