Dívidas

A cada dez pelotenses, três estão inadimplentes

Município tem mais cidadãos com dívidas em atraso que a média do RS e ocupa a posição 165 na proporção de pessoas ocupadas no Estado

Foto: Marcello Casal Jr - ABR - Pelotas está 2,3 pontos acima da média do Estado

Nos últimos 12 meses, Pelotas tem apresentado um índice de endividamento maior do que a média do Estado. Sendo, em junho, o período em que o Município alcançou a maior taxa, com 32,5% da população em inadimplência, conforme dados da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL). A média salarial baixa, assim como a queda do PIB agropecuário, em contraponto com juros e inflação altos, são os fatores que corroboram para a conjuntura de pessoas com mais passivos em Pelotas, de acordo com economistas.

A dificuldade em manter as contas em dia não é exclusividade dos gaúchos. Levantamento do Serasa indica que 44,09% da população brasileira está inadimplente. No entanto, os dados no Estado chamam a atenção, já que a pesquisa mensal da Fecomércio descreve que, em junho, 93,9% das pessoas possuíam algum grau de endividamento. E, dentre essas, mais de 37% disseram se considerar muito endividadas. As taxas estão dentro dos 30,9% de inadimplência do Rio Grande do Sul no mesmo período.

Se no panorama estadual o cenário não é favorável, em Pelotas é ainda pior, já que o município está 2,3 pontos percentuais acima da média do Estado na taxa de endividados.

Para o economista e professor da UFPel Marcelo Passos, tanto no Estado quanto no Município o endividamento está relacionado a uma série de fatores. No caso de Pelotas, o profissional aponta a média de salário mínimo mais baixo e um avanço no desemprego no ano passado. "A média [de renda na cidade] é de 2,8 salários mínimos. Em comparação com outros municípios, Pelotas está no 41º lugar na posição de salários." Além disso, em proporção de pessoas ocupadas, está na posição 165 entre os municípios do Estado.

A combinação de desemprego com inflação e juros altos, bem como o cenário estadual em que o Produto Interno Bruto (PIB) registrou queda de 0,7% no primeiro trimestre de 2023 na comparação com o quarto trimestre de 2022, gera os altos índices de inadimplência. "O PIB agropecuário despencou de uma maneira absurda. Mais de 40% e isso abala toda a economia do Estado", destaca.


Dependência de comércio e serviços
Para o presidente do Sindilojas, Renzo Antonioli, a maior deficiência econômica de Pelotas é a falta de industrialização. A média salarial e estabilidade de empregos maiores em comparação com outros setores são vantagens que interferem na economia e consequentemente no maior índice de vencimentos de dívidas em dia. "O fato de 70% das riquezas de Pelotas saírem do comércio e de serviços, que é uma atividade mais volátil, incrementa a inadimplência", avalia. O gestor destaca ainda que neste semestre o Município tem passado por uma grande quantidade de comércios fechando as portas.


Desenrola
Uma alternativa para parte da população endividada renegociar sua situação de crédito poderá ser o programa Desenrola, do governo federal. Lançada na última semana, a iniciativa extingue dívidas de até R$ 100 com instituições bancárias que possuírem acordo com o governo, caindo assim as restrições no nome físico, o que permite que a pessoa possa, por exemplo, voltar a pegar crédito. Além disso, a faixa 2 do programa permite a renegociação de dívidas bancárias de inadimplentes com renda de até R$ 20 mil e dívidas em banco sem limite de valor.

Para Passos, a iniciativa de atendimento do programa irá contribuir com a saúde financeira tanto da classe média quanto da classe alta, por meio das diferentes modalidades. "Aqui no Município há muitas pessoas que têm dívidas como as de até R$ 100 e serão muito beneficiadas pelo Desenrola, vão ter seus nomes limpos. E nas outras faixas outras pessoas serão atendidas."

Conforme a Fecomércio, 52,7% dos gaúchos pretendem quitar os débitos e 42,2% têm intenção de ao menos pagar parcialmente as dívidas.

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