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A difícil vida dos vizinhos da usina de asfalto

Equipamento funciona sem filtro desde o dia 13; moradores reclamam da fumaça e da fuligem

Carlos Queiroz -

Fumaça, fuligem e barulho almoçam e tomam chimarrão de manhã cedo com os moradores da rua Gomes Carneiro, na região portuária de Pelotas. É que desde o último dia 13 não estão funcionando os filtros que banem as substâncias tóxicas da usina de asfalto. O transtorno foi denunciado pelos moradores à vereadora Fernanda Miranda (PSOL), que entrará com ação no Ministério Público (MP) para investigação de descumprimento da licença ambiental.

O problema não é recente. Ocorre desde que a antiga usina de asfalto foi instalada no local, há mais de três décadas. Quando em março de 2015 o novo equipamento passou a operar, porém, pouca coisa mudou, garantem Marlene Malheiros, que tem casa na Gomes Carneiro há 22 anos. “Sempre foi assim”, comenta, destacando que uma passeata foi feita com crianças das redondezas recentemente, mas sem resultados práticos. “Nos disseram apenas que não era prejudicial para a saúde, afirma”

Transtornado com a situação, o também morador da rua, Fabrizio Victória, reclama principalmente dos horários em que a usina funciona - costumeiramente às 7h e às 13h, com duração de uma hora e meia. No primeiro, o incômodo é com a poluição sonora que as máquinas produzem. No segundo, com a fumaça, a poeira e a fuligem. “Tem noção do que é almoçar com esse cheiro de asfalto, com a fumaça entrando pela boca? É isso que está acontecendo conosco”, queixa-se. “A única solução é tirá-la daqui”, completa.
Em trabalho publicado pela Universidade Franciscana, localizada em Santa Maria, os engenheiros ambientais Ana Carla Carvalho Rauber, Márcio Luiz Cassanego e Rodrigo Ferreira da Silva abordam os danos ambientais possíveis causados por usinas de asfalto. Nele, o diagnóstico é de que, caso não haja estratégias de inibição, os gases emitidos podem causar danos na propriedade do solo, na água e no ar.

prefeitura diz que
encomendou os filtros
Na usina de asfalto Ecomix800, que funciona em Pelotas, o método utilizado é a instalação de filtros-manga para banir as substâncias tóxicas. Mas, de acordo com o secretário de Obras e Pavimentação, Luiz Eduardo Tejada, desde o último dia 13 a máquina opera sem tal equipamento, por conta de saturação. “Isso ocorre de tempos em tempos, tem de haver essa troca, mas ao mesmo tempo não podemos parar com o serviço por conta da demanda da cidade”, argumenta.
Tejada diz ainda que, logo que a situação foi identificada, a Secretaria entrou em contato com a fabricante da usina de asfalto para solicitar novos filtros - não havia em estoque na cidade. O prazo para reposição se encerrou nesta sexta-feira, mas, “em virtude do feriado do dia 15”, deve ocorrer na semana que vem.
O secretário, por último, não confirma a fala dos moradores de que o agravamento da situação seja constante. “É um sistema moderno, não causa muito barulho e o filtro inibe problemas com meio ambiente. Mas sabemos que não deve ser agradável”, reconhece. Segundo ele, está descartada a alternativa de transferir a usina de local.

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