Entrevista

“A prioridade é avançar na temática de inovação”

Novo presidente do Badesul, Claudio Gastal tem longa ligação com Pelotas e pretende fazer a agência de fomento atuar também na promoção dos interesses do Estado

Mauricio Tonetto - Secom - DP - Recém empossado, o chileno radicado em Pelotas pretende usar o conhecimento acumulado à frente da Secretaria de Planejamento e Gestão para aproximar o Badesul dos objetivos do Estado

Nascido em Santiago, no Chile, mas com longa ligação com Pelotas, onde viveu a partir dos 11 anos de idade, se formou e lecionou até 2002, Claudio Gastal assumiu na semana passada a gestão do Badesul Desenvolvimento S/A - Agência de Fomento. Na gestão anterior de Eduardo Leite (PSDB) frente ao governo do Estado, foi titular da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). Gastal, hoje com 54 anos, ainda mantém vínculo como docente da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Também montou o Movimento Brasil Competitivo (MBC) em Brasília. Ele conversou com o DP sobre as perspectivas à frente da agência de fomento.

Como encara esse novo desafio à frente do Badesul?
Estamos iniciando. É uma agência de fomento, a gente tem uma carteira ativa de R$ 2,2 bilhões, que são recursos que estão no mercado, em investimentos feitos em todos os municípios do Rio Grande do Sul. Apresentou um lucro líquido de R$ 49 milhões em 2022 e a nossa meta é manter esses resultados, manter esse tipo de carteira durante 2023, independente da situação que a gente tem visto de juros altos, taxa Selic alta, sem perspectiva de baixa.

Já tens uma avaliação inicial das possibilidades e desafios que vais ter à frente dessa gestão?
O Badesul tem se caracterizado pela sua história como agência de fomento, tem mais de 45 anos de vida, como agência de fomento tem 25 anos, sendo uma agência muito próxima aos municípios, ajudando no financiamento de infraestrutura, no sistema viário, saúde, educação e também no agronegócio de maneira muito forte. O que a gente tem como prioridade é avançar na temática de inovação. É o Badesul ser uma agência de fomento das startups gaúchas, ou seja, cada vez mais ampliar o financiamento de inovação. Hoje a gente já tem R$ 50 milhões subscritos em fundos de inovação. Destes, já R$ 40 milhões investidos em empresas e startups gaúchas. Nós queremos aumentar e aprofundar a questão da inovação, não somente no sentido lato sensu, mas também dando suporte às áreas tradicionais do mercado, como agrotechs na agricultura, no próprio setor público com govtechs, buscando ver a inovação de forma transversal a todos os setores da economia gaúcha.

No teu discurso houve a promessa de protagonismo da agência no desenvolvimento gaúcho, falando em inovação, sustentabilidade e atração de investimentos…
Outro eixo importante é a economia verde, do financiamento das energias renováveis, do hidrogênio verde, que é uma prioridade do Estado no seu desenvolvimento econômico, assim como o Badesul ter um protagonismo como agente de promoção e atração de investimento. Ele é uma das 14 agências de fomento do Brasil. Nós pretendemos, na minha gestão, abrir esse braço de atuação do Badesul e ser uma agência de atração de investimentos e promoção do Estado para fora do País.

O governo admite que a Zona Sul é carente, em relação a outras regiões do Estado, em termos de desenvolvimento. Tu, como alguém daqui, à frente de uma agência voltada ao desenvolvimento, tem alguma ideia de projetos específicos para a região?
Como agência de fomento, temos essa característica de fomentar o desenvolvimento econômico e regional. Indiscutivelmente a região Sul é carente, acaba tendo muitos vazios urbanos, ou seja, é muito agropastoril, e isso faz com que tenha menor densidade demográfica e, logo, menor densidade de empreendimentos. O Badesul já tem linhas que apoiam, de maneira diferenciada em termos de crédito, a região Sul. Utilizamos o Idese (Índice de Desenvolvimento Socioeconômico), que de alguma maneira dá o diferencial para aqueles municípios que tenham índices menores, mas também o Badesul tem uma linha muito forte de agricultura. Só para ter uma ideia, de 2019 a 2022 foram mais de R$ 500 milhões investidos em projetos de irrigação, armazenagem, recuperação de solos e infraestrutura no setor agrícola. E isso é uma área que tende a ser cada vez mais fortalecida pelo Badesul, e portanto fortalecendo as próprias regiões. Outro caso importante, que de alguma maneira os empreendimentos rurais da Metade Sul podem lançar mão que têm créditos mais facilitados, é o de turismo, hoje cada vez mais está surgindo isso. A linha do fundo de turismo hoje é mais facilitada, com menor custo para empreendimentos.

Vocês atendem tanto setor público quanto privado. Quais as prioridades em cada uma dessas frentes?
No agronegócio a gente vai ter muita prioridade na questão da irrigação e armazenagem. Na questão empresarial, muito tem sido feito na questão de turismo, e no serviço público a gente tem trabalhado em infraestrutura viária e questões de educação e saúde, financiando escolas e postos de saúde nos municípios que têm necessidade. Claro que essas linhas prioritárias dependem da demanda de cada usuário. Hoje, indiscutivelmente, a linha de inovação é prioritária porque tem crédito mais barato, porque tem apoio de outros órgãos que estimulam. Mas não quer dizer que fique restrito. Nossa ideia é estar buscando constantemente ter ações de linhas específicas para setores específicos com melhor crédito. A grande prioridade do Badesul é estar cada vez mais próximo, de maneira descentralizada, dos municípios e das regiões do Estado.

Como a ação à frente da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão te ajuda nesse novo desafio?
O objetivo da minha vinda para o Badesul foi, pela experiência de estar na centralidade do governo nos últimos quatro anos, tendo enfrentado as reformas que foram feitas, as concessões, privatizações, é levar o Badesul para protagonismo maior nas políticas de desenvolvimento do Estado, estando mais próximo ao governo, da sua centralidade. Ele tem que estar alinhado às estratégias de desenvolvimento econômico do Estado. Então, duas coisas são prioritárias nessa minha gestão no Badesul: uma é trabalhar muito a questão de um planejamento de longo prazo do desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul com a parceria com o setor privado, com entidades de classe, com a própria Secretaria, e a segunda é transformar o Badesul, além de ser uma agência de fomento, em uma agência de atração e promoção do Estado.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Encontros discutem implementação do Ensino Médio em Tempo Integral no Estado Anterior

Encontros discutem implementação do Ensino Médio em Tempo Integral no Estado

Aviso de licitação abre caminho para nova ponte sobre o Rio Jaguarão Próximo

Aviso de licitação abre caminho para nova ponte sobre o Rio Jaguarão

Deixe seu comentário