Retorno

Leite reassume reforçando que educação será prioridade

Primeiro reeleito no Estado, ex-prefeito de Pelotas prometeu dar prioridade ao ensino público e redução da pobreza

Foto: Volmer Perez - DP - Na Assembleia, Leite ressaltou compromisso com melhorar a qualidade da educação no Estado.

Por Rafaela Rosa
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(De Porto Alegre)

Com discurso de respeito à democracia, diálogo entre opositores e tolerância, Eduardo Leite (PSDB) assumiu novamente, no final da manhã deste domingo, o governo do Estado do Rio Grande do Sul. Em seus primeiros atos como governador reeleito, o ex-prefeito de Pelotas agradeceu os que confiaram o voto a ele, reforçou a promessa de campanha de priorizar a educação e fez um balanço do mandato anterior.

Em Porto Alegre, entre o final da manhã e início da tarde, ocorreram duas cerimônias: a posse formal na Assembleia Legislativa e a transmissão oficial do cargo, no Palácio Piratini. Ambas bastante concorridas. Tanto no Parlamento quanto na sede do governo, chefes de Poderes, secretários de Estado, prefeitos, deputados federais e estaduais, além de outros convidados, marcaram presença nos atos.

Confiante no seguimento da sua primeira gestão, iniciada em 2019, Leite relembrou feitos que classificou como pontos positivos do governo. "Colocamos salários em dia, fizemos recomposição de efetivo, realizamos concursos públicos, pagamos dívidas históricas", elencou. Diante das conquistas listadas, destacou que, a partir de agora, o ponto de partida da administração é diferente daquele de quatro anos atrás. "Vamos trabalhar pela evolução da evolução."

As duas estiagens severas enfrentadas durante o mandato e a pandemia iniciada em 2020 também foram ressaltadas pelo governador reeleito. "Lutamos contra o vírus, contra o negacionismo e contra a desinformação", disse, ao lembrar que mais de 40 mil gaúchos morreram por conta da Covid-19 e prestar condolências às famílias. Em uma alusão indireta ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros agentes públicos que se opuseram à vacina e aos cuidados para evitar a disseminação do vírus, lembrou da necessidade de permanecer atento e sempre levar em conta os conhecimentos da ciência.

Prioridade

Ainda durante o discurso na Assembleia, além de reforçar a preocupação com a responsabilidade fiscal, Leite deixou claras as prioridades da nova gestão: educação, saúde, combate à pobreza, agricultura e inovação. "Iremos melhorar a qualidade da educação e do aprendizado no Rio Grande do Sul. Arrumamos as contas, estamos arrumando o governo e vamos arrumar a escola", prometeu. O tema vem sendo lembrado pelo governador desde o período eleitoral, quando especialmente a precariedade das escolas da rede estadual foi bastante citada por adversários e cobrada pelo eleitorado.

Ao falar sobre o compromisso social, o tucano classificou como "vergonha" a existência de pessoas passando fome e disse que ampliará esforços para o enfrentamento às desigualdades.

As diferenças com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também foram lembradas na primeira manifestação de Leite como governador reeleito, mas com uma observação: "Também temos pontos comuns", disse. Segundo ele, o povo gaúcho pode esperar uma relação diplomática, com diálogo e busca por resolução dos problemas do Estado.

Continuidade e diversidades

"O governo não é este prédio, não é a estrutura física. O governo não é aliança partidária. O governo deve ser para a sociedade, para o povo, para a imensa diversidade que constitui o povo gaúcho." Foi este tom que Leite usou ainda no começo do seu segundo discurso, já no Palácio Piratini, onde assinou o termo de posse e fez agradecimentos a Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), que foi seu vice até março de 2022, momento em que o governador renunciou ao cargo para tentar disputar a Presidência da República.

Ao falar sobre esse retorno ao governo após sempre ter pregado a não reeleição, Leite disse ter sido convencido porque há um trabalho em andamento. "Quis o destino que vivenciasse esse meio do caminho ao ter renunciado ao governo. A renúncia causou para mim um impacto positivo. Sair do palácio, estar ainda mais perto das pessoas nas ruas, convivendo fora do poder, vendo como é efêmero e rápido. Por isso, o quanto nestes anos que nos é dado o privilégio de conduzir os destinos de um povo, devemos colocar toda nossa energia e foco."

Com um secretariado que mistura novos nomes e antigos aliados, o governador prometeu fortalecer a diversidade. Incluindo a forte presença de mulheres nos cargos executivos. "Também vamos garantir que essa diversidade esteja presente nos outros espaços."

Despedida

Foi com um tom de continuidade que Ranolfo Vieira Júnior se despediu do cargo. O agora ex-governador agradeceu à equipe e destacou a continuidade da gestão. Salientou que, em meio à polarização nacional, o povo gaúcho escolheu o equilibro. "Soubemos ouvir o recado das urnas. A continuação significa acelerar o passo e criar mais oportunidades", disse.

Vieira Júnior também relembrou feitos do período de Leite na administração, quando foi vice-governador e secretário de Segurança Pública. "Salários em dia, reforma tributária, adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, programa Avançar e o legado do RS Seguro", listou.

Indicado para a presidência do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), o ex-vice de Leite afirmou estar feliz em continuar contribuindo com o desenvolvimento do Estado.

Repercussão e expectativas

Presente na posse, a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), disse que a gestão de Leite foi próxima das cidades gaúchas e que a expectativa é de continuidade. "Fez os investimentos olhando estrategicamente, vendo quais eram as necessidades. Não tenho dúvida que o governador vai continuar próximo dos municípios e dos cidadãos", salientou.

Deputado estadual não reeleito e ex-secretário estadual do Meio Ambiente, Luiz Henrique Viana (PSDB) estará na equipe de governo como titular da pasta de Sistema Penal e Socioeducativo. Para ele, a reeleição de Leite representa um marco. "Ele já conhece a estrutura e fez as bases para poder investir neste governo. Será uma sequência", projetou.

Sobre o novo desafio, confirmou que haverá muitos investimentos e o cumprimento de políticas públicas. "Já estão definidas, pois já estão sendo feitas, mas agora com a visão de um novo governo e novo secretário", disse. "É uma pasta que lida com vidas e nós queremos fazer com que essas vidas sejam mais valorizadas, protegidas e qualificadas."

Também se falou de amor

Pela primeira vez em um discurso oficial como político, Leite falou abertamente da vida pessoal e do relacionamento com o namorado Thalis Bolzan. "Esta é a primeira eleição em que eu me apresento sem precisar deixar de falar algo pessoal", ressaltou, agradecendo a companhia e parceria. O médico, com quem o governador assumiu publicamente o relacionamento no ano passado, acompanhou todo o cerimonial de posse ao lado dos pais de Leite, José Luiz Marasco Cavalheiro Leite e Rosa Eliana de Figueiredo, e dos irmãos.

Alvo de ataques homofóbicos desde que revelou sua orientação sexual, incluindo o período eleitoral, o governador reeleito fez questão de responder o preconceito revelado pelo adversário do segundo turno, Onyx Lorenzoni (PL), que apontava a possibilidade do Estado não ter uma primeira-dama em caso de vitória de Leite. "O Rio Grande do Sul não tem uma primeira-dama, mas tem alguém que é de verdade, podem ter certeza", disparou, sem citar um alvo para a manifestação.


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