Espetáculo
A ascensão cultural através da dança
Os 90 alunos do grupo de dança Mariana Espilman irão protagonizar o espetáculo "Circo da Noite" em dezembro
Paulo Rossi -
A primeira turma do grupo de dança Mariana Espilman foi formada em 2014, com apenas dez alunas da Cohab Tablada. Hoje são 90 bailarinos, com idades entre quatro a 23 anos, que se reúnem toda semana para aprender um pouco mais sobre as técnicas do ballet clássico e ao jazz. Após quatro anos participando de competições e colecionando títulos e troféus, eles enxergam o resultado de tanto esforço e estão prestes a realizar um grande sonho. No dia 14 de dezembro, o espetáculo Circo da Noite será realizado e protagonizado por eles no Theatro Guarany.
Mariana Silva tem 24 anos e, em 2015, se formou no curso de Licenciatura em Educação Física na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O tempo livre entre as aulas na Escola Superior de Educação Física (Esef) despertou nela o desejo de realizar atividades extraclasse. Após passar por alguns estágios, começou a dar aulas de dança para alunas da educação infantil. Porém, quando as meninas completaram a pré-escola, elas queriam continuar dançando. Foi assim que, há quatro anos, o Grupo Mariana Espilman foi criado.
Os primeiros ensaios aconteciam no auditório do Colégio Municipal Pelotense. Com o número de participantes crescendo gradativamente, a Associação de Moradores da Cohab Tablada abriu as portas para a equipe e ali eles se instalaram. Porém, os gastos são grandes: inscrições em concursos, viagens e figurinos. O grupo se mantém com patrocínios e com a ajuda da comunidade, sua principal aliada nesta caminhada. "Funciona porque é na comunidade", afirma. Mariana não mora no bairro, mas o acolhimento dado pelas pessoas que lá vivem é tanto que o sentimento é de pertencimento. "Parece que eu moro aqui", completou.
Em julho de 2018, a professora completou seu mestrado na área de Educação Física. Foi neste mesmo ano que, após sucessivas vitórias em disputas de dança, viu seu grupo muito próximo de realizar um desejo antigo. O espetáculo Circo da Noite contará com a participação dos 90 bailarinos, que subirão ao palco do Guarany no dia 14 de dezembro. Publicações enchem a página do Facebook (www.facebook.com/marianaespilman/) e cartazes são espalhados pela cidade para mostrar mais uma importante conquista. "É uma concretização de um sonho", comemora.
Mas a importância do evento vai muito além da divulgação do trabalho feito para a cidade. Se trata da afirmação da identidade do grupo e uma total mudança na trajetória. Mariana explica que muitas das crianças não têm condições - e nem oportunidade - de ir ao teatro, então a dança se torna uma forma de ascender culturalmente.
União
O grupo ensaia às segundas e quartas-feiras, das 20h às 21h, mas se reuniu na tarde desta terça especialmente para nos esperar. Alguns moram em outros bairros da Zona Norte, mas os laços criados são tão fortes que eles não pretendem ir embora tão cedo. Guilherme Gonçalves tem 16 anos e entrou na equipe nesse ano, mas sempre gostou de dançar e passa grande parte do seu tempo livre buscando o aperfeiçoamento. Para ele, é emocionante fazer parte de algo pertencente à comunidade onde vive e ver seu crescimento. "Todo bailarino quer dançar num teatro", afirma.
As mães adoram acompanhar seus filhos. Rosângela Tessmer é mãe da Luana, 11, e da Laís, oito, e ajuda de qualquer forma sempre que pode. Desde pequenas, suas filhas sonhavam em ser bailarinas, mas não tinham condições de ir até o centro da cidade em busca de alguma companhia de dança. Hoje, enxergam em Mariana um exemplo. "Ela é mais que uma professora", diz A troca de experiências é recíproca e o grupo cresce junto. Viviane Ferraz, mãe de Manuela, e Roseane Machado, avó de Isadora, também estavam presentes. Elas contaram que as meninas gostam tanto do que fazem que pretendem seguir na profissão.
Com dez anos, Olívia Silva não vive sem dança. Desde 2016 ela participa do grupo, e recebeu com alegria a notícia de que iria se apresentam no Theatro Guarany. Mesmo tão nova, ela também consegue se enxergar dançando no futuro: "dança é tudo para mim".
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