Inclusão

Caminhada da conscientização sobre o autismo mobiliza centenas de participantes

Na 11ª edição da atividade, a principal demandas é maiores oportunidades para o desenvolvimento adequado de jovens e adultos com a condição

Foto: Jô Folha - Tradicional caminhada é realizada anualmente na Semana de Conscientização sobre o Autismo

Com o tema “valorize as capacidades e respeite os limites”, a tradicional caminhada de familiares, amigos, professores e pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) concentrou centenas de pessoas, que ocuparam toda a quadra do calçadão de Pelotas, entre as ruas Voluntários da Pátria e General Neto na manhã deste sábado (6). A atividade integra a 11º Semana Municipal de Conscientização sobre o Autismo e, além de chamar a atenção para a importância da inclusão, tem como principal reivindicação neste ano mais políticas públicas e espaços voltados ao desenvolvimento de jovens e adultos com a condição

Na rota com destino final no largo do paço municipal, os participantes da caminhada coloriram as ruas do centro com suas camisetas azuis, cartazes e balões. Também não faltou animação com o grupo de capoeira da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e o bloco carnavalesco do Mapa. Organizada pela Associação de Amigos, Mães e Pais de Autistas e Relacionados com Enfoque Holístico (Amparho), esta edição da caminhada chama a atenção para a integração social e formação de autistas após a adolescência e o período escolar. 

Centenas de participantes ocuparam as ruas do Centro na caminhada dedicada a inclusão e conscientização sobre as pessoas com autismo. Foto: Jô Folha


Presidente da entidade, Eliane Bitencourt declara que “às vezes a gente tem a impressão que as pessoas acham que a deficiência termina aos 15 anos”. Mãe do Márcio, de 19 anos, ela conta que se não fossem as atividades realizadas na Apae, como a roda de capoeira, ele estaria sem nenhuma ocupação. “Essa rede que atende eles, como a Apae, são poucas ainda, meu filho está lá, mas ainda tem tantos outros que não estão”. Conforme a representante, as dificuldades quando as pessoas com autismo chegam à idade adulta são muitas, desde o acesso à educação e ao mercado de trabalho até a falta de integração social. “Temos vagas para PCD, mas apenas em 4% elas são aceitas para pessoas com autismo, por todas as características que eles têm, como problemas de interação social”.

Com comportamentos ainda infantis, o obstáculo para Márcio é o convívio com pessoas de sua idade e com as crianças. “A falta de pertencimento, porque ele tem um corpo de um jovem de 19 anos, mas com comportamento de um menino de dez anos, aí ele nem está com as crianças nem com os jovens. Os nossos filhos têm esse problema”, ressalta. Uma das demandas da Amparho é para que haja, nos espaços públicos de lazer, brinquedos destinados a adultos com algum tipo de condição especial. 

Dificuldades em um diagnóstico recente 

Assim como na realidade de autistas adultos, ainda na infância, com um diagnóstico recente, as dificuldades enfrentadas pelos familiares e as crianças com TEA são inúmeras. Mãe da Mariana, de cinco anos, que foi diagnosticada no ano passado, Pâmela Cardoso conta que na escola não há um profissional auxiliar para dar o suporte necessário à criança. “As terapias também são muito caras, cada sessão é R$ 200 e ela teria que fazer seis por semana e tu não consegue pelo Estado. É bem difícil, tu acaba fazendo das tripas coração para conseguir as coisas”. 

Além disso, a mulher relata que desde que descobriu a condição da filha teme pelo futuro e os desafios que a menina terá que superar. “Se o mundo fosse um pouco melhor seria tudo mais leve para a gente, porque o medo que a gente tem é quando ficar adulto”. 


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