
Última semana de campanha do segundo turno das eleições gerais de 2022 e os ânimos estão muito acirrados entre os candidatos.
A culpa é do outro
Última semana de campanha do segundo turno das eleições gerais de 2022 e os ânimos estão muito acirrados entre os candidatos. Estamos vivendo um momento histórico, diante da radicalização de uma polarização ideológica onde um procura responsabilizar o outro. Em vez de mostrar as soluções para os problemas, as campanhas gastam mais tempo apontando os "culpados". Por oras o culpado é o candidato, por oras o seu partido. O culpado pode ser um ou mais apoiadores, instituições ou até profissionais, como os jornalistas. Se olharmos com atenção para o cenário em que vivemos, para o nosso atual cotidiano, percebemos que esse comportamento dos candidatos está cada vez mais presente em nossas relações sociais.
Para sair do cenário da política, um bom exemplo de análise são os comentários nas postagens das redes sociais de celebridades, especialmente quando há uma situação de grande repercussão. É cada vez mais comum os textos condenatórios, que colocam a culpa em alguém ou em algo. Esse comportamento motiva alguém a "jogar a primeira pedra", depois disso muitas pedras passam a ser jogadas, fazendo um linchamento virtual.
Este linchamento virtual está associado à cultura do cancelamento que destrói a imagem de uma pessoa e pode levá-la à depressão ou até mesmo ao suicídio. A maioria dos cancelamentos ocorre por diferenças de opiniões e de pensamentos devido à ideia de que existe um certo, que é quem critica. Por trás dos linchamentos virtuais há vários fenômenos que devem ser analisados. O primeiro fenômeno está associado a certa ruptura com os valores e costumes sociais antigos, que nutriam uma tendência de respeito aos mais velhos e, principalmente, às autoridades.
Como uma coisa leva a outra, esta ruptura de crenças diminuiu o sentimento de coletividade e aumentou o empoderamento individual. Cada um se sente dono da sua timeline, em um contexto cada vez mais tecnológico, e acredita que pode dizer o que bem quiser. De certa forma, cria-se o que se chama de "individuação", trazendo um falso sentimento de ampliação da independência e estimulando o egoísmo. Nessa lógica, uma pessoa adulta pode morar e depender financeiramente dos seus pais e defender que é totalmente independente e que não tem nenhum sentimento de gratidão, pois considera que os pais não fazem nada mais do que sua obrigação.
O segundo fenômeno é estratégico, diz respeito à adoção de uma narrativa propícia a dialogar com o atual comportamento da sociedade. Bem, se as pessoas estão mais individualistas, com propensão ao egoísmo, também estão mais indignadas e estressadas, fazendo com que os candidatos explorem habilmente essa situação.
Não podemos esquecer que este jogo também é ativado pelos haters, que são aquelas pessoas que odeiam a tudo e a todos ou são pagos para espalhar o ódio. Estes entram nas redes para fazerem ataques, praticar o bullying virtual, inserir comentários pesadíssimos e mal educados e desqualificar qualquer ponderação ou argumento mais reflexivo ou cristão.
Se olharmos bem, vamos perceber que os candidatos à presidência estão alinhados com o humor da sociedade.
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