Saúde

Rio Grande tem o maior número de infectados por leptospirose na região

Devido ao tempo de incubação da doença, casos podem aumentar em outros municípios; infecção também pode ocorrer durante a limpeza das casas atingidas

Foto: Jô Folha - DP - Contato com a água contaminadas das enchentes causa vários casos de leptospirose no Estado; na região, Rio Grande é o que mais tem infectados

Dentre os municípios da Zona Sul margeados pela Lagoa dos Patos e outros cursos d'água, que foram atingidos pelas cheias, Rio Grande é o que tem o maior número de casos de leptospirose confirmados. Atualmente são 13 pacientes positivados com a doença, sendo pessoas que moram em áreas alagadas, voluntários e profissionais que atuaram na linha de frente de resgates. Em Pelotas, apenas uma infecção foi confirmada. Já em São José do Norte e São Lourenço do Sul, até o momento, não houve a constatação de nenhum caso da doença no período de inundações. Com o retorno para as residências atingidas, o alerta para os cuidados com a leptospirose e outras patologias continuam em vigor.

Cinco voluntários, seis moradores de áreas atingidas pelas águas e dois profissionais da Defesa Civil e Marinha foram contaminados em Rio Grande pela doença infecciosa causada por uma bactéria chamada leptospira. Os residentes são de bairros como Barra, Arraial, Centro, Navegantes e Lar Gaúcho. Em comparação ao mesmo período no ano passado, entre janeiro e junho, não houve nenhum caso de leptospirose confirmado, fator que ajuda a confirmar que todas as notificações ocorreram devido às enchentes. "Sem dúvida nenhuma [os alagamentos provocaram as contaminações], sempre se tem casos, mas não tão frequente como se teve agora", diz a coordenadora da vigilância epidemiológica de Rio Grande, Shirley Cardone.

Os positivados no Município apresentaram quadros estáveis, sem sintomas graves e já estão em processo de recuperação. Sobre os 18 casos suspeitos, a coordenadora diz que os resultados devem sair no final desta semana, por serem realizados pelo Lacen, laboratório do Estado, e devido a grande demanda de várias cidades, os exames têm demorado vários dias para serem realizados. Para a infectologista da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Danise Senna, alguns fatores como a inundação em pontos centrais de Rio Grande e a possibilidade de uma circulação maior de pessoas em águas contaminadas podem explicar o número de casos da doença.

Em outros municípios
Em Pelotas, até o momento, há duas pessoas internadas com sintomas semelhantes ao da leptospirose, mas apenas um caso confirmado da infecção. No entanto, há ainda 26 notificações suspeitas. Em São José do Norte, não há nenhum caso confirmado ou suspeito. Já em São Lourenço do Sul, os números do boletim epidemiológico chamam a atenção devido a um óbito e 11 pacientes positivados, no entanto, as ocorrências são referentes a períodos anteriores a maio, não havendo nenhuma conexão com as cheias.

De acordo com a coordenadora da vigilância epidemiológica da cidade, Mariza Leite, a morte ocorreu em janeiro e foi de um idoso residente na zona rural. Diante da incidência de casos nessas áreas, o Município tem realizado ações de conscientização para a atenção a galpões de alimentos de animais e outros reservatórios que propiciam a proliferação de ratos. "Estamos fazendo um trabalho em conjunto com a Emater e com o desenvolvimento rural. Mas não tem nada a ver com a inundação. Neste período ainda não houve nenhuma confirmação, todos estão sendo acompanhados pela vigilância", ressalta.

Já a infectologista Danise Senna chama a atenção para o período de incubação da doença que pode se estender a até 30 dias e por isso ainda pode haver um aumento no número de casos em todas as cidades.

A doença
A leptospirose é uma doença bacteriana causada pela Leptospira. A contaminação ocorre quando as pessoas têm contato com água ou lama contaminada com a urina de animais que têm a bactéria como ratos, por exemplo. As manifestações clínicas variam desde formas assintomáticas até casos graves. Os principais sintomas são: febre, falta de apetite, dor muscular, dor de cabeça, náuseas, vômitos. Nas formas graves, podem surgir amarelão na pele, insuficiência renal e hemorragia. Os sintomas duram em média duas semanas e em caso de surgimento de qualquer sinal a orientação é pela procura imediata de atendimento de saúde em uma UBS.

No Estado, são 242 casos confirmados da doença, sendo 15 deles óbitos.

Prevenção
Mesmo com a passagem do período mais grave das enchentes, os cuidados de prevenção à leptospirose e outras doenças devem ser seguidos à risca na etapa de retorno e limpeza das residências. Conforme Danise, é necessária a utilização de equipamentos de proteção individual como luvas e botas de borracha. As superfícies devem ser higienizadas com água sanitária (duas colheres de sopa para cada litro de água). Já as caixas d águas devem ser esvaziadas, higienizadas com água e sabão e depois de cheias, ser adicionado duas colheres de água sanitária para cada litro de água e deixando em repouso por 30 minutos.

Prevenção a contaminação por doenças também deve ser seguida na limpeza de imóveis. Foto: Volmer Perez - DP


Quanto aos móveis atingidos pela enchente e a lama que adere a estes objetos, parede e chão, tem alto poder infectante. Diante disso, a diretora de Vigilância em Saúde de Pelotas, Aline Machado, orienta a limpeza dessa lama, desinfetando-o com a seguinte solução: para cada 20 litros de água, acrescentar duas xícaras de chá (400 mililitros) com água sanitária. Após aplicar a solução na lama contaminada e deixar agir por 15 minutos.

Os casos
Pelotas
1 caso confirmado
26 casos suspeitos

Rio grande
13 casos confirmados
18 casos suspeitos

São José do Norte:
Nenhum caso confirmado nem suspeito

São Lourenço do Sul
11 casos confirmados
1 caso suspeito
1 óbito

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