Entrevista

“Tenho confiança no conhecimento”, diz Gabriela David, diretora de futebol do Brasil

Nova dirigente xavante fala sobre formação da chapa, profissionalização do clube, primeiros trabalhos e representatividade feminina em cargo de alto escalão

Foto: Italo Santos - Especial - DP - Gabriela estará na pasta ao lado do vice Emerson Novelini (a seu lado na foto no dia da posse do presidente Gonzalo Russomano) e do gerente Luis Fernando Hannecker

Aos poucos, o torcedor do Brasil vai conhecendo os novos responsáveis por dirigir o clube em mais uma reconstrução. A chapa empossada na última segunda-feira (16) terá o auxílio de outros nomes, e um deles é o de Gabriela David. Apresentada como diretora de futebol do Xavante, ela atendeu a reportagem nesta quarta para uma conversa sobre alguns dos principais assuntos dos primeiros passos do trabalho.

Doutora em Educação Física, Gabriela traz representatividade feminina ao mais alto escalação do Rubro-Negro. O que é raro - ou até inédito, já que fontes consultadas pelo Jornal não recordam de outra mulher em um cargo como esse em um departamento de futebol na dupla Bra-Pel. Vale lembrar que a nova Executiva do clube do Bento Freitas também tem Chavélli Curi Hallal, vice-presidente administrativa.

As ações iniciais da nova gestão já começaram. Durante a tarde desta terça, uma reunião aconteceu no Bento Freitas dos setores de futebol, administrativo e financeiro do clube. Entre os temas, a identificação da verba disponível para contratações de membros de comissão técnica e atletas, de olho na pré-temporada para o Gauchão 2024. Estiveram presentes Gabriela, Chavélli, Vilmar Xavier (vice de finanças), Emerson Novelini (vice de futebol), William Krolow (diretor financeiro) e Renato Rezende (novo diretor administrativo).

Na entrevista, a nova diretora de futebol do Brasil, que já atuou na coordenação do projeto do time de futsal adulto do Paulista, falou a respeito desse e de outros temas. Confira.

Como foi esse processo de formação da chapa? Como começou? Foi rápido? Já era algo imaginado?

Eu já tinha a intenção de formar uma chapa, mas eu não estava conseguindo parceiros. Estava difícil de encontrar gente que quisesse enfrentar esse desafio. Um amigo em comum, com outra pessoa que também estava querendo montar, passou o meu nome e do William [Krolow] pra gente tentar também. Sozinhos, não estávamos conseguindo montar cada um sua chapa, mas tínhamos pessoas que ajudaram a gente a se alinhar e montar a chapa. Depois que a gente se alinhou, foi rápido esse processo.

Quais tuas referências de estilo de trabalho pra atuar como diretora? O que tu pensa sobre futebol e pretende colocar em prática junto com o resto do departamento?

Apesar de ter trabalhado dentro do Paulista, um time amador, muitas coisas que acontecem, ou que não acontecem no Brasil são muito semelhantes. Internamente, o Brasil ainda estava muito amador no processo de futebol. Minha ideia é colocar as coisas pra rodarem minimamente como é necessário rodar um departamento de futebol. A gente está muito alinhado nesse pensamento, tanto eu, quanto o Emerson, quanto o pessoal da chapa. São coisas mínimas que o Brasil precisa alinhar pra que o futebol aconteça da melhor maneira possível. Colocar em prática questões simples, como organização do dia a dia, local de treinos, disponibilizar almoço, café da manhã, refeição pros atletas, alinhadas com um nutricionista. Que a fisioterapia, nutrição, preparação física trabalhem em conjunto pra minimizar os riscos dentro do campo. A ideia é minimamente organizar esse departamento de futebol pra que as coisas funcionem como devem ser e nada de errado aconteça.

O Luis Fernando [Hannecker, gerente] permanece e o clube terá também o [Emerson] Novellini no futebol [vice-presidente]. Em curto prazo, quando devem iniciar os anúncios de comissão técnica e elenco?

Com o Luis e o Novelini a gente já está conversando desde que a chapa tomou posse. Estamos bem alinhados nos pensamentos. Pensamos bem parecido com o que é o futebol que o Brasil precisa nesse momento. Quanto a nomes, a gente já consegue pensar minimamente no que a gente quer. Mas pra isso a gente precisa primeiro alinhar a questão financeira. Antes de anunciar treinador e elenco, antes de fechar contratos, precisamos alinhar a questão financeira, que é o nosso maior objetivo nesse momento. A gente está correndo contra o tempo, mas quando a gente alinhar isso vamos poder tomar decisões pra dentro do campo. Primeiro a gente está agindo fora do futebol, pensando no Brasil como clube.

O que significa a presença de uma mulher em um cargo tão importante e que na imensa maioria dos casos é ocupado por homens?

É algo que sei que vou sofrer bastante preconceito, apesar de essa presença estar aumentando. A gente tem o exemplo da Leila [Pereira], no Palmeiras [atual presidente], há uns anos tinha a Patrícia [Amorim] como presidente do Flamengo [2010 a 2012]. Mas a gente conta nos dedos quantas são no cenário nacional. Então é um cargo difícil de enfrentar sendo mulher. Já seria difícil pra qualquer um, porque é de extrema importância pro clube, pro futebol em si, e sendo mulher acredito que seja mais difícil pra mim, pra eu mostrar pras pessoas por que eu estou no cargo. De onde vem o conhecimento, por que uma mulher está assumindo? Ao mesmo tempo é desafiador e motivante, pra alavancar novas mulheres pra tomarem a frente nesses cargos. Muitas podem não ter coragem de assumir essas posições. Tenho confiança no conhecimento e no trabalho que tenho a desenvolver. Acredito que superando esses preconceitos, que a gente não pode levar em conta - tem que tentar ignorar e focar só no trabalho -, vamos ter bons resultados.

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