Angústia

A aflição da espera por um atendimento médico

Convivendo com dores há meses, pelotense aguarda por encaminhamento para cirurgia; caso está na Justiça

Foto: Carlos Queiroz - DP - Mariana não consegue acesso a tratamento que acabe com a dor

É assim que se define a situação da pelotense Mariana Borba, 28, que, por conta de um caso grave de endometriose, convive há meses com dores incapacitantes e com a busca – sem sucesso – por atendimento médico. Desde janeiro, quando o quadro de saúde da jovem começou a se debilitar, a família tenta garantir o encaminhamento cirúrgico adequado. Depois de fazer vaquinha para custear exames e ter uma consulta cancelada após meses de espera, o caso foi parar na Justiça.

Diagnosticada com endometriose desde a adolescência, ela conta que a gravidez do terceiro filho, atualmente com um ano e três meses, foi marcada por muita dor. Após o nascimento, a situação piorou. Com dezenas de testes, laudos e exames em mãos que indicam focos da doença em diferentes locais, além de miomas intramurais (tumores benignos nas paredes do útero) e um quadro de adenomiose, Mariana relata dores e enjôos constantes. “Sinto cólicas fortíssimas. Fico sempre na cama e faz meses que não consigo comer direito. Minha vida parou”, lamenta. O marido de Mariana, que trabalhava como motorista, acabou perdendo o emprego para ajudar a jovem nas atividades diárias e no cuidado com os filhos.

Segundo Mariana, desde janeiro ela foi atendida por diversas vezes em UBSs, na UPA Areal e também no Pronto-Socorro (PS) por conta dos efeitos dos problemas de saúde. A jovem chegou a consultar com um cirurgião ginecológico via SUS, que fez encaminhamento para outra profissional. A nova consulta foi marcada para o dia 28 de abril e, dias antes, foi desmarcada. Desde então, não há perspectiva de quando o atendimento deve ocorrer. “A cirurgia é para retirar os tumores, a endometriose e os meus ovários. Meu sofrimento maior é a demora, é o porquê que estão jogando [a situação] um para outro, negando a cirurgia. A gente quer uma solução”, desabafa.

Processo judicial
O advogado responsável pelo processo de Mariana, Vitor Hugo dos Santos, que está atuando de forma voluntária no caso, explica que o objetivo da ação é agilizar o atendimento e a realização do procedimento cirúrgico mais adequado. “Pelo SUS, os exames iam demorar muito, então ela correu na frente, fez vaquinha e pagou. Ela tem exames, mas não tem consulta com especialista, e o que precisa para realizar cirurgia é que um especialista avalie e faça o encaminhamento”, ressalta.

Para Santos, o grande problema no caso de Mariana é a burocracia. “O nosso entrave é a burocracia da Secretaria Municipal de Saúde. Minha expectativa é que o juiz dê a sentença e oficie a SMS para chamarem ela. Isso nem precisaria ter ido para a Justiça se tudo tivesse sido feito corretamente. O caso da Mariana é maior que ela, porque mostra todo um sistema de saúde deficitário.”

O que dizem as instituições
Através da assessoria de comunicação, a diretora de Atenção Especializada Hospitalar da SMS, Caroline Hoffmann, confirmou que a consulta da paciente foi marcada pela Central de Regulação do Município com a Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, de acordo com agenda disponível, e que o hospital precisou desmarcar o atendimento. A nota afirmou, ainda, que a paciente será chamada para consulta assim que possível, de acordo com a próxima data disponível da médica responsável pelo atendimento.

A Santa Casa, por sua vez, é responsável pela coordenação da agenda de consultas dos médicos. Questionada sobre a previsão de atendimento pela reportagem, não respondeu até o fechamento da edição.

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