Entrevista

Com futuro indefinido, Hannecker defende mudanças operacionais no Brasil

Enquanto aguarda definição do novo presidente para saber se segue no clube, gerente de futebol auxilia Conselho a administrar o Xavante antes de eleição

Foto: Italo Santos - Especial DP - Segundo ele, apesar da maior influência em decisões administrativas, seu cargo continuaria sendo vinculado ao departamento de futebol

Luis Fernando Hannecker não esconde o desejo de permanecer no Brasil para 2024. Prova disso é que o gerente de futebol, contratado em outubro do ano passado, segue colaborando com o clube apesar de não saber do futuro. Convidado pelo presidente do Conselho Deliberativo (CD), Pablo Chagas, o profissional auxilia na administração do Xavante enquanto não se define uma nova Direção Executiva via eleições - o que deve acontecer no próximo mês. Porém, ele quer mudanças.

Ontem, em conversa com a reportagem do DP, Hannecker defendeu transformações operacionais dentro do Rubro-Negro. Criticou o enraizamento de hábitos negativos, como o frequente atraso salarial, por exemplo. Em uma reunião realizada na última terça-feira, o gerente de futebol apresentou a quatro membros da nova mesa do CD e aos funcionários do clube suas visões a respeito do que precisa mudar para o futuro.

"Primeiro passo: quanto eu tenho pra gastar? Quanto é o custo operacional? Diminui desse valor. Quanto vai no condomínio? Aí vai sobrar, por exemplo, R$ 150 mil. Então a folha do Gauchão vai ter que ser R$ 150 mil. 'Ah, vai cair'. Então vamos ficar devendo. A escolha é essa", resume Luis Fernando em um dos comentários sobre a questão econômica.

Segundo ele, apesar da maior influência em decisões administrativas, seu cargo continuaria sendo vinculado ao departamento de futebol, sem uma nomenclatura semelhante a um CEO, por exemplo. Hannecker diz que o trabalho, por enquanto, consiste em tentar manter a ordem a respeito de temas não conectados diretamente ao futebol.

Os problemas na prática

O gerente de futebol não aprova a forma como o clube se posiciona no mercado. Enxerga carência de contrapartidas em negociações com patrocinadores e enfatiza a importância da transparência junto a torcedores e parceiros. Para ele, as frequentes notícias negativas mancham a credibilidade do Brasil e dificultam a retomada. Conforme Hannecker, é necessário se espelhar em equipes de porte parecido - Criciúma, Ypiranga e Caxias, menciona como exemplos.

"Se não atacarmos a causa, vamos ficar sempre tentando ajustar a consequência. A causa de não pagar é não saber administrar bem os recursos, é gastar mais do que pode. […] Pra isso acontecer, tem que ter coragem de falar pro torcedor a verdade: a gente não vai ter recurso pra conseguir sanar tudo em três meses, cinco meses. Mas tem que ter futebol. A gente perde sócio todo dia", sustenta.

O gerente de futebol compara os casos de dois jogadores para trazer à tona, também, o problema das dívidas trabalhistas. Em 2022, o volante Herisson, revelado na base rubro-negra, deixou o clube quando tinha uma lesão - depois, ingressou com ação judicial por conta disso. Um ano mais tarde, após a eliminação da Série D, foi tomado outro caminho com Amaral. Igualmente machucado, o atleta permaneceu por mais um mês na Baixada para concluir a recuperação.

"Eu sabia que ia faltar recurso. O Brasil não consegue - ou não quer - calcular o custo que tem o futebol. Quando não tem a informação exata do que entra e do que sai, tu acaba sempre gastando a mais do que tem. Tem as questões trabalhistas. A gente tem um volume alto de trabalho pro jurídico. […] Nosso maior problema é financeiro e jurídico, andam lado a lado", argumenta Luis Fernando.

Futuro

A cerca de quatro meses do Gauchão 2024, o Xavante ainda precisa definir quase tudo do zero, começando pelo cargo de presidente. O processo eleitoral se iniciará nos próximos dias e vai terminar em outubro. Em meio a esse cenário, Hannecker afirma que mesmo assim há contatos de empresários oferecendo técnicos e atletas - uma demonstração do potencial do Brasil, ele considera.

"Hoje estamos numa situação delicada e me ligam dez treinadores por dia. Um monte de jogadores. Alguns estavam no Brasil, vocês sabem, foram entrevistados e dizem que querem voltar, mesmo com dívida. Ou seja, o Brasil tem muita força. Mas a forma que a gente explora as virtudes do Brasil, às vezes, não é a melhor possível", diz.

O profissional está inserido no planejamento para o futuro breve, apesar da incerteza relativa ao que vem depois da eleição. "Vou contribuir com o Conselho. Se amanhã acharem que não precisa mais, podem me demitir, teoricamente. Não tenho nenhuma segurança de ficar, mas tenho interesse, sim, de permanecer. Talvez o meu desafio seja convencer que o Brasil é uma oportunidade pra todo mundo", fala Luis Fernando.

Parcelamentos

A renegociação dos salários atrasados, junto ao elenco da temporada 2023, resultou no parcelamento em oito vezes de um valor próximo a R$ 450 mil. A primeira parcela já foi quitada com os jogadores. Segundo o ex-vice de finanças, José Argoud, a cota da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) referente ao próximo Estadual, de cerca de R$ 900 mil, não foi antecipada.

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