Bento Freitas

Parceria ligada à Esef/UFPel auxilia pré-temporada do Brasil

Grupo de estudo da universidade ajuda a comissão técnica xavante em preparação física, análise de desempenho e parte técnico-tática

Foto: Fabrício Boscolo - Esef/UFPel - Corrida na esteira mede inspiração de oxigênio e liberação de gás carbônico dos atletas

A pré-temporada do Grêmio Esportivo Brasil está chegando ao fim com um importante suporte que valoriza a força de Pelotas como polo universitário. Uma parceria viabilizada pelo clube com o Grupo de Estudos e Pesquisas em Treinamento Esportivo e Desempenho Físico (Gepeted), da Escola Superior de Educação Física (Esef/UFPel), vem fornecendo mais embasamento para tomadas de decisão da comissão técnica xavante.

Liderado pelo professor Fabrício Boscolo Del Vecchio, o projeto tem atualmente 20 membros, entre alunos de graduação e pós-graduação. Destes, dez estão envolvidos na preparação do Rubro-Negro para o Gauchão – cinco de forma direta e outros cinco de maneira pontual. Mesmo com os estudantes em férias da universidade, eles seguem em atividade.

“A gente tenta colocar fatos objetivos na mesa para tomada de decisão. O que a gente entrega de resultado, de avaliação, deriva de escolhas cientificamente embasadas. E aí a comissão técnica pode tomar esses fatos como mais uma variável para fazer escolhas”, explica Boscolo em visita ao Diário Popular.

A participação do Gepeted na pré-temporada do Brasil é dividida em três núcleos de ação: técnico-tático (trabalhando ao lado do técnico Fabiano Daitx e do auxiliar Gabriel Dutra); preparação física (com o preparador Lincoln Bender); e análise de desempenho (que tem Gustavo Moscareli atuando no dia a dia do clube).

Boscolo (D) já conhecia Lincoln Bender e Fabiano DaitxFoto: Arquivo pessoal

Na prática

Cada jogador contratado pelo Xavante passa, ao chegar, por uma dinamometria isocinética, teste de extensão e flexão de joelho. Realizada de modo unilateral, essa análise avalia potência e força aplicadas pelo atleta na máquina, identificando possíveis desequilíbrios entre os lados.

Conforme o líder do grupo de estudos, dados da literatura sugerem que um desequilíbrio muito acentuado aumenta a chance de lesões. “Minha função é ver essas avaliações e identificar se existem atletas com mais ou menos riscos. Aí reporto para a comissão técnica para eles avaliarem se precisam fazer algum tipo de trabalho específico ou não”, exemplifica Boscolo.

Ainda é feito um teste de potência, com saltos, para verificar a explosão dos jogadores em arrancadas e disputas aéreas. Outra avaliação envolve corrida progressiva na esteira com espirometria, usando uma máscara. Assim, identifica-se quanto oxigênio o atleta puxa e a quantidade de gás carbônico liberada. Pico de velocidade e consumo de oxigênio também são coletados, facilitando a elaboração de treinos e a análise do grau de prontidão de cada um para atuar.

“Se o atleta chega com baixa aptidão física, esse teste vai me dizer quão baixa é essa aptidão. Pode ter um cara com uma qualidade técnica gigantesca e o consumo máximo de oxigênio dele dá baixo. Então tem um cara com grande habilidade mas que não aguenta fazer esforços repetidos, de alta intensidade, por 90 minutos”, complementa o especialista.

Esses testes estão sendo repetidos agora, na reta final da preparação para o Gauchão. Os jogadores foram separados em grupos para a realização das análises. “Tem cara [jogador] aumentando mais de 15% da potência aeróbia, que é um bom resultado de resistência”, explica o professor da UFPel.

Fase final e futuro

Conforme trouxe o DP em matéria publicada no dia 7 de dezembro, a atual pré-temporada é a maior do Brasil em mais de uma década. Boscolo pede calma na análise do torcedor sobre os jogos-treino, já que o estágio da preparação tem sobrecarregado os atletas, segundo ele.

“A partir da semana que vem, a gente começa o que é chamado de polimento. Se começa a tirar um pouco do volume total, mantém as intensidades altas, e aí os atletas começam a ter a chamada supercompensação. O organismo começa a se recuperar em um nível acima do que se ele tivesse com cargas moderadas”, resume o professor da Esef.

Mas mesmo com o encerramento da pré-temporada e o começo do Estadual, a parceria – que não envolve dinheiro – vai seguir. O líder do Gepeted cultiva longa amizade com Fabiano Daitx e Lincoln Bender. O fim da preparação fará o grupo acadêmico passar a focar mais em monitoramento e estudos dos adversários e menos em avaliações.

Boscolo ressalta a baixa capacidade financeira do Brasil para montar o elenco. Aparelhos como cardiofrequencímetros, GPS, tapete de salto, fotocélula e bicicleta não são do clube, por exemplo, e fazem parte das atividades. Por outro lado, o professor elogia a dedicação dos atletas.

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