Novo técnico

Fabiano Daitx é apresentado pelo Brasil: “Realização de um sonho”

Treinador de 49 anos fala em superação de dificuldades e trata vontade de defender o Xavante como critério essencial para a formação do elenco

Foto: Carlos Queiroz - DP - Vínculo inicial do substituto de Rogério Zimmermann na casamata rubro-negra é válido por toda a temporada 2024

Fabiano Daitx foi apresentado nesta segunda-feira (23) como novo treinador do Brasil. Aos 49 anos, o profissional concedeu entrevista coletiva no Salão de Honras do estádio Bento Freitas em bancada ao lado do presidente Gonzalo Russomano e do vice de futebol Emerson Novelini. Motivado pelo desafio de liderar a formação do elenco que disputará Gauchão e Série D do próximo ano, o técnico tratou a chegada ao Xavante como a realização de um sonho.

“Quem trabalha no interior sabe o que significa ser o comandante do Brasil. O peso, a responsabilidade. E isso, sem dúvida nenhuma, é o que nos motiva. É uma honra ter recebido esse convite e fazer parte desse time aqui. A partir do momento em que houve a ligação, embora eu estivesse trabalhando em outro clube [Esportivo], já mexeu. Sempre pensei, sempre sonhei em vestir essa camisa, e hoje me sinto satisfeito nesse sentido”, falou Daitx na primeira manifestação.

Daitx esteve ao lado do presidente Gonzalo Russomano e do vice de futebol Emerson Novelini. Foto: Carlos Queiroz - DP

O vínculo do substituto de Rogério Zimmermann na casamata rubro-negra é válido por toda a temporada 2024. Também iniciam o trabalho na Baixada o auxiliar técnico Gabriel Dutra e o preparador físico Lincoln Bender. A partir de agora, o trio passa a integrar o departamento de futebol do Brasil com o vice Novelini, a diretora Gabriela David e o gerente Luis Fernando Hannecker. Ainda não há data oficial para o começo do Estadual – a tendência é a segunda quinzena de janeiro.

Antes do começo das perguntas da imprensa, Novelini falou sobre as razões que levaram a Executiva a contratar Daitx. “Quando a gente foi buscar o Fabiano, conversar com ele, a gente foi em busca de duas coisas: um nome identificado com o jeito do Brasil jogar e uma pessoa que quisesse ajudar o Brasil, procurando crescimento na carreira”, disse.

Identificação com o clube e vontade de crescer profissionalmente foram os pontos destacados por Novelini para buscar o técnico. Foto: Carlos Queiroz - DP

Sucessão de Zimmermann

“Pra mim é uma honra, uma satisfação. Considero um amigo. Foi uma das poucas pessoas, quando eu estava começando minha carreira com técnico, que me deu uma oportunidade. Todo mundo fala que o Rogério é um cara difícil… e eu tive a felicidade de conviver como estagiário do Rogério quando ele treinava o juvenil no Grêmio. Me abriu as portas e me tratou com um respeito enorme. Sempre torci muito por tudo que aconteceu na carreira dele. Tenho muitas ideias, maneira de conduzir, postura, enfim, diversas coisas que não vou dizer que sigo, mas tenho um ponto de vista que a gente acompanha. Ele faz parte da história do Brasil, é um símbolo, uma marca muito forte que ele tem na carreira. Eu espero ter a minha”.

Perfil do elenco

“A gente vive hoje no futebol uma realidade completamente fora da sociedade. Vejo times com folha de dez, 12, 15 milhões, falando que estão sem opções. O presidente certamente não vai me dar uma folha desse tamanho [risos]. Pra mim o que é mais importante em todos os times que trabalhei é honrar aquilo que a gente tem. Independentemente de o jogador ganhar cinco, dez, 12, 30, cem, ele tem que dar o melhor. O perfil do nosso plantel vai ser identificado com o símbolo maior de valor que esse torcedor exige. E pra mim é isso que faz a diferença entre ser vencedor ou não: realmente ter jogadores comprometidos com uma ideia, um objetivo, um sonho, independentemente do valor. Claro que em um ponto da negociação vai ter a parte financeira, e aí cabe ao presidente. Nós da comissão vamos buscar jogadores que tenham um perfil que a gente ainda está traçando, mas em breve vocês vão ver que trabalhamos em cima de um projeto em 2024”.

> Imprensa opina sobre Daitx.

Lastro como profissional

“Sou péssimo de datas, mas devo estar como técnico há uns 30 anos. E desde o primeiro trabalho tento evoluir o que fiz no último. É aplicar ideias, ver a resposta do elenco, trabalhar com a comissão técnica as ideias, ver o que o torcedor, a direção, os resultados estão dizendo, e ir evoluindo. Nunca vai ter uma repetição. ‘Ah, o trabalho no Avenida, a passagem pelo Azuriz...’. Claro que tudo que já vivenciamos vai estar no dia a dia. Mas não é repetir o que já fiz e deu resultado que vai dar certeza de ter resultado. A gente tem uma ideia e vai evoluindo há praticamente 30 anos. Estou sempre aprendendo, tentando evoluir como profissional”.

O impacto da torcida

“Até por ter enfrentado o Brasil tantas vezes, a gente sabe que a força maior do Brasil, não tem como negar, é a torcida. Essa energia, o que passa de fora pra dentro do campo. Aquela energia tem que ser o mínimo de energia que ele [jogador] tem. Raça, entrega, determinação, comprometimento com o clube. A torcida é o maior símbolo que o Brasil tem”.

> "Tenho confiança no conhecimento", diz Gabriela David.

