Iniciativa

Folia Zona Norte promove desfiles de Carnaval neste final de semana

A ajuda mútua entre os diretores das entidades carnavalescas dos bairros Santa Terezinha, Cohab Lindoia e Getúlio Vargas marca o evento

Foto: Divulgação - DP - Representantes do Lado Norte, Banda BGV e Koisa Querida

O amor pelo Carnaval e o desejo de que a festa mais popular do país ganhe o coração dos mais jovens mobilizam o trabalho em conjunto desenvolvido pelas diretorias de três blocos carnavalescos da cidade. Essa união promove a partir deste sábado o Folia Zona Norte, evento com a participação do Lado Norte, Koisa Querida e Banda BGV, que encerra as atividades no dia 10.

O primeiro a desfilar é o Lado Norte, do bairro Santa Terezinha. O bloco percorrerá oito quadras ao longo da rua Santa Clara, durante cerca de duas horas, neste sábado (2), a partir das 18h. O diretor da entidade, Cláudio Duarte, conta que quase que a entidade não sai. O grupo se desmobilizou com a hospitalização e, posterior, falecimento da presidente de honra, Oraci Oliveira Duarte, mãe do diretor.

“Nesse período uma das coisas que ela pediu foi pra gente botar o bloco na rua”, fala Duarte. Para manter a programação Duarte contou com a ajuda das outras duas entidades, que também lutam contra as dificuldades para manter a folia nos bairros. “Cada um tem seus eventos nos seus bairros, mas a gente se apoia, agora nós aproximamos as datas para conseguir fazer”, comenta.
Essa ajuda mútua significa, por exemplo, compartilhar da mesma logística, que inclui a contratação de um carro de som e até mesmo da harmonia. As baterias também terão acréscimo com a união dos ritmistas. “Com a ajuda deles nós vamos colocar o bloco na rua”, fala Cláudio Duarte, diretor do Lado Norte.

No domingo, no mesmo horário, o Koisa Querida, com 13 anos de trajetória, da Cohab Lindoia, sai pela rua Ernani Osmar Blaas, segue pela São Paulo, e finaliza a folia também pela Santa Clara, no Santa Terezinha. Outra forma de demonstrar a união dos grupos. O bloco vai homenagear dois companheiros de jornadas: o Mano dos Cavalos, cavalariço da Associação Rural, e Vinícius Cunha, que morreu em decorrência da Covid.

No dia 10 o desfile será no Getúlio Vargas, com a Banda Carnavalesca BGV, a concentração ocorrerá a partir das 17h, na rua Três esquina com a Quatro. As irmãs Cláudia e Jandaia Rodrigues, diretoras da banda, contam que a banda surgiu em 2022, como uma brincadeira. “Éramos uns 15 ritmistas que saíram lá no Getúlio”, conta Cláudia, que é ritmista há muitos anos. No ano passado já foram 40 ritmistas que formaram a Bateria União, o nome é também uma referência a essa parceria entre entidades.

Em busca das novas gerações

Uma das dificuldades levantadas pelos diretores é mesmo o número de ritmistas das baterias. Segundo os diretores, os mais jovens se afastaram do Carnaval. Mudou o interesse das novas gerações, argumenta Maicom Madeira, diretor do Koisa Querida. “Essa geração não tem como referência um familiar carnavalesco, por exemplo, para dar continuidade. Para montar uma bateria antigamente vinha o povão, o pessoal já saia com os instrumentos de casa, hoje não. Hoje é difícil mobilizar essas gerações, o samba para eles é coisa antiga”, fala Madeira.

Para Cláudia essa desmobilização é resultado do enfraquecimento do Carnaval local, considerado um dos melhores do país, há alguns anos. “As entidades estão focadas nos carnavais das cidades vizinhas ou do centro do país e não estão focadas no Carnaval daqui. Enquanto isso nós estamos focados na festa dos bairros”, fala Duarte.

Para Duarte, quanto mais unido os blocos estiverem, mais ideias de fomento à festa vão surgir. “A gente está pelo objetivo de fazer Carnaval para as comunidades. Nosso bairro é muito longe do centro, isso quer dizer que muita gente nem vai ao centro para o Carnaval oficial”, fala Duarte.

“Daqui a alguns anos se a gente não persistir, não vai mais existir o Carnaval raiz nos bairros. Carnaval vai ser só na televisão”, fala Ualisson Duarte Thomsen, integrante da Koisa Querida. Madeira atribui também a qualidade dos instrumentos às mudanças na folia local. “O Carnaval vem mudando até pela produção dos instrumentos, hoje se produz em grande escala, mas com pouca qualidade. Até nisso a vibração que o Carnaval antes tinha diminuiu.”

“Saímos na Bruxa da Várzea e antes de sair, eles faziam uma fogueira e a gente tinha que colocar o surdo em volta para esticar o couro. Também: fazia tremer o chão”, relembra Cláudia Rodrigues.

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