O último ato dos 26 anos de carreira de Leandro Pedro Vuaden concretizou um acontecimento inédito. Dia 6 deste mês, o gaúcho de Roca Sales apitou a derrota do Santos por 2 a 1 para o Fortaleza, que definiu o primeiro rebaixamento à Série B da história do Peixe. O fim do jogo na Vila Belmiro deu início a um novo capítulo pessoal para Vuaden: ele é o novo presidente da Comissão Estadual de Árbitros de Futebol (CEAF-RS).

Com o cargo assumido na entidade vinculada à Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Vuaden substitui Luiz Fernando Moreira, presidente da CEAF por duas décadas. Ao Diário Popular, o agora ex-juiz elogiou o trabalho do antecessor e enfatizou a tradição dos profissionais de arbitragem do Rio Grande do Sul em nível nacional. Atualmente são mais de 200 filiados no Estado.

“Sempre foi uma vontade, mesmo que guardada dentro de mim. Estava me preparando porque queria continuar no meio. Principalmente na pandemia comecei a me preparar mais para isso [aposentadoria], e quando surgiu a oportunidade me coloquei à disposição”, disse ele, em entrevista concedida nesta quarta-feira (13) ao Diário Popular.

Gestão

Leandro Vuaden dá os passos iniciais como dirigente após carreira que teve em 2004 a primeira decisão de Gauchão apitada. Desde então, foram outras 13 finais estaduais. Ele fez parte do quadro da Fifa durante oito anos e foi eleito em 2011 e 2020 o melhor árbitro da Série A do Campeonato Brasileiro. Na condição de gestor, afirma que pretende prezar pelo lado humano dos profissionais.

“O árbitro de futebol também tem essa paixão. O que ele precisa é ter todo o staff à disposição. A CEAF vai ser um porto seguro para esses árbitros. É uma gestão humana que precisa ser feita, porque estão ali seres humanos. Não existe grande desempenho de um árbitro dentro de campo se não existir um grande ser humano”, defende.

VAR e cobrança

Questionado a respeito do aumento do número de jogos com o recurso do vídeo para a arbitragem no Gauchão 2024, o presidente da CEAF argumenta que vários profissionais do quadro da FGF são escalados frequentemente para partidas de competições nacionais com VAR.

“A arbitragem está sempre em processo de evolução. A busca pelo acerto é incessante, faz parte do dia a dia. [...] A cobrança, evidentemente, vai fazer parte. Mas a cobrança é a última parte do processo”, afirma Vuaden. Uma das principais polêmicas da carreira do agora dirigente aconteceu justamente em Pelotas, ao não assinalar um pênalti a favor do Brasil por toque de mão de um jogador do Juventude na final da Copinha da FGF em 2012.

Sem sorteio para escalas

Além da arbitragem de vídeo a partir das quartas de final, o Gauchão da próxima temporada sofrerá uma alteração na maneira de definição e divulgação das equipes para apitar cada partida. O método deixará de ser o tradicional sorteio, agora substituído pela realização de audiências públicas, em molde igual ao aplicado pela CBF. Via site, a FGF vai notificar o calendário de audiências, que serão transmitidas online para a publicação das escalas.

Outras informações citadas por Vuaden referentes à arbitragem gaúcha dão conta da existência de mais de 200 profissionais da área no Rio Grande do Sul. Exatos 82 árbitros foram pré-selecionados para a pré-temporada em Flores da Cunha, onde acontecerão avaliações e serão dadas orientações práticas de campo, questões técnicas e disciplinares, além de detalhamento do protocolo do VAR.