Controle
A força da natureza
Raízes de árvores avançam nas calçadas pelas ruas da cidade e podem causar acidentes; o plantio desordenado é um dos problemas apontados pela Secretaria de Controle Ambiental
Carlos Queiroz -
É preciso tomar cuidado ao andar por algumas calçadas de Pelotas. Ao longo da avenida Rio Grande do Sul, no Laranjal, e em alguns pontos da Dom Joaquim é possível acompanhar o calçamento das vias sendo alterado, pouco a pouco, pelas raízes de árvores, um problema que se espalha por quase todos os bairros, onde espécies não ideais, muitas plantadas por moradores, acabaram criando obstáculos aos pedestres, embora a necessidade de tornar a cidade cada vez mais arborizada.
Na rua Lobo da Costa, entre Santa Cruz e Gonçalves Chaves, a mesma situação é observada. As calçadas levantadas demonstram a força da natureza e, ao mesmo tempo, incomodam moradores e pedestres. Porém, uma das principais causas é o plantio sem orientação e autorização.
Uma árvore sempre é plantada com as melhores intenções, lembra o secretário de Qualidade Ambiental (SQA), Felipe Perez. Por isso, não dá para atribuir a culpa a alguém. A maioria dos moradores, porém, não imagina os problemas que podem vir a acontecer 15 ou 20 anos depois. Além de calçadas, tubulações e fiações podem ser atingidas. É impossível controlar o crescimento da estrutura. Mesmo bem-intencionado, o cidadão precisa entender o que está fazendo, pois cada espécie exige espaço e iluminação diferenciada.
De acordo com João Vergada, diretor de Ações Ambientais, a pessoa que deseja ter uma árvore em sua calçada precisa pedir autorização à Secretaria de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana (SGCMU). Depois de autorizado, o pedido vai à SQA, que realiza o plantio. No entanto, ele ressalta: “A calçada é do morador”.
Caso algum acidente ocorre, o dono da casa é quem responde. Quando problemas acontecem - como as vias públicas danificadas -, a pasta que cuida da Qualidade Ambiental é responsável por avaliar e adotar as medidas. Cada caso é um caso. “A gente faz de tudo para não suprimir (a árvore)”, garante Perez.
Em 2004, a Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) publicou o Guia de Arborização Urbana, elaborado pelo próprio órgão. No documento, são fornecidas diretrizes e normas para incentivar a população a implantar a arborização urbana no município. É explicado que, a fim de evitar problemas e conflitos, é necessário conhecer a rede elétrica (de cabos e telefonia), de água e esgoto, bem como espaçamento dos passeios, os pavimentos das ruas, a circulação de pedestres e veículos e os muros e construções em geral. São listadas, ainda, quais espécies podem ser plantadas e qual o local mais adequado para cada uma. O ideal é dar preferência às espécies nativas, já adaptadas ao habitat regional.
Incômeodo
Pela rua 15 de Novembro, é perceptível as ondulações causadas pelas raízes das árvores na calçada do Mercado Central de Pelotas. Cléo Islabão tem ali seu ponto de táxi há nove anos e afirma que a reclamação é constante, principalmente por parte dos passageiros do serviço. Ele conta que o principal incômodo é caminhar por ali, já que rachaduras se formam na via de passeio. Os veículos precisam, dessa forma, estacionar longe dos pontos elevados. Já na Andrade Neves, entre Pinto Martins e Rafael Pinto Bandeira, a moradora Sinara Nogueira relata a cena que presenciou na última semana. Uma mulher precisou ser socorrida depois de cair, por uma ciclista que passava em frente à caixa d’água do Sanep. Segundo Sinara, o motivo teria sido as irregularidades da calçada.
Educação ambiental
É difícil evitar o plantio sem moderação, reconhece o secretário. Por isso, a SQA bate na tecla da importância da educação ambiental. Um trabalho lento, mas que se faz necessário diante de complicações como a das calçadas danificadas por raízes. Eventos são realizados para promover essa ideia, principalmente nos meses de maio, junho, julho e agosto, época de plantio na cidade. Manuais são entregues de casa em casa para auxiliar quem deseja obter mais conhecimento sobre as diferentes espécies. Perez incentiva a população a buscar as informações corretas. Através do telefone (53) 3227-5442, técnicos da pasta da Qualidade Ambiental estão disponíveis para auxiliar. Além disso, é oferecido o serviço de doação de até três mudas de plantas por CPF.
O que plantar
Espécies de pequeno porte (plantar sob rede de energia, em caso de presença de rede em ambos os lados da via)
►Hibisco (Hibiscus spp.)
►Fedegoso (Cássia corymbosa)
►Pitangueira (Eugenia uniflora)
►Quaresmeira (Tibouchina granulosa)
►Alecrim (Rosmarinus officinalis)
►Grevilha-anã (Grevillea banksii)
►Cássia aleluia (Cássia multijuga)
Espécies de médio porte (plantar no lado oposto à rede de energia)
►Ipê-amarelo (Tabebuia chrysotricha)
►Pitosporo (Pittosporum undulatum)
►Murta (Blepharocalyx salicifolius)
►Extremosa (Lagerstroemia indica)
►Pata-de-vaca (Bauhinia forficata)
►Anacauíta (Schinus molle)
►Chal-chal (Allophylus edulis)
►Cocão (Erythoxylum argentinum)
►Uvaia (Eugenia pyriformis)
►Camboim-da-folha-larga (Myrcia multiflora)
►Tarumã-preta (Vitex montevidensis)
►Guabiju (Myrcianthes pungens)
Espécies de grande porte (plantar em canteiros centrais e áreas verdes)
►Paineira (Chorisia speciosa)
►Louro pardo (Cordia trichotoma)
►Corticeira do banhado (Erythrina crista-galli.)
►Caroba (Jacarandá micrantha)
►Jacarandá (Jacarandá mimosaefolia)
►Açoita-cavalo (Luehea divaricata)
►Ipê-roxo (Tabeluia avellanedae)
►Aroeira vermelha (Schinus terebinthifolius)
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