Quesitos para a formação do elenco

“Desde a ligação, a cabeça já fica naquele pensamento do próximo passo. O que vamos fazer, se tem algum jogador que vai continuar [de 2023]. A gente já começou a projetar isso, e nos últimos dias temos tido bastante conversa. O tempo é curto, mas é suficiente. Pra mim e pra minha comissão, tem um fator que vai passar por cima de qualquer dificuldade: o 'querer' estar no Brasil vai ser um ponto fundamental. Vai tirar a falta de tempo, a dificuldade financeira. Tem que querer jogar no Brasil, tem que ter realmente um compromisso com aquilo que tu quer pra tua carreira. São fatores fundamentais pra qualquer jogador que venha trabalhar conosco. A gente vai ficar só lamentando? Pra mim, com todos os problemas que vão vir, estou muito motivado. Temos que passar por cima desses problemas, com pouco ou muito tempo”.

Realidade e respaldo

“São questões internas. Desde a conversa que tive com o Emerson [Novelini], a primeira vez, por telefone, e aqui pessoalmente, percebo que todas as pessoas que estão nesse projeto identifiquei uma característica muito clara, que pra mim é importante. Sinceridade, humildade, simplicidade. Isso é fundamental. Não vou dizer que eles me prometeram uma folha que vai ter, que ‘vamos contratar o time que tu sonha, Fabiano’. Eles foram bem realistas, e com essa realidade eu digo: a gente vai conseguir fazer um time competitivo. Além disso, a gente sabe da força muito grande que vem da arquibancada. A torcida tem que dar um voto de confiança. A gente tendo esse respaldo, vamos conseguir superar qualquer adversidade”.

> Na carreira, Fabiano Daitx tem dois títulos: a Copinha da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) em 2018, pelo Avenida, e a Série A-2 da temporada seguinte, pelo Ypiranga de Erechim.

Manutenção de alguns jogadores de 2023

“Não posso dizer nem que sim, nem que não [sobre continuidade de atletas que estavam no clube em 2023]. Acredito que a dificuldade é muito grande de se manter uma base, porque a grande maioria já está acertada com outros clubes. A gente ainda está conversando com alguns. Uma base, uma continuidade, facilita o processo. Os problemas que surgirem, vamos ter que superar. Se tiver uma base, ótimo, se não vamos começar do zero”.

Estilo de jogo

“Embora a fama dos meus times não seja a realidade, o meu principal objetivo em qualquer time, e aqui vai ser maior ainda, é o de vencer o próximo jogo. É o de vitória. Independente se tenho o jogador mais caro ou mais barato. Tenho que saber vencer com aquilo que tenho. Dar o melhor de mim e da minha comissão. É buscar resultado. Entrega, comprometimento, trabalho, equipe. Acredito em um time, numa energia. Energia que a gente sente aqui, nesse ambiente, de um time de massa”.

> Contratado em agosto pelo Esportivo, de olho na Série A-2 de 2024, Daitx pediu demissão do clube de Bento Gonçalves ao receber a proposta do Xavante.

Pré-temporada

“A primeira situação que a gente tem que definir é a data de estreia [no Gauchão]. Se não tem a data de estreia… Ah, ‘vamos começar a treinar em 15 de novembro’. Mas que dia é a estreia? ‘Ah, é no final de janeiro’. Eu entendo que tem que ter a data de estreia e, no momento que tiver, vamos ter o número que a gente considera o ideal. Mas gira em torno de 45 dias, no mínimo, um bom tempo de trabalho”.

Mapeamento do mercado

“Embora eu não tenha tido um acerto na primeira conversa, quando desliguei o telefone já contatei meus membros da comissão e já começamos a conversar com um ou outro jogador que a gente gostaria de trazer. Então é evidente que a gente já está conversando, e mapeando o Brasil todo pra ter várias opções. Quando tu pensa o teu ficha 1 ele de repente já acertou em outro clube, enfim”.

Centroavante e meia de ligação

“Se o Grêmio tem uma dificuldade com o 9, agora saindo o Suárez, imagina o Brasil. O [camisa] 9 tem que ter em qualquer time, não só gaúcho. O meia também, está cada vez mais raro. É uma realidade do futebol brasileiro. Quanto maior o leque de opções, melhor vai ser a tua contratação, mas a gente já está trabalhando bastante em vários nomes. Não vou dizer nenhum hoje [risos]”.

Força defensiva

“Essa é uma pergunta que gosto. Pra mim o futebol é um jogo de ataque e defesa a todo momento. Não posso pensar apenas em atacar. Não posso pensar apenas em defender. Mas é evidente que os números que tu disseste [repórter Sidney Kwecho, da Rádio Tupanci, sobre eficiência defensiva] fazem parte da minha carreira. Talvez porque nas equipes onde eu trabalhava a dificuldade era muito maior do que a gente vai ter aqui no Brasil. Eu digo, reconheço: treinei o Guarany de Camaquã. Pra mim, um orgulho, mas um time praticamente amador. Naquele ano que treinei [2012], foi quarto colocado da Divisão de Acesso com uma folha que era muito menor do que se sonhava em ter em qualquer outro time. Eu tinha um limão e foi feita uma grande limonada. Os jogadores compraram a ideia e fizeram um grande campeonato. Saber defender é uma arte. Saber atacar também é. Assumo isso, mas todos os times que treinei eram times que sabiam jogar, e jogavam dentro de uma ideia, que tinha uma característica defensiva muito forte. A gente tem que vender muito caro qualquer resultado, e quando sair na frente o adversário tem que saber que ele vai ter que suar pra fazer um gol na gente”.

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