A 5ª Coordenadoria Regional De Educação (CRE), que abrange municípios da região sul, possui cinco escolas com a modalidade Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI). Duas delas estão em Pelotas. Na manhã da última segunda-feira, teve início a formação de gestores, equipes diretivas, chefes de divisão das Coordenadorias Regionais de Educação e secretários de escola para o novo formato, realizada pela Secretaria de Educação do Estado (Seduc). Com a adesão de outras escolas estaduais neste ano, serão 205 instituições em tempo integral no Estado.

Em Pelotas, a Escola Técnica Estadual Professora Sylvia Mello aderiu ao EMTI em 2018, e o Colégio Estadual Cassiano do Nascimento em 2020. Além dessas, outras cidades que fazem parte da 5ª CRE também possuem escolas com o novo método, são elas: Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Hermes Pintos Affonso, em Jaguarão, desde 2018; Instituto Estadual de Educação Dr. Walter Thofern, em São Lourenço do Sul, desde 2023; e EEEM João de Deus Nunes, em Canguçu, que apenas neste ano adotou a nova configuração.

A resposta da comunidade e integrantes das escolas para o novo formato foi positiva. "Percebe-se os alunos interagindo mais entre si e com as demandas da escola", explica Alice Szezepanski, coordenadora da 5ª CRE. Segundo ela, o tempo na escola faz com que todos se sintam protagonistas na sua história escolar. "Gera um sentimento de pertencimento, de envolvimento com o cotidiano e amplia o convívio e o diálogo entre o que a escola oferece e a expectativa dos alunos".

Dificuldades no início

Atualmente, a mudança é vista de forma positiva e inovadora. Mas, no início, não foi assim. Cristiane Vasconcellos, diretora do Colégio Estadual Cassiano do Nascimento afirma que o começo da implementação foi difícil, com uma certa resistência dos professores, alunos e membros da equipe diretiva. Nesta semana, a diretora está participando da formação do Médio Integral da Seduc, em Porto Alegre.

Além disso, a falta de recursos e falta de preparo da equipe também dificultaram o início. O Colégio Cassiano, agora, já recebeu materiais para laboratórios e salas de aula, mas a estrutura só chegou à instituição tempos depois da implementação do EMTI. "É claro que ainda faltam algumas coisas, mas a gente está criando um caminho realmente para o médio integral se consolidar no nosso Estado e mudar essa mentalidade dos alunos", ressalta.

Cristiane conta que a adesão ao EMTI no Cassiano ocorreu na época da pandemia, em 2020. Em razão disso, não foi colocado em prática logo de cara, e sim somente em 2022, com um retorno positivo dos alunos. "Eles acabam ficando muito tempo na escola e tendo esse sentimento de pertencimento muito grande".

Para Ana Paula Boanova, Professora e Coordenadora da Área de Ciências Humanas da escola, o formato integral proporciona ao aluno um maior envolvimento com a escola, mas ainda existem alguns pontos que podem ser melhorados. "Alguns ajustes no currículo, mas para que isso ocorra é importante uma valorização dos profissionais de educação". Ela destaca que são necessários funcionários capacitados de vários setores. "A escola, de praxe, é feita de uma equipe multidisciplinar. Numa escola integral, onde a socialização se torna mais intensa, a presença de vários profissionais é imprescindível, se tornando o maior obstáculo para a implantação desse ensino de forma plena", explica.

O novo formato

Expandir o Ensino Médio em Tempo Integral é uma ação que possui prioridade no governo do Estado. O projeto tem como objetivo garantir novas oportunidades de aprendizagem e protagonismo a todos os jovens da rede de ensino. A proposta pedagógica apresentada por esse novo formato é multidimensional, integrada às dinâmicas da atualidade e ao desenvolvimento das competências cognitivas socioemocionais.