Prejuízo

Queima de contêineres custou R$ 120 mil a Pelotas em 2023

Durante o ano passado, pelo menos 60 coletoras de resíduos foram queimadas na cidade, conforme o Sanep

Foto: Volmer Perez - DP - Problema é frequente na cidade

No último sábado (27), mais uma vez, um dos contêineres destinados à coleta de resíduos sofreu com a ação de vândalos em Pelotas. Neste caso, os criminosos atearam fogo na lixeira que fica localizada na rua Doutor Cassiano, quase esquina com a Padre Anchieta. O problema, embora chame a atenção pela falta de sentido aparente, tem se normalizado cada vez mais na Cidade, acontecendo de forma mais frequente e em endereços variados.

Com olhares sempre atentos para as vias, um segurança privado de um prédio próximo ao local, que preferiu manter sua identidade preservada, conta que o problema é extremamente comum nas ruas. O segurança também vigia a área na parte da madrugada há cerca de 27 anos, e revela que, certa vez, sete contêineres foram queimados somente em uma noite. Segundo ele, os autores destes crimes, em sua maioria, não são moradores em situação de rua. "São pessoas que fazem vandalismo mesmo. Morando ou não morando na rua, o cidadão tem que ter educação. Isso aí a gente que paga. Isso é que nem pichação, para mim é vandalismo e qualquer pessoa pode fazer [...] Geralmente o que picha é um cara bem arrumado, às vezes uma dupla, um casal", compara o vigilante.

O segurança revela que já testemunhou casos como o de sábado inúmeras vezes pelas ruas da Cidade em que circulava à noite. "Quando eu vejo alguma coletora incendiando, eu aciono o Corpo de Bombeiros. Quando tem alguém próximo que eu acho suspeito, eu chamo a Brigada Militar", ressalta. No entanto, a tentativa de impedir que o criminoso saia impune é frustrada, de acordo com o vigia. "Na realidade, tem que pegar no flagrante. Se não tiver flagrante, não tem crime", concluiu. Outra alternativa de identificação seriam as câmeras de segurança instaladas nos comércios e conjuntos residências, porém, para o homem, essa opção funcionaria se houvesse mais anseio pela resolução dos problemas e proporcional punição dos seus executores.

Exatamente em frente ao ponto onde o contêiner foi queimado há um estabelecimento, do proprietário Rodrigo Soares, de 40 anos. Passado o fim de semana, reabriu a loja na manhã de segunda-feira (29) e logo percebeu que uma das duas lixeiras haviam sido queimadas. Então, para entender o que havia acontecido, recorreu à câmera de segurança que fica posicionada diante das coletoras de lixo. "Percebi que foi no sábado, às 19h45min. Um senhor passou, se esticou, riscou um fósforo ou isqueiro e ficou ali na esquina só olhando, para ver pegar fogo. Depois, pegou fogo e ele foi embora", contou o comerciante, sobre o que viu nas imagens.

Conforme seguiu relatando Soares, os contêineres que ficam ali já foram, em oportunidades recentes, usados como escada que facilitava o roubo de lâmpadas da loja, e por isso achou estranho a queima de um deles. Mesmo assim, nos dois anos que está com a loja no local, já percebeu trocarem as lixeiras por conta de incêndios em outras três ocasiões. "Pensei que pudesse acontecer de alguém passar e jogar uma bituca de cigarro ali, e como tem muito papel que o pessoal joga, prender fogo, mas não. Foi intencional mesmo".

Após conversar com um morador vizinho, ele nem imagina o valor que um contêiner semelhante pode custar, mas sabe que este dinheiro sai do bolso da população e impede investimentos para uma cidade melhor. "Depois, a gente reclama que a cidade está com as ruas sujas. Claro, a sujeira vai toda para fora. Sem falar que o dinheiro que poderia ser gasto em outras coisas está sendo gasto nisso", critica.

Muito próximo de onde essa lixeira foi queimada, na Padre Anchieta, marcas de plástico derretido próximo ao meio fio apontam que, recentemente, isso também aconteceu ali. O recepcionista de um estacionamento naquela esquina relata a situação. "Eu via direto o pessoal colocando fogo aí, em outras coletoras também. Às vezes, até para queimar fio, essas coisas… fazer o próprio fogo". Perto de onde o homem mora, na rua João Manoel com Gonçalves Chaves, havia uma coletora anteriormente, mas feita de ferro. Porém, após repetidas queimadas, a lixeira acabou por se desfazer. Atualmente, os resíduos ficam jogados e amontoados, esperando pela coleta. Grandes objetos terminam sendo abandonados no campo de futebol da esquina.

O que diz o Sanep

De acordo com o que foi informado pela assessoria de comunicação do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep), a coleta conteinerizada é realizada diariamente em locais de alto fluxo de resíduos, como o Centro e as Cohabs Guabiroba, Lindóia e Pestano. Na área central, onde situam-se os comércios - grandes geradores de resíduos - o recolhimento é feito duas vezes ao dia. Ao tomar conhecimento da situação, o Sanep providencia a reposição da estrutura de forma imediata junto à empresa Onze Construtora e Urbanizadora, terceirizada a serviço da autarquia que operacionaliza a coleta de resíduos em Pelotas. A reposição é feita pela empresa e o Sanep ressarce o valor, ou seja, o ato também causa desperdício de verba pública - cerca de R$ 2 mil por contêiner. Em 2023, foram mais de 60 contêineres queimados na cidade.

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