Alerta

A cada dez bebês, seis não são vacinados em Pelotas

Segundo dados do Ministério da Saúde, doses protegem em média 42% das crianças até um ano de idade

Gabriel Huth -

Rubéola, caxumba, varicela, coqueluche. Para algumas gerações, são nomes que provocavam medo e deixavam pais e mães em alerta, atentos ao calendário de imunização. Porém, a busca por proteção tem caído ano após ano. A ponto de Pelotas ter alcançado um índice preocupante em crianças no primeiro ano de vida: a cobertura média das vacinas destinadas aos bebês foi de 42% no ano passado na rede pública da cidade.

O número é bastante inferior ao que recomenda o Ministério da Saúde, que aponta a necessidade de pelo menos 95% das crianças até um ano de idade possuir a carteira vacinal em dia. O resultado da baixa aplicação é que algumas das doenças que poderiam ser evitadas seguindo à risca o calendário de imunização têm aparecido com mais frequência. Um exemplo disso é a coqueluche. Este ano Pelotas já registrou dois casos. Parece pouco? Não é. Isso representa o mesmo número apontado na cidade em dez anos. Desde 2013 nenhuma criança tinha o diagnóstico.

Para a gerente da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Maria Regina Gomes, há uma série de fatores que têm levado a índices reduzidos de cobertura. Desde faltas momentâneas de vacinas em estoque - o que leva pais e mães a não retornarem aos postos de saúde ou Centro de Especialidades - até campanhas antivacinação que se espalham por redes sociais e ganham adeptos. “Isso é preocupante porque não só quem fica sem a vacina está suscetível a adoecer. Quando isso acontece ela pode fazer com que haja contaminação no seu ambiente. Quando pensamos que uma doença estabilizou e não há mais casos, ela acaba reaparecendo”, explica.

Um bom exemplo destes ressurgimentos inesperados são os casos de varicela registrados há pouco mais de três anos. Começaram com diagnósticos localizados nos fundos do Areal, mas logo se espalharam também por localidades vizinhas. O que poderia ter sido evitado se toda a população tomasse a vacina tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) entre os 15 e 23 meses de idade. “Em 2015 ainda tivemos um surto de caxumba em jovens na faixa dos 18 aos 26 anos justamente por falta da tríplice viral. Muitos tinham somente a primeira dose e não reforçaram, o que deve ser feito até os 29 anos”, alerta Ana Alice Maciel, coordenadora municipal de imunização da SMS.

Baixíssima procura
Mesmo contando com equipes e salas de vacina em todas as 58 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e no Centro de Especialidades, dentre as sete imunizações que constam no calendário para bebês até um ano de idade, em apenas em uma delas Pelotas atingiu cobertura superior à metade do público alvo em 2016. De acordo com os dados do Programa Nacional de Imunização (PNI), a pneumocócica protegeu 54,9% das crianças. Ela é aplicada a partir dos dois meses de vida do bebê para evitar meningites, pneumonias e otites.

Contudo, ainda mais alarmante é a situação da prevenção à paralisia infantil. Mesmo que a doença seja considerada erradicada no Brasil desde 1990, a procura de pais e mães pelotenses pela vacina para seus filhos foi de apenas 3,9% no ano passado.

Números ínfimos perto da já inquietante tendência nacional, que fez cair de 98% para 84% a cobertura entre 2015 e 2016, chegando ao pior patamar em 12 anos. “As ameaças muitas vezes vêm de fora do ambiente, já que as doenças podem ser trazidas por quem viaja. Por isso nunca é bom descuidar”, lembra Maria Regina.

O bom exemplo
Aos três anos, Sofia Sanches é conhecida de todos os funcionários da UBS Simões Lopes. E por um bom motivo. Desde que nasceu ela é presença certa na hora da vacina. Juliana Sanches, 21, orgulha-se de mostrar a carteira da filha completa. “Desde o parto sempre recebo a orientação de quando e quais doses precisam ser tomadas pela Sofia. Ela já acostumou e sabe que pode até doer um pouquinho na hora, mas é para o bem dela”, diz a mãe. “Tenho certeza de que essa saúde e disposição toda tem muito a ver com isso”, completa, enquanto a pequena bate-papo com as enfermeiras.

Somente na UBS Simões Lopes, uma das mais procuradas da cidade para imunização, são atendidas em média 600 crianças. “Temos uma equipe pequena de agentes, mas que ainda assim faz a busca ativa para tentar manter em dia as doses”, afirma a enfermeira Lilian Rubira. Por mês, a SMS estima que sejam feitas oito mil vacinas somente na faixa etária entre 0 e 24 meses de idade.

O calendário completo de vacinação está disponível em www.saude.gov.br/vacinareproteger.

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