Fidelidade

À espera da alta do dono

Há quatro dias uma cachorra aguarda em frente ao hospital pela saída de seu proprietário

Cena de filme. O Hospital Espírita de Pelotas (HEP) é o palco da história que narra a amizade entre ser humano e animal. Os olhos atentos de uma cadela, apelidada de Amarelinha, buscam pelo seu dono - internado na madrugada da última quarta-feira (9). O lar temporário da cachorrinha vira-lata passou a ser em frente à portaria e os funcionários da casa de saúde são sua companhia enquanto espera.

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O caso assemelha-se ao filme norte-americano Sempre ao seu lado, estrelado por Richard Gere. O drama é baseado em uma história verídica de um cão japonês chamado Hachiko. Por anos o animal permaneceu à espera de seu proprietário, que havia falecido, em uma estação de trem. Aqui em Pelotas o paciente L.F.P.S., 19, hospitalizado por causa da dependência química, ainda não tem autorização médica para ver o animal.

A coordenadora de recepção do HEP, Tatiane Cardoso, conta que o jovem foi caminhando até o local em busca de internação. Logo que entrou na instituição a cachorrinha já começou a chorar na porta. “Parecia que a Amarelinha sabia que ele não ia sair. Enquanto ele estava na recepção, ela entrou e ficou embaixo da cadeira onde o paciente estava sentado”, conta Tatiane. Os seguranças tiraram o animal do hospital, porém ela não foi embora. Desde a última quarta-feira, permanece deitada sempre de frente para a porta por onde o dono entrou, faça sol ou chuva.

O apelido Amarelinha foi dado pela porteira Simone Bueno, 45, por causa da cor dos pelos. Por coincidência ela acertou. Segundo familiares do jovem esse é o nome da cadela. Contatados pelo hospital a família - que prefere não se identificar - contou que já tentaram buscá-la, mas ela caminha algumas quadras e retorna ao HEP. Eles temem pela morte do animal se a prenderem em casa.

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Enquanto os dias passam surge um impasse. Os funcionários acreditam que a cachorra terá um papel importante no tratamento do jovem, motivando-o. Porém, na instituição não é permitido animais e apesar de estar recebendo cuidados dos profissionais solidários à situação, Amarelinha, tomada pela tristeza, não quer se alimentar.

Mais comum do que se imagina
Não é a primeira vez que este tipo de situação acontece no hospital. Há cerca de um ano, outro cachorro esperou o dono durante três meses. A veterinária Leila Bonini, em seus 40 anos de profissão conta que já viu muitos casos como esse. Diferente do que geralmente se pensa, são os animais que escolhem seus donos e não ao contrário. E essa escolha parte de uma afinidade. Os cachorros possuem este vínculo com tamanha intensidade que eles podem desenvolver uma depressão ao se afastar do dono e sim, vir a morrer de tristeza, alerta a profissional.

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