Reclamação
A esquina do barulho
Poluição sonora volta a ser problema aos moradores das proximidades da avenida Bento Gonçalves com a rua Barão de Santa Tecla
Jô Folha -
Novo ano, velhos problemas. Os moradores das proximidades da esquina da avenida Bento Gonçalves com a rua Barão de Santa Tecla continuam sofrendo com o barulho provocado por motos com os canos de descarga abertos e carros com rádios ligados com volume alto nas madrugadas, principalmente nos finais de semana.
O último domingo teve mais um capítulo deste problema difícil de solucionar. A algazarra foi ainda maior que as costumeiras, segundo relatam moradores da região. O professor aposentado Jones Mário de Carvalho Reis vive há mais de 60 anos na proximidade do foco dos barulhos. Segundo ele, carros abrem o porta-malas em qualquer ponto da avenida Bento Gonçalves e ligam o rádio em volumes altíssimos. “É uma potência enorme. Cada um tentando ser mais alto que o outro. Quando passa a polícia, eles acalmam”, diz.
Outra pessoa afetada foi Ana Lúcia Lectzow dos Santos. Moradora de Porto Alegre, chegou a Pelotas na semana passada para cuidar da mãe, hospitalizada. Ao passar o primeiro final de semana, surpreendeu-se. O barulho, sempre relatado pela mãe, superou o imaginado. O relato torna-se ainda pior quando Ana Lúcia conta a história de sua mãe, Diva Funari. Aos 78 anos, foi internada por problemas cardíacos. Segundo a filha, os anos de estresse e a falta de sono causados pelos barulhos durante as madrugadas foram decisivos nas questões da saúde da idosa. Há anos Diva lutava para diminuir a poluição sonora próxima à sua casa, na busca de mais tranquilidade - mas nunca alcançou este objetivo.
Ana Lúcia relata que sua mãe chegou a ligar dez vezes para a polícia numa mesma noite. Uma ação foi encaminhada ao Ministério Público e um abaixo-assinado feito entre os vizinhos. Ainda assim, nenhum resultado, e o desespero da falta de sono por vezes fez a idosa telefonar chorando para falar com a filha, funcionária do Judiciário.
O genro de Diva, Jorge Santos, também sentiu-se incomodado e surpreso com a quantidade de pessoas fazendo festa na rua durante a madrugada. “É um desrespeito. A gente paga os tributos e não tem condições nem de dormir”, lamenta o porto-alegrense. Embora a situação de saúde da idosa seja delicada, a família já planeja sua volta para casa. Isolar acusticamente o imóvel é uma opção discutida entre os filhos, embora os custos de tal medida sejam enormes.
Ações nos próximos dias
Segundo o capitão André Avelino, da Patrulha Ambiental (Patram) da Brigada Militar, nesta época do ano os esforços são direcionados principalmente à Operação Golfinho e ao combate à pesca predatória. Ainda assim, o Gabinete de Gestão Integrada tem trabalhado para diminuir casos de poluição sonora. Já o secretário de Qualidade Ambiental, Felipe Perez, garante que novas ações surpresa estão sendo planejadas para os próximos dias. A Bento é prioridade, segundo ele, e a partir da próxima semana a fiscalização será intensificada.
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