Evento

2º Moda em Surto valoriza a vida após os momentos de crise

Desfile ocorre com roupas customizadas pelo próprio grupo de ex-pacientes

Foto: Italo Santos - especial - DP - Coleção cápsula da 2ª edição do Moda em Surto foi apresentada no estacionamento do Hospital Espírita de Pelotas

João Pedro Goulart
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(Estagiário sob supervisão de Lucas Kurz)

Com o lema "Depois da Tempestade", a coleção cápsula da 2ª edição do Moda em Surto foi apresentada no estacionamento do Hospital Espírita de Pelotas (HEP), na tarde de terça-feira (10). Ex-pacientes, membros da equipe técnica e participantes dos grupos de Oficinas Terapêuticas (OT) desfilaram e exibiram o conjunto de peças customizadas por eles mesmo durante as oficinas. O Moda em Surto tem a ideia de espalhar a mensagem da desestigmatização da visão social em cima das questões que envolvem a saúde mental e seus usuários. O maior evento do ano para a equipe técnica da OT, também aconteceu em uma data representativa, o Dia Internacional da Saúde Mental, tornando tudo mais especial.

O evento nasceu no ano passado dentro da Oficina Terapêutica, que trabalha com pacientes vindos da área de internação do HEP. O grupo, então, a partir de sobras de roupas do brechó, uma atividade que já é tradicional, customizou estas peças para criar a primeira coleção cápsula "Não é mi mi mi". Agora, na segunda edição do evento, as roupas antigas foram comercializadas, dando lugar para a amostra da nova coleção, com o tema Depois da Tempestade. "O intuito foi dar um sentido para esse trabalho que os pacientes estavam fazendo […] e surgiu o Moda em Surto, esse evento aberto ao público, com intuito de desmistificar o trabalho realizado aqui no HEP", disse Laura Britto, terapeuta ocupacional no hospital.

Com o intuito de atrair a comunidade para o hospital e quebrar o preconceito em torno da saúde mental mostrando a variedade de corpos e tipos, o desfile teve uma prévia com música com o Centro Musical Batuta. Além disso, houve a presença de muitas cores na apresentação das peças. O colorido utilizado em abundância expressou o que vem depois da dificuldade da crise. "Tem o momento de tempestade, demonstrando a crise, a dor dos nossos pacientes até o momento da calmaria, o momento que tudo se estabiliza", completou Laura. O desfile se dividiu em três momentos poéticos: a tempestade, o caminho para o arco-íris, e o encerramento dançando na chuva.

As organizadoras ainda destacaram o trabalho exercido na Instituição quanto à reinserção dos pacientes na sociedade, tanto os internados quanto os oriundos de internação que são encaminhados para a Oficina Terapêutica. Com várias oficinas de geração de renda, para ensinar ofícios aos pacientes, elas dizem que buscam introduzir novamente essas pessoas na sociedade. Oficinas estas que se tornaram feirinhas para angariar fundos para a instituição no evento da terça. A Feira do Brechó "Não é mi mi mi", Feira do HEP Arte, Feira da Oficina Terapêutica e a Feira da Nutrição fizeram parte do desfile.

Liamara Leal, 48 anos, é ex-paciente do HEP e participa do grupo da OT. Ela foi uma das que desfilaram não só neste ano, como também no anterior, trajando as roupas customizadas na oficina do HEP. Ela ressaltou o sentimento de valorização ao participar. "A gente se sente vivo, útil. É ótimo", disse.

Inclusive, familiares de pacientes em tratamento também integraram o desfile. É o caso do Eduardo Machado, 56 anos, que dá toda a força para a organização que cuidou de sua irmã, quando ela estava internada. Ele deu detalhes de um acontecimento especial no desfile de 2022 que irá se repetir em 2023. "Ano passado fizemos um desfile para os internos depois do nosso evento. E quando fizemos, vários vieram me abraçar e dizer 'um dia quero estar no seu lugar'. Eles não sabiam que eu nunca fui paciente", conta. Para ele, a função do evento é mostrar a vida das pessoas sem rejeição.

Carlos José Jardim, diretor do Hospital Espírita de Pelotas, evidenciou a importância do desfile. "O mais importante é que nós estamos dando razão ao nosso lema: O homem é visto como um ser total.", disse. Para ele, o evento foi um momento de integrar o homem em sua felicidade e alegria, assim como é citado na frase que está exposta na fachada do Prédio do HEP.

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