O quase centenário pórtico da Boca do Lobo, na avenida Bento Gonçalves com Félix da Cunha, não existe mais. Demolido nesta terça-feira (29), o tradicional espaço dará lugar, em breve, a uma rede de fast food que fechou contrato com o Esporte Clube Pelotas e já estampa a marca na camisa do Áureo-Cerúleo desde o começo da atual temporada.

A obra tem autorização da Secretaria de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana (SGCMU), da Prefeitura de Pelotas, e do departamento de Memória e Patrimônio da Secretaria de Cultura (Secult). Por outro lado, a mudança do tradicional cenário desagradou alguns torcedores do Lobo, que manifestaram descontentamento com a novidade, via redes sociais.

A unidade do Bob’s tem projeção de inauguração em dezembro deste ano, com 20 funcionários diretos e operação diária das 11h às 23h. Conforme um dos vice-presidentes do Pelotas, Walter Carvalho, o local estava desalugado e o empreendimento da franquia não impedirá o acesso do público ao estádio pela Bento. “É uma coisa que vai trazer benefícios pra todos, além dos valores envolvidos pra locação do espaço”, defende.

Ainda segundo o dirigente, a chegada do Bob’s valorizará a área da avenida e terá, entre os atrativos, o serviço de drive-thru. Nos dias de jogos, a empresa poderá atender a torcida antes, durante e depois dos confrontos. O acesso da ambulância para as partidas também não vai sofrer alterações. Não foi informado o período de validade do contrato do clube com a marca.

Perguntado a respeito de outras obras ao redor do estádio, o vice-presidente afirma que avançam em ritmo diferente dessa, da rede de fast food. “Esses projetos maiores demandam mais tempo pra sua execução, e também por conta disso, uma demora em termos de retorno financeiro. Então essa situação do Bob’s ali é uma questão mais rápida, porque o clube precisava de recursos de forma mais imediata, pra manutenção do clube”, explica.

As mudanças

Diretor de história e documentação do Pelotas, Fred Mendes relata existirem registros da década de 1920 em que o pórtico ainda não havia sido levantado. Sob a ótica de Walter Carvalho, a manutenção da estrutura já não fazia parte dos projetos de obras no entorno da Boca do Lobo. O vice-presidente recorda de outras mudanças patrimoniais pelas quais a casa azul e ouro passou.

“Cada pessoa tem a sua opinião e o direito de se manifestar. Mas a verdade é que aquele pórtico já não estava, mesmo nas outras previsões de obras do clube, não se estava pretendendo fazer sua manutenção porque ele já não tinha mais sentido de ficar ali. […] Nós temos o estádio mais antigo em operação do País”, sustenta o dirigente.

Entre as reconfigurações da Boca do Lobo, Carvalho e Mendes citam, por exemplo, o pavilhão de madeira que deu lugar a um mais moderno, há um século. Décadas depois, surgiu o pavilhão atual. A arquibancada da Gonçalves Chaves – derrubada em 1977 para a construção de uma nova – e a criação do tobogã, nos anos 80, também foram lembradas, assim como a mais recente obra, que deu vida à arquibancada da Doutor Amarante.