Eleições municipais no RS: muita água vai rolar por debaixo da ponte

Por Elis Radmann
Cientista social e política
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Há um dito popular que diz que "muita água vai rolar por debaixo da ponte". É uma expressão muito utilizada na política como argumento de que não existe eleição ganha e de que muita coisa pode acontecer até o processo eleitoral findar. Usar essa expressão para uma análise do cenário eleitoral do RS parece até uma redundância ou ironia. Mas esta metáfora é pertinente, pois nos faz lembrar que muitos eventos podem ocorrer, que as circunstâncias podem mudar e que muitas decisões podem ser tomadas, antes do processo eleitoral começar.
A frase é um alento para muitos pré-candidatos que estão preocupados com a disputa e, principalmente, com as pesquisas de intenção de voto ou com a divulgação dessas pesquisas. Toda e qualquer pesquisa de intenção de voto, neste momento, é uma foto pós tragédia, que mostra eleitores impactados, atordoados, indignados e de mau humor. Serve mais como uma ferramenta de especulação ou um termômetro para medir uma febre social.
Mas, como a realidade é composta por diferentes ângulos de visão, em diferentes momentos e estágios, dependendo da efetivação das medidas de apoio e reconstrução adotadas pelo governo de uma cidade, a foto do início de julho poderá ser mais realista, refletindo um cenário de expectativa, que é a base da decisão eleitoral.
Nas disputas eleitorais, cada candidato conta uma história, diz quem é, o que já fez e o que quer fazer. Defende uma agenda, propostas que precisam dialogar com as demandas da população e utiliza as ferramentas do marketing para ampliar sua capacidade de comunicação.
Neste momento, a "bola" está com o atual prefeito, que tem o desafio de mostrar que é um herói, se estiver fazendo "gol", ou ser classificado como vilão da cidade se estiver perdendo pênaltis. O eleitor está com foco no presente e avaliando a administração pelas entregas e ações de retomada da vida cotidiana, o atendimento do dia seguinte.
Isto não significa que a tendência de mudança deixou de estar posta. Apenas que o eleitor do RS está olhando o hoje, sem capacidade de julgar o passado e projetar o futuro. Mas, como depois da tempestade vem a bonança e a maior base da sociedade gaúcha é cristã, a tendência é que o sofrimento e o medo sejam substituídos pela esperança em dias melhores, ativando a capacidade dos eleitores de olharem para o cenário eleitoral, julgando se irão manter a continuidade ou apostar na mudança.

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