Insegurança

Média de mortes de ciclistas chega a 2,7 por ano em Pelotas

Na Semana Municipal do Ciclista, usuários pedem melhorias nas ciclovias e mais educação no trânsito

Foto: Jô Folha - DP - Em seis anos, 16 ciclistas morreram em acidentes de trânsito em Pelotas


Um motorista sinaliza a conversão à esquerda. Do outro lado da rua, um ciclista aguarda a ação. Mas a demora é grande e o condutor da bicicleta resolveu atravessar a via bem no momento que o carro arranca em alta velocidade e atinge a vítima em cheio. Na sinaleira em frente ao Foro, pela avenida Ferreira Viana, há uma faixa de segurança e uma ciclista decide passar no momento em que é liberado o sinal verde para o motorista, e os dois acabam colidindo. Em ambos os casos, os ciclistas receberam ajuda de populares para levantar, notaram pequenas escoriações e foram embora. Na Semana Municipal do Ciclista, as duas ocorrências no trânsito não entraram para as estatísticas do Município, que tem média de 2,7 acidentes fatais nos últimos seis anos, conforme dados do Detran/RS repassados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP).

Em relação aos acidentes, o Observatório de Segurança de Pelotas aponta para 13 ocorrências com lesões corporais/ lesões leves no mesmo período pesquisado. De acordo com a Delegacia Regional de Polícia Civil e o Comando do 4º Batalhão da Polícia Militar (BPM), as tipificações para esses fatos não se referem especificamente a ciclistas, e sim, ao tipo como acidente: com lesão ou homicídio culposo, por exemplo. Neste cenário, o ano mais violento foi em 2022 com sete mortes. Tendência que segue nos dados estatísticos dos agentes de Trânsito de Pelotas, responsáveis por ocorrências sem lesões. Em sete anos, foram 25 atendimentos, sendo nove só no ano passado.

Conforme a Secretaria de Trânsito e Transporte (STT), pela natureza do fato, a maioria foi por colisão lateral (8), seguido de colisão frontal (4). Entre os pontos considerados críticos estão as principais avenidas da cidade e as ruas Santa Tecla, Santa Clara, Doutor Amarante, Andrade Neves, Pinto Martins, Frontino Vieira General Neto, Marechal Deodoro, Voluntário da Pátria e Gomes Carneiro, esta última com uma ciclovia bastante movimentada por estudantes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Em alguns minutos no local foi possível perceber o fluxo de usuários de bicicleta, que mesmo em um espaço com sinalização precária, principalmente em rotatórias, trafegam com segurança.

Críticas
O vendedor Paulo Sérgio da Silva, 56, não é usuário frequente, mas já andou o suficiente para fazer críticas aos espaços dedicados aos veículos de duas rodas, não motorizados. "Primeiro que são poucas ciclovias na cidade e as que existem são estreitas e estão em estados precários, tanto na sinalização horizontal, como vertical", relatou. Para o ciclista, não é claro quando é preciso parar nas esquinas ou se tem preferencial, o que significam as linhas paralelas em branco e vermelho. O secretário Flávio Al Alam explica que a pintura em vermelho da faixa específica para bicicletas não é uma obrigação a ser feita. "Procura-se em determinados locais salientar a presença da faixa com pintura total, normalmente perto de cruzamentos. Na grande maioria a sinalização em vermelho é feita na separação da via de veículos com a de ciclista ao longo da via", disse.

Silva também não confia nas placas, pois a maioria está apagada ou pichada. Na rua Félix da Cunha com Dom Pedro II, por exemplo, a faixa de segurança pela Félix sobrepõem a indicação de faixa de ciclista, ficando apenas duas rodas à mostra. O secretário Flávio Al Alam diz que a manutenção da sinalização de ciclovias tem sido feita constantemente e algumas de maior necessidade são viabilizadas através de projetos específicos, como foi feito, por exemplo, na avenida Duque de Caxias e, agora, na avenida Ferreira Vianna - e posteriormente na avenida Adolfo Fetter.

"O que mais me chama a atenção é a falta de fiscalização, pois cansei de ver motoristas parados sobre as ciclofaixas. Eu, quando estou conduzindo, não estaciono, pois sei que é errado", observou o vendedor. A questão é facilmente flagrada em algumas ruas da cidade. Um exemplo é na rua Andrade Neves em que um caminhão de obras, que diariamente está sobre o espaço dos ciclistas. Mas nem sempre o usuário de bicicleta consegue seguir à risca as dicas de trânsito. Na rua General Neto, a reportagem flagrou muitos ciclistas andando no meio da via, entre os carros, ou mesmo tomando o espaço de um automóvel, atrapalhando o fluxo dos veículos. Na rua General Osório (sentido centro-bairro), seguidamente motoristas utilizam a buzina para alertar o ciclista que ele está no meio da faixa, sendo que na rua paralela (Andrade Neves) tem uma ciclofaixa.

O cuidador de carros Cristian José Garcia Rita, 47, está ciente da sua condição de ciclista. Há mais de 20 anos ele faz o mesmo trajeto de bicicleta, do final da praça 20 de Setembro até o centro da cidade. E atualmente levando a filha até a creche. "Eu tomo todo o cuidado possível para protegê-la, principalmente na Voluntários da Pátria, a mais perigosa. O que falta mesmo hoje em dia é respeito e educação no trânsito", avalia. Mesmo com esses apontamentos, o secretário Al Alam considera os dados estatísticos baixos e os atribui à conscientização de motoristas e de ciclistas e também por Pelotas ter hoje uma malha viária com mais 70 quilômetros de ciclovias.

Programa da Semana do Ciclista
Hoje - das 7h às 9h, no Macro Atacado Treichel, na avenida Fernando Osório, 4.842, palestra direcionada aos ciclistas e distribuição de arnês e adesivos reflexivos para os trabalhadores.

Amanhã - às 13h, será a vez da Escola Municipal de Ensino Fundamental Cecília Meireles, na rua Professor Souza Lobo, 439, Areal, receber a palestra para ciclistas e a Escolinha de Trânsito.

Sábado (19) - das 9h às 12h, na praça 20 de Setembro, 455, na frente do IFSul, haverá distribuição de arnês e reflexivos para ciclistas.

Domingo (20) - às 9h, o encerramento da Semana, com passeio ciclístico com sorteio de brindes e de uma bike.

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