Lamento

Entre falta de infraestrutura e safra fracassada, sensação de desamparo na Z-3

Buracos que tomam conta das principais ruas da Colônia causam transtornos e prejuízos; em paralelo, pescadores estão sem fonte de renda e aguardam auxílio emergencial sem previsão

Foto: Volmer Perez - DP - Situação nas ruas é alvo de reclamação constante

As ruas de chão batido, completamente esburacadas e com barro acumulado são a realidade em que os moradores da Colônia Z-3 estão historicamente acostumados. Mesmo assim, a falta de condições adequadas não deixa de ser um transtorno constante, em que muitas vezes impedem as pessoas do seu direito de ir e vir. Aliado a isso, metade da ponte de madeira que dá acesso à localidade está destruída desde setembro. Com uma comunidade que vive essencialmente da pesca, as condições de vida são ainda piores diante de uma safra de camarão fracassada.

A cerca de 40 minutos de distância do Centro, os residentes da Colônia Z-3 têm a impressão de não pertencerem a Pelotas e os relatos são de uma sensação de “abandono” e “descaso”. Isso porque, conforme os moradores, autoridades políticas só lembrariam da região na Semana Santa e na safra de camarão pela movimentação comercial. Em um ano sem nenhum sinal do crustáceo e da tainha, na Colônia só circula quem é residente. As ruas são um empecilho para o trânsito.

Proprietária de um mercado em frente a um dos piores trechos da rua Antonio Studzinski, Karen Rodrigues, diz que já entrou em contato com vários vereadores e alguns secretários. No entanto, a solução é somente temporária. Ela reclama ainda que diante da manutenção que era realizada com aterro, os pátios das casas estão abaixo do nível da rua. A comerciante compara a situação com a única ponte que dá acesso a Colônia e que desde as cheias de setembro está parcialmente destruída. “Teve uma equipe ali, ficaram três dias e no quarto foram embora, deixando inacabado. Aí agora eles colocaram umas placas para enfeitar. Vai cair a outra [parte] porque eu faço caminhada até lá todos os dias e ela está balançando. Tu denuncia e não adianta, é sempre esse descaso”.

Falta de infraestrutura e renda
Já na rua Fausto Carrenho, o morador Claudemar de Oliveira Junior lamenta. “Aqui o pessoal colocou um aterro porque capinaram os pátios, tem esses buracões e fica meses assim”. O pescador estava com um colega trançando uma rede danificada para guardá-la para a próxima safra, já que nesta a esperança de antes do período defeso capturar alguma quantidade considerável de camarão foi totalmente frustrada.

Enquanto conversava com a reportagem, Oliveira Junior viu os colegas que voltavam da Lagoa. Nas expressões dos homens, já na terceira idade, dava para notar a decepção, com sacolas com três ou quatro peixes no máximo, quando o pescador perguntou sobre o resultado nas redes, um deles responde: “gastei 40 litros de diesel e peguei duas corvinas”.

Claudemar complementa a declaração do colega. “Não tira nem para comer, está R$ 7 o litro do diesel aqui. Fomos anteontem para experimentar e é só gasto”. O pescador lamenta que desde outubro aguarda o auxílio emergencial do governo federal anunciado na visita do ministro da pesca, André de Paula, à Colônia. “E o defeso a gente faz só em maio para receber em junho”.

O auxílio extraordinário contemplaria os pescadores artesanais que foram fortemente atingidos pelas cheias de setembro que inundaram inúmeras casas e causaram grandes perdas aos moradores da localidade. “Deram uma sacola que não dá para uma família.

O que diz a prefeitura?

O secretário de Desenvolvimento Rural, Romualdo Cunha Júnior, explica que no primeiro trimestre deste ano foram realizadas ações internas para rebaixar o nível de algumas ruas, visando prevenir alagamentos, especialmente devido à proximidade do leito das ruas com as residências. Em alguns pontos, é necessário utilizar saibro para evitar danos às tubulações durante o processo de patrolamento. O trabalho seguirá nas próximas semanas.

Atualmente, a estrada principal recebe manutenção semanalmente, no entanto, nos últimos dias, as chuvas impediram a realização do patrolamento, explica o titular da pasta. Para seguirem os trabalhos, é necessário aguardar que o solo seque adequadamente.

Quanto à ponte de acesso à região, Cunha destaca que é necessária a chegada de um material chamado chapéu de ponte para sua conclusão. A previsão é de que o material chegue nas próximas semanas. Tão breve chegue, as equipes estarão de prontidão para retomar o trabalho. Vale ressaltar que neste trecho existe uma ponte dupla, permitindo a trafegabilidade normal em meia pista.

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