Impactos

Prejuízo na atividade primária chega a R$ 1,85 bilhão na Zona Sul

Estimativa dobrou em relação à semana passada; Municípios contabilizam ainda estragos com estradas vicinais

Foto: Jô Folha - Soja, milho e a produção gado de corte e leite foram os setores citados por todos os municípios

Após uma semana do primeiro encontro de gestores de Agricultura das 23 prefeituras da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), o impacto da chuva e das inundações duplicaram e os R$ 900 milhões estimados em prejuízo só na lavoura de soja já atingem R$ 1,85 bilhão, somando perdas com milho, hortaliças, gado de corte e leite, pasto e solo. Nesse montante não está incluído o que os entes irão gastar com a recuperação de estradas vicinais e pontes. O cálculo será levado em conta para que cada Município consiga se reerguer depois de um mês de crise climática. No encontro desta quarta-feira, na sede da Azonasul, a participação online do assessor Técnico do Gabinete da Secretária de Agricultura, Pesca e Irrigação, Antônio Carlos de Quadros Ferreira Neto, foi fundamental para que a região também seja beneficiada em programas e recursos para a recuperação do setor.

A presidente da Azonasul e prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), esteve presente no encontro e, assim como os demais representantes do setor de cada cidade, falou das avarias, sendo que o estimado até o momento na cidade é um prejuízo de 107 milhões, sem contar as estradas e pontes que deve estar em torno de R$ 5 milhões. "Vamos buscar caminhos para enfrentar o futuro. Eventos climáticos vieram para ficar. Quando lançamos a ideia da Agência de Desenvolvimento, umas das pautas estratégias seria mudança climática, mas nunca pensei que ela teria protagonismo. Então vai ser prioridade", disse a presidente. Ela lembrou que por ser a região sul menos atingida, pode ser um espaço para recomeço do Estado. "Não querendo competir com as zonas devastadas, pois isso seria crueldade e uma grande injustiça, mas sim, ajudar a composição do Estado em uma região não muito afetada. Isto é uma questão de desenvolvimento harmônico".

Pelas avarias Pelotas, Rio Grande, São José do Norte e São Lourenço do Sul decretaram calamidade pública, O secretário de Agricultura de Rio Grande e coordenador do grupo de gestores, Bercílio Osvaldo Luiz da Silva, contabiliza até o momento R$ 40 milhões de perda na soja. "58% da área plantada não foi colhida", afirmou. Para recuperar estradas a prefeitura estima R$ 27 milhões, além da preocupação com os pescadores, sendo que R$ 7 milhões é o gasto com o impacto no setor. Na lista estão ainda São José do Norte, que não citou valores, mas que a área plantada de cebola foi devastada, e São Lourenço do Sul, que estima um prejuízo de R$ 300 milhões com a perda de soja, milho e gado. Sem contar com os estragos na orla da praia, até agora o Município calcula R$ 28 milhões para recuperar estradas.

Cadeia produtiva
Das cidades com lavouras de soja, os prejuízos são maiores, pois na maioria, entre 50% e 55% tinham sido colhidos. Em Pedras Altas, a previsão é de R$ 82 milhões nessa cultura. Capão do Leão, R$ 45 milhões e Arroio Grande, R$ 60 milhões. A preocupação gira em torno do reaproveitamento do solo que se não há colheita, não serve para o pasto, e consequentemente, o engorda do gado. A peculiaridade em Pedro Osório, segundo o prefeito Moacir Alves (MDB), é o acesso pelas estradas para retirada do eucalipto, além de dos R$ 14 milhões no agronegócio. Arroio Grande, lavoura de arroz, faltam mil hectares, mas com perda 100%.

Recursos estaduais
Assessor da Seapi, Ferreira Neto anotou as principais demandas apresentadas pelos secretários e prefeitos e disse estar atento aos problemas com a soja, milho e a pecuária de corte e de leite, pelo fato de a maioria citar algum tipo de prejuízo nesses setores. Por estar ajudando outras regiões, ele acha fundamental a questão abordada pela prefeita Paula em desenvolver a Zona Sul para, quem sabe, acolher aqueles agricultores que perderam tudo, não só as lavouras, mas a casa e antes e até familiares, e desejam mudar de região. "Agente que ver como pode auxiliar na prática, pois conversa nós já tivemos bastante. Por isso, fui atrás de informações dos municípios em calamidade. Para esses, que aí são quatro: tem disponível R$ 500 mil para hora de máquinas. Depois vamos ver como buscar auxílio para produtores de gado de leite e de corte das demais cidades", garantiu. A boa notícia para a agricultura é que produtores uruguaios ofereceram sementes para as regiões atingidas e que podem ser distribuídas.

Recursos federais
Nesta quarta-feira (29), o governo federal anunciou medida de ajuda ao Rio Grande do Sul e, entre elas, o Ministério da Fazenda apresentou um aporte adicional de R$ 600 milhões no Fundo de Garantia de Operações (FGO) para garantia de operações de crédito rural para pequenos e médios agricultores. Segundo Durigan, agricultores familiares gaúchos atingidos mais de uma vez por eventos extremos das mudanças climáticas estão com dificuldade de acessar as linhas já subsidiadas e "muito baratas" do Pronampe Rural e do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

"Com esse aporte adicional no FGO, que é esse fundo de garantia, além do recurso disponibilizado para os agricultores, para setor rural, o governo também se compromete com as garantias. Portanto, fazendo reduzir o risco para os bancos que estão operando e fazendo chegar crédito barato mesmo para o agricultor que está sofrendo por reiteradas vezes com as mudanças climáticas", explicou.

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