Preocupação

A espera angustiante pelo início do tratamento

Espera por cirurgia e transferência são algumas das dificuldades de pacientes com câncer em Pelotas

Foto: Jô Folha - DP - Rudinei e a esposa seguem aguardando solução

Ainda na edição da última terça-feira, o Diário Popular contou a história de uma mulher com câncer de mama que espera há seis meses pelo início da quimioterapia. O assunto volta novamente às páginas do DP porque, em Pelotas, são diversos os casos de pacientes que já têm o diagnóstico mas vivem uma espera angustiante pelo tratamento.

É o caso de Rudinei Porciúncula, 66, que começou a investigar uma suspeita de câncer ainda em setembro de 2023. O atendimento começou em um postinho de saúde, mas a demora na rede pública para conseguir exames e biópsias mobilizou família e amigos para realizar o necessário via particular. O resultado, em dezembro, foi o diagnóstico de um câncer colorretal. "Tava demorando muito e fiz particular com a ajuda dos amigos. Fiquei 'cestroso' porque o médico já tinha me dito o que poderia ser. É uma doença que não é regressiva, então tinha que correr para atacar ela", diz ele.

Para Porciúncula realizar a cirurgia necessária, não há outra saída senão o Sistema Único de Saúde (SUS). Há cerca de um mês, ele afirma que já possui a liberação para o procedimento na Santa Casa de Pelotas mas, até agora, nenhuma previsão de realizá-lo. "É preocupante, quero fazer de uma vez. Já foi autorizado, mas estou aguardando me chamarem. Se me dissessem pelo menos quantos [pacientes] estão na minha frente, pelo menos eu saberia que meu dia vai chegar. Não quero prejudicar ninguém, mas quero me preparar. Essa doença não vai regredir sozinha", observa.

No aguardo por um leito

A sensação da falta de perspectivas também é vivida ela família de Maria*. O pai da filha de Maria vinha investigando sintomas desde o fim de 2023 e, no início deste mês, foi diagnosticado com leucemia tipo B. Entre idas e vindas aos serviços de atendimento médico, foi internado no Hospital São Francisco de Paula. "Ele perdeu mais de 40 quilos nos últimos meses. Agora, está internado desde o dia 27 de fevereiro, mas antes disso tentamos várias vezes levar ele lá", diz ela.

Agora, segundo ela, a família aguarda uma transferência para Porto Alegre. "Nos disseram que não tem tratamento aqui. Estamos sem saber o que fazer", explica. O principal receio é que a situação de saúde piore enquanto o momento de começar o tratamento não chega. "Ele teve febre nos últimos dias, a gente vê o caso se agravando. Está definhando aqui, sem tratamento nenhum, com a imunidade muito baixa. Estamos à mercê de uma resposta que ninguém sabe nos dar", lamenta.

Silêncio

A reportagem tentou buscar mais informações sobre ambos os casos, e também sobre filas de espera e protocolos a serem tomados nestas situações, junto aos hospitais Santa Casa e São Francisco de Paula. Enquanto o HUSFP afirmou não poder divulgar informações sobre pacientes, a Santa Casa não retornou às perguntas até o fechamento da edição.

*Maria é um nome fictício adotado para proteger a identidade da entrevistada, que preferiu não ter seu nome e de seus familiares identificado.

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