A chuva intensa que começou a cair na cidade por volta das 14h de sábado impediu a realização do tradicional encontro de Nossa Senhora de Navegantes e Iemanjá na Lagoa dos Patos. A Arquidiocese de Pelotas acatou a recomendação da Marinha, que apontava baixíssima visibilidade no local na hora programada para o evento, e optou por uma carreata, que saiu da Colônia de Pescadores Z-3, às 16h. Cerca de 300 pessoas acompanharam a imagem da santa católica, que foi levada para a Igreja do Porto para a celebração da Eucaristia de encerramento das festividades, que começaram no dia 27 de janeiro. Ainda no sábado, quase duas mil pessoas assistiram à chegada de Iemanjá na gruta dedicada a ela, no Balneário dos Prazeres.

“Por razões de segurança, a procissão pela Lagoa dos Patos este ano, infelizmente, teve de ser cancelada”, disse o padre Wilson Fernandes, pouco antes das 15h. O pároco comentou que os pescadores, conhecedores da Lagoa, também recomendaram que os fiéis não saíssem em procissão pelas águas, atividade que dura em média três horas. “Porque além da forte chuva tem a chamada redobra”, explicou o padre.

Desde cedo, centenas de devotos da santa foram até o salão paroquial do Santuário de Nossa Senhora dos Navegantes, na Colônia Z-3, para acompanhar os últimos ritos da 88ª edição da festa. A missa, às 10h, foi oficializada pelo arcebispo da Arquidiocese de Pelotas, dom Jacinto Bergmann, com a participação de padres, diáconos e coroinhas.

Mas as homenagens à Nossa Senhora tiveram início mesmo bem antes, às 7h, com a Oração da Manhã, na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no Porto. De lá, partiu carreata com a imagem até a Colônia Z-3.

No mesmo dia, mas mais tarde e com a Lagoa em melhores condições, cerca milhares de pessoas aguardavam a chegada de Iemanjá à gruta do Balneário dos Prazeres. Por volta das 22h15min, a imagem vinda da Lagoa dos Patos aportou e foi carregada até as tendas montadas na orla em frente ao local. A noite foi de cânticos, rezas e muita fé, desde cedo e até tarde. Antes mesmo da chegada de Iemanjá, fiéis já estavam no local fazendo suas oferendas.

Apesar do mau tempo
Não faltaram manifestações de fé, pedidos e agradecimentos durante todo o dia. Vindo do Capão do Leão, Célio Donini Wickbolt, 53 anos, estava com a mãe e a esposa à espera da saída de Nossa Senhora dos Navegantes do Salão Paroquial. “A gente veio especialmente almoçar aqui”. Devotos, os Wickbolt contam que já tiveram pedidos especiais concedidos pela santa. A família saiu em carreata junto com a imagem. A intenção era assistir à missa de encerramento na Igreja do Porto, mas o alagamento da estrada, próximo ao Balneário dos Prazeres, encerrou precocemente a participação deles nos festejos.

Moradora da Colônia Z-3, a dona de casa Eliane Fagundes, 51, é devota de Navegantes e também foi ao local para agradecer e pedir. Ao lado da filha, do genro e da neta, Eliane contou que tem muita fé e que já teve pedidos atendidos.

Problemas no retorno
O maior problema para quem foi à Colônia Z-3 foi a surpresa desagradável no retorno ao centro da cidade. Os valos transbordaram e a água cobriu a pista na curva entre o Balneário dos Prazeres e o Totó. Antes das 17h uma fila de aproximadamente 60 veículos já estava formada na estrada. Duas horas depois, uma retroescavadeira da Secretaria de Serviços Urbanos e Infraestrutura (Ssui) foi deslocada para trabalho emergencial no trecho. Alguns motoristas só conseguiram atravessar por volta das 22h30min, e com a ajuda do caminhão guincho.

Era a profundidade da água que assustava os condutores. Em um trecho, chegava a ter cerca de 60 centímetros, o suficiente para colocar água para dentro de alguns carros que se aventuraram e ficaram por ali mesmo. O serviço de guincho e um trator da subprefeitura foram os mais acionados naqueles momentos. Somente veículos altos e tracionados conseguiam passar pelo local.