Entrevista

“É uma qualificação olímpica e ninguém quer perder essa oportunidade”

Formado no projeto Remar para o Futuro, pelotense Piedro Tuchtenhagen, 22 anos, disputará em março prova que vale vaga nos Jogos de Paris

Foto: William Lucas - COB - DP - Piedro (ao fundo) começou a remar em 2015, por incentivo da irmã. O atleta defende hoje o Grêmio Náutico União, de Porto Alegre

Potência nacional na formação de remadores, Pelotas pode ter um representante nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, entre julho e agosto. Forjado no projeto Remar para o Futuro, referência da modalidade, Piedro Tuchtenhagen, 22 anos, disputará em março o Pré-Olímpico, no Rio de Janeiro. Em barco duplo ao lado de Uncas Tales Batista, na categoria peso leve, o pelotense e o colega concorrerão por uma única vaga ainda em aberto para compor a delegação brasileira nesse esporte.

Piedro começou a remar em 2015, por incentivo da irmã. Pouco a pouco, foi se apaixonando pela modalidade que o fez cruzar o Oceano Atlântico mais de uma vez para campeonatos mundiais. O atleta já passou pelo Flamengo, clube parceiro do Remar, e atualmente está no Grêmio Náutico União, de Porto Alegre, onde mora. O jovem pelotense concedeu entrevista ao DP sobre o momento da carreira.

Do ponto de vista técnico, qual é a expectativa para o Pré-Olímpico? Como vai ser a preparação para aumentar as chances de conseguir essa vaga?
As expectativas são muito boas. No ano passado, competimos no Pré-Pan-Americano no Chile contra a maioria dos adversários que possivelmente enfrentaremos no Pré-Olímpico deste ano. Chegamos muito perto de conquistar uma medalha. Agora, praticamente um ano depois, tivemos tempo suficiente para melhorar alguns pontos fracos e nos preparar bem para conquistar essa tão sonhada vaga olímpica. A prova do Double Skiff Peso Leve é muito tradicional no remo e é muito disputada em todos os campeonatos internacionais. Mas vai ser a última vez que essa categoria será disputada nos Jogos Olímpicos. Portanto, conquistar essa vaga não só é importante para mim, mas também para todo o remo brasileiro. Seria a realização de um sonho. Em algumas semanas, todos os atletas da seleção brasileira irão se concentrar para começar os treinamentos para o Pré-Olímpico e o Sul-Americano, junto com seus respectivos treinadores. Enquanto o grupo não se reúne, eu continuo treinando aqui em Porto Alegre. Acredito que o trabalho está sendo muito bem feito, em parceria com meu clube, família e incentivadores.

 Quais são as principais diferenças de disputar provas no Single [sozinho no barco] e no Double [acompanhado]? Muda muito na rotina de preparação para a competição?
Na categoria peso leve, existem duas modalidades: individual e dupla. No Single Skiff (individual), o peso limite é de 72,5 quilos. Já no Double Skiff (duplo), a média dos dois remadores deve ser de 70 quilos. A pesagem é sempre feita duas horas antes da prova. Na preparação para competir na categoria individual, cada atleta tem sua própria abordagem. O treinador oferece suporte em relação à preparação para a competição, mas a pesagem nessa categoria é mais tranquila. Alguns atletas precisam fazer restrições alimentares alguns dias antes da prova para atingir o peso necessário no dia da competição. Na categoria Double Skiff Peso Leve, o trabalho é feito em conjunto com o parceiro. Os dois atletas precisam se adaptar à rotina e às limitações um do outro. Em relação à pesagem nessa categoria, é um pouco mais difícil. Alguns atletas lidam bem com isso, mas outros têm mais dificuldades para atingir o peso necessário. Com isso, as restrições alimentares podem começar meses antes da prova. Se um parceiro de barco tiver facilidade em atingir o peso, ele pode ajudar o outro. Por exemplo, se um remador pesar 69 quilos, o outro pode pesar 71.

Qual é o significado de estar tão perto de uma conquista tão relevante para ti, pessoalmente, e para o esporte de Pelotas e do Rio Grande do Sul?
Me sinto muito feliz e orgulhoso pelo caminho que percorri até aqui, mas é importante manter os pés no chão. É uma qualificação olímpica e ninguém quer perder essa oportunidade. Subir esse degrau em minha carreira é muito importante, e foi um sonho que começou lá em 2016, quando dei meus primeiros passos no Remar para o Futuro em Pelotas. Lembro sempre do meu treinador Oguener [Tissot, coordenador do projeto] me dizendo que meu objetivo era a longo prazo, e agora eu vejo que toda a formação que tive como atleta e pessoa no Remar para o Futuro me prepararam para esse momento na minha vida. Eu amo ser gaúcho e amo a minha cidade. Representar o meu estado e cidade é sinônimo de muito orgulho para mim. Eu acredito que isso é um passo muito importante para o esporte no Estado e principalmente em Pelotas. Pelotas é a cidade que mais forma atletas remadores para a seleção brasileira e, assim como eu, todos foram formados no Remar para o Futuro. Acredito que, com isso, todo o País possa ver Pelotas como uma potência no remo, e que eu possa retribuir um pouco pela cidade e pelo projeto que tanto fizeram por mim e por centenas de famílias e jovens.

Como é a tua rotina de atleta atualmente no Grêmio Náutico União?
Meu dia começa cedo, acordo às 4h40min, tomo café e junto com minha noiva pegamos o ônibus e vamos para a ilha [do Pavão] treinar. Chegamos na ilha às 6h40min e vamos para a água. Quando o tempo não está bom, o treino é feito de forma indoor nos remos ergômetros. Geralmente pela manhã são feitas duas sessões de treino e pela tarde mais duas. Em média são de quatro a cinco horas de treino diariamente. Retornamos para casa por volta das 18h, fazemos janta e antes das 20h já estamos prontos para dormir e recuperar o corpo para mais um dia de treinos. Os treinos são de segunda a segunda, com uma ou duas folgas na semana no período da tarde. Além de remar, é muito importante fazer alguns esportes para complementar, como ciclismo, corrida e musculação. Ajudam muito no condicionamento e é uma forma de renovar as energias principalmente após as competições ou em início de pré-temporada. Eu particularmente adoro pedalar, e quando estou em Pelotas esse é meu hobby favorito. Em pré-temporada, chego a fazer 30 horas de ciclismo semanal e aproximadamente mil quilômetros. Como estou morando há pouco tempo em Porto Alegre, ainda não conheço bem a cidade, então remar é a principal pedida, principalmente pela imensidão do lago Guaíba.

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