Encontro

1º Congresso Presença Negra busca promover uma sociedade mais igualitária

Evento contou diversas personalidades que propuseram amplas discussões sobre a temática racial

Foto: Carlos Queiroz - DP - Evento abordou temas como empreendedorismo e combate ao preconceito racial

Por João Pedro Goulart
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(Estagiário sob supervisão de Lucas Kurz)

Entre quarta (15) e quinta-feira (16), no auditório do Sicredi, ocorreu a primeira edição do Congresso Presença Negra - Legado e Futuro. O evento, organizado pela Câmara Municipal de Pelotas, teve dois dias repletos de discussões caracterizadas pela expressividade, com o compartilhamento de histórias, experiências e vivências que englobam diversos assuntos inerentes à negritude como legado histórico e como futuro. Através dos debates, foi possível trazer à tona temas como empreendedorismo, representatividade e o combate ao preconceito racial. O evento teve entrada gratuita ao público.

O congresso pretende fomentar o debate com a população e também a comunidade acadêmica. De acordo com o presidente da Casa Legislativa, vereador Cesar Brisolara, o Cesinha (PSB), o evento tem como objetivo aproximar a Câmara Municipal de Vereadores da sociedade, com o aprofundamento da discussão sobre questões raciais. O presidente lembra que, atualmente, existem quatro vereadores negros na Câmara, o que é um marco na história de Pelotas. Com a ideia de melhor aprofundar os debates em torno disso, o vereador Cesinha propôs o evento. "A Câmara de Vereadores tem a medalha Mestre Batista, que todos os anos premia algumas pessoas. E neste ano, nós fizemos não só a entrega da medalha, mas sim dois dias de intenso debate", disse o presidente.

No primeiro dia de congresso, durante a manhã, tarde e noite, foram expostos painéis, palestras e apresentações sobre diversos temas como: empreendedorismo, comunicação, música, talentos, maternidade, preconceito, autocuidado, entre outros. Todos relacionados ao universo negro no Brasil. O destaque foi para Júlio César Farias, conhecido como Zudizilla, rapper conceituado nacionalmente, que contou ao público sobre sua história de vida inspiradora e promoveu uma conversa com a plateia. "No dia de ontem [quarta], passaram 21 pessoas: painelistas, palestrantes, congressistas, influencers, advogados, educadores, artistas, profissionais da nutrição, terapeutas, etc. Diversas áreas, não só a questão cultural dos negros", lembrou Brisolara.

Já ontem a programação continuou na parte da tarde e noite, com a apresentação de mais painéis e palestras voltadas à luta negra na sociedade. Na abertura do segundo dia, um dos palestrantes foi Éder Ribeiro, pesquisador e presidente da Comunidade Quilombola Vó Elvira. Ele ressaltou a importância do congresso e que as comunidades quilombolas são fundamentais na representação da presença negra, mostrando sua existência. "Foi fundamental evidenciar as comunidades", afirmou.

De acordo com Cesinha, o tema Legado e Futuro envolve, inclusive, a discussão de uma história emblemática envolvendo a própria Câmara de Vereadores. "Em 1895, o presidente da Câmara ofereceu 400 mil réis para matar e fazer a extinção de Manoel Padeiro (líder dos quilombolas). Entendemos a extinção como um ato simbólico para nenhum outro tentar o mesmo. O presidente ofereceu mais 200 mil réis, para matarem os 11 companheiros de Manoel (quilombolas de Pelotas). Isso está nos anais da Câmara de Vereadores", contou. Nesse sentido, o Congresso Presença Negra funciona como ponto de partida de uma rediscussão: não considerar essa história um legado, mas sim, lembrar desse fato com o objetivo de que isso não ocorra novamente, e a partir disso, construir o futuro com uma perspectiva diferente.

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